A realidade é crua: equipa que não consiga ganhar um jogo a Israel não tem futebol para se apurar diretamente para a fase final do Mundial. Paulo Bento pediu aos jogadores para que fossem somados seis pontos nos últimos dois jogos da qualificação, como resposta teve um safanão no discurso, autoria do capitão de equipa, Cristiano Ronaldo.
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Que não se pensasse só no 2.º lugar, Portugal devia aspirar à liderança. Ontem, em Alvalade, viu-se a distância que vai do querer ao poder. E a Seleção Nacional está no 2.º lugar, com vista para o playoff ainda não garantido. A liderança só a alcançará num conto de fadas em que o Azerbaijão possa vencer a Rússia, na última jornada do Grupo F.
Os objetivos dos israelitas eram residuais e praticamente não iam além da vontade de fazer um bom jogo frente a um adversário que apresentava como credencial o candidato a melhor jogador do Mundo disposto a dar-lhes uma ensinadela à antiga. Viu-se como foi.
Portugal foi confrontado com um adversário fechado num 4x1x4x1 que libertava pouco espaço. Sem acelerar muito o ritmo, sobrava a paciência de esperar por um desequilíbrio defensivo dos israelitas, que raramente se desligavam. Cristiano Ronaldo foi procurando sucessivamente zonas interiores, de modo a que a Seleção pudesse criar uma situação de rutura. E a única ocasião em que o CR7 conseguiu visar a baliza adversária foi construída na meia direita, mas sem sucesso.
Melhor iniciativa tiveram os israelitas, numa diagonal de Ben Basat a partir da esquerda, que terminou num remate para fora, no que foi a melhor oportunidade não concretizada na primeira parte, apesar das muitas tentativas de Ruben Micael a atirar à baliza.
O golo de Ricardo Costa foi a exceção à regra imposta pelo bloco adversário, de fechar linhas de passe e recuperar a bola com aparente facilidade. Apanhada num contrapé inesperado, a defesa de Israel não estava posicionada e foi surpreendida pelos centrais portugueses – Pepe a rematar e Ricardo Costa a desviar com sucesso.
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Portugal procurou marcar o segundo golo, mas o ponta-de-lança Hugo Almeida não chegou a um cruzamento de Ronaldo (51’) e depois foi apanhado em fora-de-jogo (54’).
A capacidade de iniciativa esgotou-se aqui e a intensidade do jogo da Seleção Nacional baixou consideravelmente, período em que Eli Gutman começou a fazer substituições, tendo adiantado Ben Basat para o lugar de Barda. Israel não se descompôs e Paulo Bento optou por uma alteração conservadora, ao fazer entrar Josué para o lugar de Ruben Micael – o triângulo do meio-campo inverteu-se, tendo Moutinho ficado sozinho no vértice superior, com o médio portista e Miguel Veloso mais atrás. Foi um sinal.
A Seleção Nacional tinha o jogo controlado segundo os padrões admitidos por Bento e conseguiu mesmo depois disso construir duas boas oportunidades para marcar, a primeira por Nélson Oliveira, que optou por um “chapéu”, deixando Ronaldo aborrecido à espera de um passe; e a segunda com Antunes a disparar forte.
Depois veio o epílogo escrito por um fadista: o atraso feito para Rui Patrício, este a ajeitar a bola para o seu pior pé, o direito, a bola a sair na direção de Ben Basat, este a avançar e a marcar, empatando o jogo. E a tomar o lugar dos aplausos veio uma assobiadela, que voltou a despedir a Seleção de Alvalade, frustrada por um resultado que deixou os adeptos justamente enfurecidos.
Momento: minuto 85
Não saber jogar com os pés é uma lacuna fatal em guarda-redes com aspirações à primeira linha do futebol mundial. Incapaz de levantar a bola para o meio-campo adversário, Rui Patrício passou a bola a Ben Basat e consentiu o empate.
Árbitro: Tom Harald Hagen (nota 3)
O jogo não foi difícil de dirigir, mas ficou-lhe por mostrar um cartão amarelo a Ben Haim por falta grave sobre Éder, e antes condescendeu na avaliação ao comportamento de Pepe, fazendo depois o mesmo em relação a Cristiano Ronaldo. Esteve bem no juízo em que foi assinalado fora-de-jogo a Hugo Almeida, cortando a possibilidade de Portugal fazer um segundo golo. Esteve melhor tecnicamente do que na aplicação da disciplina.
Nota técnica
Paulo Bento pediu o controlo do jogo e teve-o. Mas não bastou. Faltou a intensidade e um guarda-redes capaz de mandar a bola para as nuvens. (3)
Eli Gutman tinha um plano, sabendo que o Mundial já passara à história: jogar bom futebol. Israel nunca se encolheu e acabou premiado com um empate. (3)