Depois do abraço dado a Roberto Martínez durante a flash-interview do selecionador nacional no final do Portugal-Arménia (9-1), que garantiu o apuramento da Seleção Nacional para o Mundial'2026, o presidente da FPF, Pedro Proença, elogiou a "extraordinária geração de jogadores" que a equipa das quinas tem neste momento ao seu dispor, assumiu que Roberto Martínez é o 'seu' selecionador e que Portugal é, "sem receios", um dos "favoritos" a "eventualmente" vencer o Campeonato do Mundo do próximo ano.
Foi um momento difícil?
"É a consequência normal da extraordinária geração de jogadores e atletas que temos. A determinada altura, sabíamos que não seria fácil. Acabou por se concretizar num momento histórico, com um resultado robusto, com um compromisso de todo o público que veio ao Dragão e estamos satisfeitos com o que podemos fazer na nossa ida ao Campeonato do Mundo. Vamos com a convicção e com a esperança de fazer mais e melhor e assumir, sem receios, ser favoritos a eventualmente ganhar esta competição."
Abraço a Roberto Martínez na flash-interview
"Disse-lhe obrigado. As pessoas não têm a noção e o compromisso da estrutura que trabalha para chegarmos e entregarmos uma vitória destas. Há entidades anónimas que, se calhar, sofrem muito mais do que nós pelas derrotas. E o míster Martínez tem sido, ao longo destes tempos em Portugal, uma pessoa comprometida, muito séria, tem vivido a nossa portucalidade como ninguém e foi um abraço de agradecimento do povo português. Mas também pelo que tem vindo sofrer. Estas vitórias têm um rosto, o rosto do míster Martínez."
É o seu selecionador?
"Com certeza, nunca o deixou de o ser. Se assim não fosse, não trabalharia eu na federação. Todos sabem que não fui eu que decidi contratá-lo mas, a partir do momento em que assumi funções, passou a ser o meu treinador. Estarei com ele sempre que considerarmos que seja a melhor solução. A partir do momento em que lhe disse pessoalmente o que pensava e ele mostrou-se solidário com o projeto, é o nosso selecionador. Às vezes não são estas vitórias, que parecem fáceis, foi conseguir refazer em termos de mentalidade. Saímos satisfeitos e vamos preparar o Campeonato do Mundo. Vamos entrar com vontade, sem arrogância, mas com estes jogadores, queremos ser um dos favoritos a ganhar."
Acha que o capitão [Cristiano Ronaldo] devia ter estado aqui junto dos colegas?
"Não podemos duvidar do compromisso do nosso capitão. É uma naturalidade que os jogadores, por estarem castigados ou lesionados, não acompanhem a equipa. Falei hoje com Cristiano Ronaldo, sei bem o compromisso e a vontade com que estava para estar dentro de campo. Não é um caso, há o compromisso de um ícone do futebol português. Vamos é tornar isto em coisas boas, porque temos uma geração capaz de sermos campeões do mundo."
O que espera da decisão da FIFA por suspensão?
"Claramente, a FPF e eu próprio lutaremos para que as consequências sejam o mais reduzidas possíveis. Analisámos juridicamente as circunstâncias da situação e há que perceber as atenuantes que a situação em si encerra. Está em discussão disciplinar e não me quero alongar, mas estamos esperançados de que a penalização seja curta. Todos queremos que o Cristiano esteja no primeiro jogo do Mundial."
Como classifica esta polémica em torno do futebol português?
"Tive várias fases da minha vida e também já o disse. A FPF delega responsabilidades. Isso acontecerá num fórum próprio. Tenho a certeza que a Liga, o futebol e os clubes encontrarão, no seu espaço regulamentar, espaço para discutir. Queremos que haja esta tranquilidade, recebemos todas as pessoas, respeitando a autonomia de cada uma destas entidades, esperando que elas encontrem os caminhos para a tranquilidade das organizações portuguesas do futebol. Existem clubes que fazem um trabalho excecional e temos que potenciar é a positividade do futebol português. Críticas? Se me tivesse sido atingido, reagiria, mas não me senti atingido. A FPF respeita os espaços próprios e espera resposta a isto. Da parte da FPF, abertura total para ser o denominador que dá a tranquilidade a todos que se envolvem no futebol português. É esse o nosso papel. O resultado da nossa tranquilidade está hoje à vista com a seleção nacional."
Por João Albuquerque e Sérgio Magalhães