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A qualificação de Portugal para o Mundial do Brasil foi mais sofrida do que o início do jogo fazia prever. E foi mais épica, também. O golo inaugural de Ronaldo, a abrir o segundo tempo, bem como o controlo exercido durante toda a primeira parte do jogo de Estocolmo fizeram soar em fundo as primeiras batidas do samba de acolhimento. Mas a reação de Ibrahimovic, a corporizar o futebol atlético da Suécia e a potenciar o empolgamento dos adeptos que enchiam a Friends Arena fizeram pensar no triste fado de quem ainda podia morrer na praia. Só que nessa altura... aconteceu Ronaldo: mais dois golos valeram a vitória no jogo (3-2), o igualar do recorde de Pauleta na Seleção (47) e a presença da equipa na fase final do Mundial. Veremos se o soar das trombetas deste hino chega para convencer os jurados da Bola de Ouro de que Ronaldo é mesmo especial. É o Super-Homem.
Consulte o direto do encontro.
Equipa por equipa, jogador por jogador, Portugal é melhor do que a Suécia e por isso ganhou os dois jogos. Mas o futebol tem aspetos incontroláveis. Os suecos são mais atléticos, mais contundentes, e foi com base nessa superioridade, aliada primeiro ao acomodamento português e depois a uma tremedeira própria de quem estava a um golo da eliminação, que chegaram a dar a ideia de poderem discutir a presença no Brasil. Foram curtos, ainda assim, porque se a Suécia tinha a força, a estatura e o futebol direto para atemorizar, Portugal tinha a velocidade de Ronaldo e a inteligência de Moutinho, bem como o rigor e a organização dos outros, para contrapor. E se ao 0-1 a equipa facilitou, ao 2-1 acordou, cerrou os dentes e foi à procura do seu destino.
O 0-0 ao intervalo não fazia prever um jogo com cinco golos. Na primeira parte, os portugueses estiveram sempre bem do ponto de vista defensivo e se durante alguns minutos pareciam tímidos no momento de sair em contra-ataque, a partir da meia hora podiam mesmo ter punido desde logo uma Suécia que nem se aventurou em demasia. Foram portuguesas as melhores ocasiões da primeira parte: Ronaldo podia ter aberto o placar aos 35’ e aos 36’ e viu ainda Hugo Almeida cabecear à rede lateral um cruzamento seu que era meio golo (aos 38’).
Ao intervalo, Hamrén deve ter dado ordem à sua equipa para subir no terreno e a verdade é que, não tivesse Rui Patrício dado o corpo a um remate de Larsson, colocado à sua frente por Ibrahimovic (49’), a história podia ter sido outra. Um minuto depois, porém, Ronaldo fez mesmo o 1-0, depois de deixar Olsson para trás numa diagonal perfeita a responder a um belo passe de Moutinho. A eliminatória parecia resolvida, pois não se via como é que a Suécia, que em 50’ rematara cinco vezes, quase sempre sem perigo, podia fazer três golos.
Só que o futebol muda tudo num minuto. Após um quarto de hora de monotonia, Portugal acomodou-se, começou a pensar no calor brasileiro, e Ibrahimovic empatou, aproveitando falha de Bruno Alves num canto de Källström (68’). E cinco minutos depois, em livre direto mesmo no risco da área, fez o 2-1. As bancadas estremeceram, os suecos voltaram a acreditar e Paulo Bento chamou William para ajudar a segurar.
Só que o protagonista do salvamento tinha de ser Ronaldo. O sofrimento durou apenas quatro minutos, o tempo que o capitão levou a encontrar mais um passe para as costas da defesa sueca (desta vez de Hugo Almeida) e a fazer novo empate. E não ficou por aqui:mais dois minutos e novo golo, outra vez após passe de João Moutinho. O hat trick deu o Mundial e o recorde de Pauleta. E devia valer a Bola de Ouro.
NOTA TÉCNICA
Paulo Bento não precisou de ser brilhante no banco: o que tinha a dizer, deve tê-lo dito antes do jogo. No seu decorrer, limitou-se a gerir as cautelas defensivas. (3)
Erik Hamrén abordou o jogo numa perspetiva cautelosa: não deu ordem de assalto à baliza portuguesa antes do intervalo. Depois, soltou-se o génio do CR7. (2)
Árbitro do jogo: Howard Webb (nota 3)
Howard Webb fez uma arbitragem segura, sem problemas de maior e com razão nos lances em que a Suécia mais reclamou. Aconteceu primeiro aos 38’ quando, com Elmander no chão, deixou correr um lance que quase deu golo de Portugal – mas a verdade é que os suecos só quiseram a interrupção quando o seu próprio ataque falhou. Depois, aos 69’, julgou bem um lance em que Källström procura cavar um penálti.