Ex-selecionador de sub-20 sublinhou feito "memorável" de deixar duas vezes "o Brasil para trás"
Portugal teve de atravessar a "escadaria do inferno toda" no duplo confronto com o Brasil, quer nas meias de 1989, quer na final de 1991, para conquistar dois Mundiais de sub-20, vincou o então selecionador luso Carlos Queiroz.
"Não haja dúvida de que o jogo dos jogos em 1991 é como em 1989. Ganhar dois títulos mundiais deixando o Brasil para trás é memorável, porque não é ganhar contra qualquer um, mas passar a escadaria do inferno toda. Sabe melhor atravessá-la antes de nos divertirmos no céu com os resultados obtidos", assumiu à agência Lusa o treinador.
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Em 30 de junho de 1991, a equipa das quinas revalidou o título mundial de sub-20, ao vencer os canarinhos na final (4-2 nos penáltis, após um nulo no prolongamento), perante uma inigualável assistência de mais de 127 mil espectadores no recinto lisboeta.
"A preparação foi sistemática, mas baseada num princípio: um penálti em cada treino por jogador, à semelhança daquilo que são as condições emocionais do jogo. Muitas vezes, trabalha-se penáltis para treinar a batida, corrida e colocação. Depois, combina-se a tensão emocional com a exigência técnica, pois o jogo só dá uma oportunidade", vincou.
Portugal repetiu o triunfo de março de 1989 graças às conversões certeiras de Jorge Costa, Luís Figo, Paulo Torres e Rui Costa, enquanto o Brasil, então bicampeão mundial (1983 e 1985), de Roberto Carlos, desperdiçaram por Giovane Élber e Marquinhos.
"Já havíamos perdido duas finais nestes desempates [frente à Espanha, no Euro'1988 de sub-17, e à União Soviética, no Euro'1990 de sub-19] e ficou um sabor amargo. Claro que defini os penáltis como objetivo fundamental na preparação da final de 1991. Tínhamos uma lista em que acreditávamos e eles estiveram perfeitos", valorizou Carlos Queiroz.
Para defrontar o Brasil, Portugal registou o pleno de vitórias num grupo com República da Irlanda (2-0), Argentina (3-0) e Coreia do Sul (1-0) e afastou México (2-1, após prolongamento) e Austrália (1-0), nos quartos e nas meias-finais, respetivamente.
"Foram todos jogos diferentes, até pelas suas características. O primeiro é sempre um jogo de entrada, indefinido e um pouco ansioso. Acho que o duelo que esperávamos que fosse mais difícil tornou-se relativamente mais fácil pela conduta dos argentinos. A partir daí, apanhámos uma equipa da Austrália muito boa, estruturada e difícil", enquadrou.
Considerando que Portugal "foi sempre dominador e indiscutivelmente merecedor de ganhar cada jogo", Carlos Queiroz traça similitudes entre o duelo frente ao México em Lisboa e a vitória à Colômbia (1-0), nos quartos de final do Mundial de 1989, em Riade.
"Foi uma dor de cabeça. Como costumo dizer às vezes a brincar, foi daqueles jogos que deviam ser jogados com duas bolas, porque precisávamos dela para jogar melhor e ganhar, mas os mexicanos não deixavam e causaram algum nervosismo nos nossos jogadores", admitiu, sobre um encontro decidido com um golo de Toni no tempo extra.
O ex-selecionador nacional 'AA', entre 1991 e 1993 e 2008 e 2010, guiou a equipa de sub-20 ao inédito bicampeonato mundial, mas nunca quis revisionar por completo as respetivas finais, numa opção extensível a encontros de idêntica envergadura ao serviço de clubes.
"Uma coisa é a memória técnica quando temos de rever uma coisa para daí construirmos e caminharmos em frente com a aprendizagem dos erros, outra são momentos especiais que tive na carreira. Prefiro guardar memórias emocionais e afetivas tal como as senti e vivi, que são muito mais ricas do que as outras revistas em meios tecnológicos", aclarou.
Na retina ficaram duas gerações "consistentes e de enorme disciplina coletiva", cuja diferença "não estava no talento", até porque "saíram sempre jogadores fantásticos", na certeza de que a primeira era "combativa" e em 1991 havia "uns atrevidos do diabo".
"Quando começava o jogo, acho que às vezes nem sabiam quem iam defrontar e já só tinham uma coisa na cabeça, que era acabar, ganhar e andar para a frente. Isso também foi o resultado de uma etapa de confiança e autoestima que cresceu dentro da própria seleção", justificou Carlos Queiroz, de 68 anos e sem treinar desde novembro de 2020.
Se a organização do Mundial de sub-20 em solo nacional trouxe uma "responsabilidade acrescida", a equipa das quinas diluiu de forma "simples, emotiva, afetiva e festiva", facilitando a missão do treinador em "dirigir uma banda que jogou, tocou e cantou".
"Trouxemos as cores da bandeira e do país para as janelas. Foi a primeira vez que se criou essa dinâmica do 12.º jogador fora do campo com a camisola da seleção. No fim de contas, levámos 127 mil pessoas com as portas da Luz a fechar e mais uns quantos lá fora do estádio. Um momento marcante para uma jornada de continuidade", apreciou.
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