Dos colegas que já não querem jogar até ao "Cristiano Ronaldo do futebol virtual": Diogo Jota abre o livro

Avançado do Liverpool é dono do Luna Galaxy, atual campeão nacional que foi hoje homenageado na Cidade do Futebol

Diogo Jota viveu um dia diferente esta sexta-feira. Aproveitando a folga concedida por Roberto Martínez, o jogador da Seleção Nacional ficou na Cidade do Futebol para participar na homenagem feita à sua equipa de esports - Luna Galaxy - e ao seu jogador João Afonso, mais conhecido por JAfonso no mundo virtual, por se terem sagrando campeões nacionais e mundial, respetivamente.

À margem do evento, o avançado do Liverpool esteve à conversa com os jornalistas, contando como começou o seu gosto pelo futebol virtual, que os colegas já não querem jogar consigo e falou ainda sobre a Seleção.

Está muitas vezes aqui na Cidade do Futebol, mas hoje com uma função diferente, como o presidente da equipa Luna Galaxy. O sentimento de orgulho é o mesmo quando representa a Seleção Nacional e estar aqui também como representante da Luna Galaxy?

Estar aqui no meu dia de folga poderia, à partida, parecer não tão positivo, mas é extremamente positivo. É algo que nós queremos muito. Obviamente, quando iniciei este projeto, ambicionava este tipo de conquistas. Conseguimos, tanto a nível coletivo como a nível individual, duas conquistas ímpares e espero que no futuro sejam mais. Mas muito, muito feliz, obviamente, e muito orgulhoso. E os momentos que eu acompanhei destas competições em casa foram, de facto, vibrantes. E já lhes agradeci por isso, porque, de facto, são sensações únicas.

De onde é que vem esta paixão e porquê desta aventura?

Esta paixão pelo jogo em si começou quando fui viver sozinho para Paços de Ferreira, ainda com 16 ano; quando saí de casa dos meus pais, a Playstation foi uma companheira. Comecei a desenvolver o meu apetite pelo jogo. Depois com a pandemia, passou de um jogo casual para um jogo competitivo, porque vivo de competição, adoro competição, adoro competir. E na pandemia, isso foi-me retirado. Lembro-me que a Premier League criou um torneio em que cada clube escolhia um jogador para o representar. Ganhei um torneio, batendo o Alexander Arnold na final, que representava o Liverpool. A partir desse momento, eu gostei muito e pensei, porque não criar uma equipa? Obviamente, aqui na Federação já existiam alguns torneios, dos quais eu não participava. E foi esse o clique. A partir daí, já tinha essa paixão pelo jogo e decidi, obviamente, eu não posso competir nessas competições todas, mas posso ter alguém que o faça por mim.

Ainda faltam alguns anos para o fim da carreira enquanto futebolista. Mas está aqui um plano para o pós-carreira?

Não, nessa altura acho que já não vou ter mão para coisa. Hoje em dia, as pessoas têm capacidades de reação e agilidade, parece que nascem para estes efeitos. Mas diria um projeto, sim, que me possa ocupar. Um projeto que, espero eu, nessa altura tenha já outras condições. Apesar destas conquistas, nós somos uma estrutura pequena e espero também continuar a evoluir nesse sentido.

Nos vossos discursos ouvimos falar da possibilidade dos esports serem uma modalidade olímpica nos Jogos de 2028. Porque se deve apostar no futebol virtual?

A razão principal é pela quantidade de pessoas que se interessam pelo tema. Acho que é isso que é um fator determinante. Os esports têm não só o futebol virtual, mas muitos outros títulos que geram muito interesse, tanto de jogadores como de marcas. E acho que isso é um fator preponderante. Obviamente, o interesse que existe pela área e a paixão que os jogadores que o praticam têm e que pode ser olhado como uma profissão como outra qualquer.

Sabemos que há outros jogadores profissionais de alto nível que também jogam como tu, mas acaba por ser aqui um caso muito raro, ao ser um jogador de alto nível com a bola nos pés, um jogador de Liga dos Campeões, de Seleção, e também na consola. É um exemplo para outros jogadores profissionais e acredita que pode haver mais exemplos como o seu?

Sim, existem alguns jogadores que também já têm algumas equipas. Estou-me a lembrar agora do Casemiro, do Manchester United. Existem já alguns jogadores profissionais com este tipo de ideias. Agora, de facto, com o comando na mão, aí já tenho mais dúvidas e costumo dizer que não costuma haver grandes rivais. Às vezes, consigo ganhar-lhes, talvez não ao JAfonso neste momento, mas pontualmente consigo também disputar esses mesmos jogos com os jogadores da minha equipa e também em torneios que existem e que eu, às vezes, gosto de participar se tiver a disponibilidade. É algo que eu gosto de fazer, de competir, e se não for para ganhar, mais vale não entrar.

Durante os estágios, já conseguiu tornar algum dos seus colegas de campo melhor na consola?

Hoje em dia já não consigo encontrar adversário. Acho que eles têm todos medo e, portanto, já ninguém joga comigo. Já servi de árbitro porque eles queriam jogar um contra o outro, mas não queriam jogar comigo. É o que acontece agora. Obviamente, com a chegada destes jogadores mais jovens, pode-se eventualmente ainda encontrar algum que não se importe de um desafio, mas quem já anda cá já sabe que, se calhar, não vale muito a pena.

O Diogo está em Liverpool. Como é que é acompanhar este processo à distância?

Posso dizer que acompanho sempre que posso. Eu vivo este mesmo projeto e vivo com as conquistas, como disse. Estou sempre a acompanhar a equipa.

És o único que consegue perceber este nosso interesse todo pelo mercado de transferências, porque ao jogares consegues ter esse interesse.

Sim, estamos nesse mesmo mercado de transferências, porque a época encerrou-se basicamente com esta conquista do JAfonso e portanto no próximo mês sai a nova edição do FC 25 e existe agora a troca de clubes e as contratações, como no futebol real.

A tua ideia é blindar o JAfonso?

É uma grande pergunta... Sim, acaba por acontecer isso, porque, obviamente, um jogador que tem estes feitos atrai normalmente o interesse de outras instituições, nomeadamente de nível internacional. Há que ter cuidado também com isso, porque de facto podem acontecer isso. Em outros esports já existem transferências de montantes muito relevantes. No FC, no futebol virtual, ainda não. Mas creio que num futuro próximo irá acontecer.

A Seleção iniciou ontem a Liga das Nações. O objetivo é replicar estas conquistas do futebol virtual também no futebol real?

Sim, obviamente. Na primeira edição fiz parte do plantel que, pela primeira vez, levantou a Liga das Nações. Daí para cá não tem corrido tão bem, mas acredito plenamente que temos uma seleção com grandes talentos e podemos replicar esse feito e voltar a conquistar a Liga das Nações.

Como é que está o grupo depois do Europeu? Até onde é que podem chegar nesta Liga das Nações e que falta é que faz o Pep neste plantel da Seleção?

Começando pelo Pepe, teve ontem uma merecida homenagem pela incrível carreira que fez. E vai fazer falta um jogador com a qualidade dele. Ainda ontem estava a dizer-lhe tens a certeza que não dá para mais um aninho pelo menos. Da minha parte, aquilo que ele fez no Europeu é, de facto, inacreditável, com a idade que tinha. Talvez conseguiria prolongar a carreira um bocadinho mais e continuar a dar-nos alegrias. Mas, infelizmente, temos que respeitar a sua decisão e é só agradecer-lhe pelo legado que deixou. Da outra parte, a Liga das Nações começámos bem. No domingo, há já outro jogo que nos pode colocar numa boa posição. Primeiro é chegar à fase final, porque só aí podemos chegar à fase eliminar e ganhar. Portanto, ultrapassar esta fase de grupos primeiro no que resta ainda de 2024.

Também presente esteve JAFonso, que, aos 20 anos, sagrou-se campeão mundial de futebol virtual e não esconde a satisfação por poder trabalhar com Diogo Jota, para além de contar uma curiosidade que tem com Cristiano Ronaldo.

Hoje foi uma cerimónia muito importante para ti, como disseste há pouco, até estavas mais nervoso do que quando foste campeão mundial. Conta um bocadinho sobre esse momento de seres campeão mundial.

Desde já agradecer à federação por este reconhecimento, não só a mim como a toda a equipa. Obviamente ser campeão do mundo era um objetivo que eu já tinha desde muito novo, acho que temos que ambicionar sempre a querer ser os melhores. Com muito trabalho e muita dedicação, felizmente consegui alcançar esse objetivo e agora não quero ficar por aqui. Como disse, quero ser o primeiro jogador a ser duas vezes campeão do mundo e vou trabalhar para isso.

Ser bicampeão do mundo é provar o quê?

Que és o melhor de sempre e é isso que eu quero provar.

Sabemos que os eSports também são uma aposta da federação, até pela própria entrada de clubes, numa liga organizada. Há aqui uma aproximação também ao futebol jogado?

Acho que a aposta que se faz em Portugal é importantíssima para que os jogadores portugueses tenham melhores performances e que consigam trazer títulos para Portugal. Eu comecei a competir porque conhecia a federação portuguesa de eSports e sei que faziam um torneio regularmente, acho que isso é muito importante para manter o nível e aumentar o nível entre os jogadores portugueses para quando chegam lá fora estarem bem preparados. Fui um desses casos e espero que possam haver muitos mais, obviamente, nos próximos anos.

Ainda há pouco o Diogo admitiu que aqui na seleção já ninguém quer jogar com ele porque ninguém lhe consegue ganhar. O teu objetivo é conseguir que o Diogo já não queira jogar com vocês porque já não consegue ganhar?

Ele comigo já não quer. Já joguei algumas vezes com ele e ele é melhor com a bola nos pés do que o comando nas mãos.

Como é a vossa rotina, quem são os teus companheiros de equipa, e sobretudo, quem é que é este vosso patrão, o Diogo Jota?

Eu posso começar pela equipa, acho que nós para sermos campeões nacionais tivemos uma rotina muito dura de treinos, trabalhámos imenso para isso e portanto também quero agradecer-lhes, porque sem eles obviamente não seríamos campeões nacionais e eu também não seria campeão do mundo. Em relação ao Diogo, é um patrão, mas também é um amigo, um colega e ajuda-me imenso sempre que eu preciso. Está sempre disponível, e desde já louvar aquilo que ele faz, porque ele não é só alguém que investe e que não aparece, o Diogo é uma pessoa que gosta de estar presente e gosta de de estar com os jogadores. Fico muito feliz por ter uma pessoa assim tão interessada nesta modalidade.

E o que é que o JAfonso tem que fazer para ser o Cristiano Ronaldo do futebol virtual?

Ganhar tudo, se calhar. Obviamente que eu quero ganhar muitos mais títulos e obviamente que é um elogio comparar aquilo que eu tento fazer no futebol virtual com o que o Cristiano fez e continua a fazer no futebol real, mas eu quero ser o JAfonso do futebol virtual e não o Cristiano do futebol virtual. O Cristiano é uma inspiração e curiosamente somos do mesmo sítio, somos ambos da Madeira, e portanto temos essa curiosidade. Espero conquistar muito mais e se calhar um dia estar ao nível do Cristiano no futebol virtual.

Por André Zeferino
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