Roberto Martínez ambicioso na apresentação: «É sempre preciso sonhar alto»

Treinador espanhol sucede a Fernando Santos

Apresentação de Roberto Martínez

Roberto Martínez, o sucessor de Fernando Santos no comando da Seleção Nacional portuguesa, é apresentado na Cidade do Futebol. Siga em direto.

Fernando Gomes: Boas-vindas a Roberto Martínez e agradecimento a Fernando Santos



 "Agradeço a Roberto Martínez o entusiasmo com que recebeu o convite da FPF. Sublinho o sinal de coragem que nos dá a todos, uma vez que aceita suceder ao treinador mais titulado da história da Seleção Nacional. Desejo-te, caro Roberto, toda a sorte, e recebo-te em nome dos portugueses seguro de que tudo farás para colocar a equipa de todos nós nas maiores decisões. Este é um momento importante para a Seleção. Não quero correr o risco de me esquecer de algum dos aspetos que considero importantes neste dia. Para começar, permitam-me que reafirme a honra que foi ter Fernando Santos como selecionador desde 2014. Juntos, construímos o período mais feliz da história da Seleção Nacional. O que a direção da FPF já teve oportunidade de afirmar em dezembro, repito hoje. Muito obrigado Fernando Santos. Esta será para sempre a tua casa".

Fernando Gomes sobre o perfil do selecionador

"Depois de um Mundial em que sentimos que poderíamos ir mais longe, o desafio que encontrei foi este. A minha decisão, a nossa decisão depois de profunda ponderação, foi começar um ciclo novo. Apesar de o nosso mandato terminar no final do ano civil de 2024, cumpre-me tomar todas as decisões que assegurem uma transição tranquila para o meu sucessor ou sucessora. Isto significa liderar a candidatura ao Mundial'2030, reforçar os laços com os nossos parceiros, negociar patrocínios ou receitas, melhorar as competições da FPF, dar todas as condições às seleções e definir contratos com treinadores e treinadoras. Até ao último dia na Cidade do Futebol, é isso que podem esperar. Nas últimas semanas defini, com Humberto Coelho, João Pinto e José Couceiro, o perfil do novo selecionador. Teria de ser ambicioso, conhecedor do futebol internacional, habituado a treinar jogadores ao mais alto nível e com experiência em grandes campeonatos e seleções. Nunca foi relevante o lugar de nascimento do novo selecionador. Temos jogadores que já atuaram, atuam ou virão a atuar em diferentes campeonatos. O percurso de Roberto Martínez fala por si próprio. Tem construído uma carreira com base no trabalho e na aquisição de competências. Há seis épocas começou a liderar a Bélgica, que colocou no ranking 1 do Mundo".

Fernando Gomes sobre o ADN da Seleção

"Ficou claro que se encaixou no perfil desejado. Acreditamos que Portugal pode e deve estar sempre nas decisões de grandes competições, e isso significa aceder pelo menos às meias finais. É isso que ambicionamos e é esse o ADN da Federação. Somos um país do futebol. Portugal é um adversário temido e que se pode bater com qualquer equipa. Confiança, estabilidade, organização e capacidade de trabalho. Estou certo de que o povo português irá apoiar Roberto Martínez. O ciclo de Fernando Santos durou mais de oito anos, o de Rui Jorge há 12. Jorge Braz está no futsal desde 2010... Os treinadores precisam de tempo e apoio para formar equipas. Isso é muito claro na FPF. Tem sido assim desde que aqui cheguei em 2011 e não será diferente agora. Roberto, tudo faremos para que o teu ciclo na Seleção seja longo e feliz. Nos próximos anos, tu e a tua família terão a oportunidade de conhecer um país que sabe acolher. Muito bem-vindo a Portugal e ao futebol português".

Roberto Martínez era a primeira opção? Falou com Mourinho?

"O que nos interessou desde a primeira hora foi definir um perfil. Dentro desta procura e pesquisa falámos com muita gente. Todos sabem que tenho um grande relacionamento com a generalidade dos treinadores portugueses. O que posso confirmar é que a única proposta concreta que fizemos foi ao Roberto Martínez".

Falou em chegar o mais longe possível nas competições...

"O que definimos, e o que já afirmei, é que queremos estar nas grandes decisões das grandes competições. Isso significa estar sistematicamente nas meias finais. Todos sabemos, e tivemos a prova recentemente no Mundial, que o ganhar ou não ganhar são pequenos detalhes. Temos de chegar ao ponto fulcral dessas decisões, e nessa perspetiva queremos estar sempre nas meias finais das competições".

Contrato de Roberto Martínez ultrapassará o seu mandato... Não estará a condicionar as decisões do seu sucessor?

"No segundo semestre de 2024 iniciar-se-á a Liga das Nações. Nessa perspetiva, caberá a esta direção escolher o selecionador para esse período porque ainda estaremos a desempenhar funções. Parece-nos normal salvaguardar essa escolha, até porque seria a nós que iria competir a escolha de um selecionador para esse período. É conhecido que recentemente fizemos um contrato com a Sagres que vai até 2028. Nessa mesma lógica, estaríamos impedidos de fazê-lo, da mesma forma que já fizemos com os direitos televisivos".

Primeira declaração de Roberto Martínez:

"Muito obrigado a todos. Vou tentar aprender português o quanto antes. Estou muito feliz por estar aqui, estou encantado por poder representar uma das seleções mais talentosas do Mundo. Desde a primeira vez que conheci a direção e o presidente soube que era este o projeto que queria. Entendo que haja grandes expectativas e objetivos, mas também entendo que há um grande conjunto de pessoas a trabalhar para cumprir os nossos objetivos. Obrigado".

 

Cristiano Ronaldo... Conta com ele? Sendo Portugal uma das melhores seleções do Mundo, conta com um jogador que joga na Arábia Saudita?

"As decisões têm de se tomar em campo. Não sou um treinador de tomar decisões precipitadas. Quero conhecer todos, e a partir de hoje quero falar e conhecer todos os jogadores. O Cristiano faz parte dessa lista, teve 19 anos na Seleção e merece respeito, vamos falar. A partir daí, cabe-me fazer a melhor lista para o Europeu. Amanhã começaremos a trabalhar, a conhecer todos os jogadores, e o Cristiano é um deles".

Estatuto e papel de Ronaldo...

"Vamos começar um processo futebolístico para tentar conhecer todos os jogadores que poderão entrar nesta Seleção. Vamos dar uma oportunidade a todos os jogadores e respeitar todos os que já estão na Seleção. O Cristiano é um deles. Alguns já defrontei e estou encantado por poder tê-los a meu lado. É um processo que temos de encarar naturalmente, com responsabilidade, e vamos tomar decisões importantes para a equipa".

Percurso com a Bélgica... O que pode acontecer de diferente em Portugal? Podemos esperar uma mudança de sistema?

"Sim. Boa pergunta. O importante é sermos uma Seleção muito competitiva. Quando penso no meu percurso internacional, em seis anos e meio estivemos invictos em 28 jogos para grandes torneios. É uma forma de criar uma competitividade dentro da equipa. Portugal tem de ter sempre vontade de ganhar tudo e para isso é preciso ser uma equipa moderna, com flexibilidade tática. Jogar com uma linha de três ou quatro defesas depende dos jogadores, e será meu trabalho e da equipa técnica tirar o máximo de cada um deles. A flexibilidade tática é muito importante. Se vamos jogar em transições, temos de estar bem estruturados sem bola e dar aso ao talento que temos com bola. Temos de controlar jogos. Essa flexibilidade tática dependerá dos jogadores".

Como viu o trajeto de Portugal nos últimos anos? A Seleção tem obrigação de ser protagonista em todos os jogos?

"Como selecionador rival, na altura, sempre vi um Portugal muito competitivo. Temos de ir buscar jogadores que possam expressar o seu talento. Uma equipa que nunca pode perder a competitividade. Pouco a pouco temos de trabalhar como um clube. Gosto sempre de trabalhar com a formação. Os conceitos, à medida que os jogadores vão subindo, têm de ser muito claros, e esse é um dos pontos importantes que uma equipa tem de ter em conta".

Geração de ouro belga... Como pode trabalhar a geração portuguesa?

"Tive um período muito intenso com a Bélgica, estivemos quatro anos seguidos como número um do Mundo. Tenho uma grande vontade de ver os jogadores portugueses, jogadores que se adaptam muito bem a ligas estrangeiras, que sabem sempre ser competitivos. Vou tentar trabalhar com isso. Entusiasma-me muito que o jogador português tenha essa mentalidade"

Já tem na cabeça o objetivo de ser campeão da Europa?

"Claro. Acredito que é preciso sempre sonhar alto. O que é importante é que se entenda o processo. Se não nos qualificarmos para o Europeu, não o podemos ganhar. Temos de assentar as bases, começar em março com dois jogos e a partir daí é preciso sonhar. Esta equipa tem de representar o povo português e vamos lutar para isso. O talento está cá e a intenção de todos também. No meu primeiro contacto com a Federação, deu para perceber que a intenção e a maneira de trabalhar está muito clara. Acredito no projeto, nos jogadores, e estou ansioso para que possamos crescer juntos".

Substitui Fernando Santos, o selecionador mais titulado da história da Seleção...

"Para mim, sempre é mais fácil ser sucessor de um grande selecionador, podemos continuar o grande trabalho que fez. Cada treinador trabalha de maneira distinta, mas a ideia é agradecer a Fernando Santos pelo grande trabalho que fez, e tentar pegar nisso e continuar no futuro".

Equipa técnica terá portugueses? Sistema... Prefere adaptar os jogadores ao seu sistema ou escolher sistema que se adapte aos jogadores?

"A estrutura da equipa técnica está clara. Depois de sete anos no futebol mundial sei exatamente o que é preciso, vamos finalizar isso nos próximos dias. Mas gostaria de ter um assistente português, que tenha sido jogador da Seleção e tenha carreira internacional. Acredito que seria muito importante para acelerar o nosso entendimento pelo futebol português. Sistemas? Não acredito nisso. Acredito nos jogadores, no ser humano e no talento. É preciso ser taticamente flexível para tirar ao máximo tudo o que cada jogador tem, não adapto jogadores aos sistemas".

Por Record
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