Carlos Queiroz e a atualidade de Portugal: «Passámos de gerações de ouro a uma dinastia de ouro»

Técnico acredita que a continuidade para o sucesso está assegurada

• Foto: Tony Dias/Movephoto

Há poucos nomes em Portugal que possam dissertar sobre o passado do futebol português com a mesma propriedade que Carlos Queiroz. Considerado pelo universo futebolístico em geral um dos grandes revolucionários da modalidade no nosso país, o ex-selecionador ficou ligado a algumas das mudanças mais profundas no jogo nas últimas décadas e, por isso, tem uma quota parte de responsabilidade pela evolução generalizada que se tem registado.

As diferenças da década de 1980 para agora são muitas e notam-se também no âmbito da Seleção Nacional. "Passámos das brilhantes gerações de ouro para uma dinastia de ouro. Quando temos uma dinastia de ouro significa que temos no legado técnico a garantia de uma continuidade sustentada para o sucesso. Uma continuidade sustentada feita não só no treino, mas paralelamente com os jogadores que foram nascendo. Quem podia imaginar no meu tempo, em 1988, que um jogador de futebol pudesse chegar a dirigente da Federação Portuguesa de Futebol? Hoje estão uns quantos", disse, em intervenção no painel do Thinking Football que foi dedicado única e exclusivamente à sua carreira. 

Atualmente, o futebol está muito diferente daquele em que Carlos Queiroz deu os primeiros passos. Em certos aspetos para melhor. "Temos um jogo diferente, mas acho que o espetáculo hoje chegou a um patamar e a uma dimensão que foram modelados pelos padrões dos desportos mais espetaculares. Não sei se é melhor ou pior, é diferente. Mas há uma coisa que é evidente: hoje o jogo é jogado a uma velocidade que não tem comparação com o que se passava sequer há 10 anos. A melhoria das infraestruturas permitiu incutir no treino aos jogadores a decisão mais rápida em termos técnicos e táticos. Hoje assistimos a um jogo a uma velocidade extraordinária", apontou, rematando: "O futebol está mais competitivo e ainda bem. Quanto mais o futebol for elevado na sua competitividade, maior será a diferença dos que no final vão fazer a diferença. Ainda bem que se generalizou o treino."

As mudanças fazem-se sentir também no papel do treinador, que, mais do que um conhecedor do jogo, tem de ser hoje um verdadeiro maestro de vários ofícios. "O mais erudito e ilustre dos treinadores portugueses foi Luís de Camões. Falou em engenho e arte. Futebol é isso. No princípio o conhecimento era baseado em coisas simples do treino, em metodologia. Copiávamos o treino de outras disciplinas mais avançadas até ao futebol se tornar autónomo. Hoje a dimensão de conhecimento de um treinador vai da fisiologia à comunicação. Antigamente, começávamos a perder o nosso trabalho não era nos resultados, era na comunicação. O treinador, hoje em dia, tem de ser um maestro em todas estas disciplinas", concluiu.

Por Pedro Morais
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