Futuro do VAR: Da explicação das decisões até à especialização da videoarbitragem

Oradores no Thinking Football Summit olharam para o Rugby como exemplo

• Foto: Ricardo Jr.

Além da temática do tempo útil, o Thinking Football Summit, que terminou este domingo, no Pavilhão Rosa Mota - Super Bock Arena, contou também com um painel dedicado à utilização da tecnologia VAR, nomeadamente sobre a abertura das comunicações entre os elementos das equipas de arbitragem aos adeptos. 

Para João Capela, VAR manager do campeonato grego, o futuro passa por um cenário semelhante ao que já acontece no Rugby, em que os adeptos no estádio e em casa, ouvem a decisão explicada pelos árbitros, embora reconheça que isso envolve um outro trabalho dos juizes. "O futebol é um produto de TV e estádio, temos de colocar os dois tipos de espectadores a receber a mesma informação. Óbvio que isso implicará uma melhoria dos árbitros nos processos de comunicação e de exposição do raciocínio das suas decisões. Temos de introduzir de forma cuidada, para evitar que cause novos efeitos nefastos", afirmou.

Paulo Duarte, árbitro internacional de Rugby, explicou os benefícios desta prática no seu desporto. "Toda a gente consegue ouvir a comunicação. O jogador aceita melhor porque houve explicação, mesmo que não concorde, e nas bancadas e em casa, o adepto também fica a perceber o motivo da decisão. No Rugby, os jogadores até já aceitam as decisões com naturalidade. Se as pessoas perceberem a decisão, isso é sempre positivo", frisou. 

Sem a presença de qualquer árbitro de futebol, em atividade, ou de um representante do Conselho de Arbitragem, que declinaram o convite da organização, Luciano Gonçalves, presidente da APAF, compreendeu a decisão, embora defenda uma maior abertura. "Todos os intervenientes podem e devem dar a cara. É importante ter alguém da estrutura da arbitragem a fazer um balanço, seja de cinco em cinco semanas ou algo semelhante, com explicações das decisões tomadas, sem entrar em lances concretos, mas os árbitros muitas vezes não falam para o que dizem não ser utilizado contra eles", disse.

Já sobre o futuro do VAR, Luciano Gonçalves aponta à necessidade de especialização de árbitros nesta componente: "Nem todos os árbitros são bons assistentes, nem todos os assistentes são bons árbitros, como nem todos os árbitros são bons videoárbitros."

Apesar da evolução perspetivada na videoarbitragem, João Capela não vê "a necessidade de introdução de mais tecnologias no futebol". "Não queremos que os árbitros dependentes da tecnologia, porque há algo que as máquinas nunca poderão fazer, que é a gestão do controlo emocional dos jogadores", concluiu.

Por Marques dos Santos
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