Presidente da LaLiga espanhola continua preocupado com o tema só pelo simples facto “de ele continuar a existir”
Javier Tebas, Presidente de LaLiga espanhola, esteve no Thinking Football no Porto e bateu na tecla da tão malfadada SuperLiga europeia, em particular na postura de um clube como o Real Madrid, que "passa demasiado tempo a falar de um conceito muito perigoso pela simples razão de que vai continuar a existir e temos de ter muito cuidado com ele".
"Esses clubes que fundaram a SuperLiga europeia querem mandar no futebol e argumentam essa visão futurista como se estivessem a descobrir algo e por terem os ativos mais valiosos, mas tudo isto seria completamente disfuncional para a modalidade. Para perceberem melhor seria a mesma coisa que os mais ricos do vosso país passassem a dirigir o Governo e tudo o mais. Já imaginaram? Obviamente tudo caía como um castelo de cartas e é isso que temos de evitar que aconteça no futebol", vincou Tebas, mostrando-se "muito preocupado com as mais recentes intervenções públicas do presidente do Real Madrid".
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"Ele diz que vai proteger o futebol, mas nós estamos bem e não queremos que nos protejam. Muito obrigado pela preocupação", disse o líder da Liga espanhola, provocando uma sonora gargalhada na plateia.
Perante a insistência de Juan Gallardo, diretor do jornal 'Marca', responsável pelas perguntas a Javier Tebas, o tema da SuperLiga acabou por se alongar.
"A frase que se ouve muito hoje em dia é que os clubes têm de decidir o seu destino, mas há que fomentar um equilíbrio nisto. Em Espanha temos uma Liga equilibrada e continua a haver grandes clubes, pequenos e medianos, pois todos são precisos. Todos fazem parte da engrenagem. Não tem que ser um modelo gerido só pelos clubes ricos. Isso não faz sentido. Digo e repito que o conceito da SuperLiga, pelo simples facto de continuar a existir, é muito perigoso porque ataca claramente a essência do futebol", determinou Tebas, partindo para uma análise mais concreta em função do conhecimento que tem como presidente da Liga espanhola desde 2013, procurando o contraste com o que defendem os clubes da SuperLiga.
"Eles defendem que há um fator emocional que se está a perder no futebol, mas só olham para o fator negocial sem perceberem que se continuarem assim vão acabar por matar o futebol ou então suicidar-se ao defenderem as ideias que têm. Só estão a contribuir para uma falta de empatia que já é evidente, por exemplo, em clubes como o Real Madrid e não sou eu que o digo, mas sim os números", reagiu o líder de LaLiga, destacando depois alguns desses números: "Quando eles dizem que as pessoas estão a perceber o interesse pelo futebol e que já nem sequer o querem ver na televisão é só olhar para o que aconteceu recentemente em Espanha, onde um Barcelona-Inter teve 700 mil de audiência e o Barcelona-Celta, pouco depois, teve 1,3 milhões. Um Juventus-Bayern em Espanha tem menos audiência que um jogo da 2.ª Divisão espanhola. São estes os números que existem e que nos dizem que as pessoas começam por ter interesse no futebol local. Se matarem isso, que é o que a SuperLiga quer fazer, matam também o próprio futebol."
Javier Tebas falou ainda de vários outros temas, obviamente, destacando também os números que indicam que o futebol continua a ter muito interesse para os mais jovens e registando o projeto que está em marcha em Espanha, o ‘LaLiga impulso’ e que vai distribuir mais de 70 milhões de euros por todos os clubes, mas esse dinheiro só pode ser gasto no melhoramento das infraestruturas e na capacidade tecnológica dos mesmos.
Este projeto, de resto, foi dado como um bom exemplo para o sucesso da candidatura conjunta de Portugal e Espanha, agora também com a Ucrânia, ao Mundial de 2030. "Nós já teremos os nossos estádios todos em condições e sem utilizar dinheiros públicos, porque o futebol como indústria que gera milhões não devia nunca precisar de dinheiros públicos. Veremos como corre a candidatura, mas claro que estamos otimistas quanto a isso e seria muito bem ser uma realidade", disse Tebas, que sempre foi contra a organização do Mundial do Qatar e voltou a deixar isso bem evidente: "A FIFA só descobriu que havia muito calor no Qatar em junho e julho dois anos depois de ter decidido fazer lá o Mundial. Este pormenor diz tudo. Nós na LaLiga fomos os únicos, repito os únicos, que colocamos um requerimento no TAS para analisar este Mundial. No fundo, eles deram-nos razão, mas acharam que já não se podia fazer nada tão em cima do acontecimento…"
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