Pedro Proença: «Não sei se será o meu último Thinking Football, como presidente pode ser que seja...»

Líder da Liga Portugal garante que em breve se pronuncia sobre o futuro próprio

• Foto: Tony Dias/Movephoto

Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, foi também ele orador no Thinking Football Summit (TFS), evento que o organismo que lidera organiza na cidade do Porto e que termina este sábado. Na sua intervenção, Proença elevou a importância do TFS e dos direitos audiovisuais centralizados no crescimento do futebol nacional, apontando também a uma nova geração de líderes dentro da indústria dos quais se sente parte e se orgulha. O futuro, esse, pode passar por uma candidatura à presidência da FPF e, por isso, na próxima edição do TFS até poderá haver já outro presidente. "Julgo que proximos tempos teremos novidades sobre o nosso futuro", sentenciou Pedro Proença, já depois da sua participação como orador, à Sport Tv.

Direitos centralizados:

"Quando cheguei, em 2015, falar em centralização de direitos audiovisuais era crime. Recordo alguns episódios onde, a determinada altura, temi que seria impossível conseguir dar esse passo. A Liga ainda hoje vive num modelo alicerçado em propriedades comerciais que os clubes depositaram na Liga que não são os direitos audiovisuais centralizados. Tivemos de potencializar um conjunto de propriedades que fomos criando para ter modelo sustentável. Até que conseguimos convencer o Governo que teria de decretar centralização dos direitos. Esta direção não deixou de perceber modelos que tiveram sucesso pela Europa e conseguiu dar esse passo."

TFS e crescimento da Liga:

"É uma vitória do futebol português. Os últimos anos têm demonstrado o trabalho que temos vindo a desenvolver. Há uma perceção errada que temos internamente do nosso futebol. Internacionalmente, somos vistos como uma potência. Sou questionado, como presidente da European Leagues, como é possível um país com apenas 10 milhões de habitantes ser criador de tanto e tão bom talento."

Percurso:

"Sei bem as dificuldades que tive quando cá cheguei. Sinto hoje que virámos a página. Estamos a iniciar um novo ciclo, uma nova mentalidade. Não deixando de ter a paixão do futebol nas veias, também não deixámos de ter uma visão tecnocrata do futebol. Percebemos que isto pode ser feito pelas pessoas de bem e pelo bem. Ciclo de pessoas terminou e hoje há uma geração de gente nova. O TFS marca isso, uma forma diferente de ver o futebol. Sinto-me honrado de ser parte dessa nova geração de gente. Não é preciso de aqui e acolá utilizar fórmulas. Só o mérito deve vingar."

Dificuldade em reter talento:

"Portugal é um mercado alimentador do primeiro grande mercado europeu. Não podemos fugir, a nossa economia é o que é. Temos uma capacidade de gerar talento e de identificar talento fora de Portugal única. É um modelo de negócio do qual não podemos fugir. Gostávamos de ter condições para reter o talento por mais tempo, mas é o que é. Percebendo que este é o modelo de desenvolvimento, os últimos 10 anos significaram para a economia mais 2,3 mil milhões de euros. Contribuímos com mais de 2% do PIB. É uma indústria única. A fazer paralelo só a da cortiça e mesmo assim estamos em melhor posição. Esta indústria tem de ser tratada como tal. É um modelo vencedor, que tem que ser acarinhado e defendido."

Desafios concorrenciais

"O futebol concorre com conteúdos como a Netflix, a Disney ou outras atividades de entretenimento. Se não percebermos isso, nos próximos dez anos não vamos ter crianças a assistir a futebol. Peguei no meu afilhado e pensei: 'Será que vai gostar de futebol como eu e o pai dele gostamos?'. Se não nos adaptarmos à nova realidade, vamos perder muita base."

Rumores de candidatura à FPF e visão futura:

"Muito em breve, eu, os clubes, as pessoas que estão comigo, diremos o que vamos fazer no futuro próximo. Sei que estarei onde o futebol quiser e onde me sentir feliz. O futuro está perto e no momento certo estaremos todos juntos, porque o futebol só faz sentido se estivermos todos juntos. A comunidade do futebol tem de estar junta para o futuro ser melhor."

O maior orgulho

"O trabalho que ainda falta fazer. Fazendo as coisas, arrumo-as e a perspetiva é para a frente. O maior legado é a equipa de gente que tenho atrás de mim. Jamais faria alguma coisa sem eles. Trabalhar com este presidente é terrível. Trabalha 13 ou 14 horas por dia. Isto é feito com muita paixão. Não sei se será o meu último TFS, como presidente pode ser que seja. O primeiro mês em que tive de pagar vencimentos na Liga não havia dinheiro. Guardo isto porque foi muito desafiante na altura, mas fez-se."

Por Pedro Morais
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