Serviu de ponte para a aquisição do Botafogo por parte de John Textor e em pouco tempo tornou-se CEO do clube brasileiro, inserido num dos grupos mais proeminentes do futebol mundial. A ideia é chegar a Portugal
RECORD - Qual foi o seu percurso até tornar-se CEO do Botafogo?
THAIRO ARRUDA – Eu e o meu sócio, Danilo Caixeiro, criámos a Matix Capital para trabalhar em aquisição de clubes. Antes da criação da lei das SAF no Brasil [n.d.r.: equivalente às SAD em Portugal] estávamos na Europa, passámos um ano em Portugal e estivemos perto de acordos para adquirir a Académica e o V. Setúbal. Não deu certo, muito devido à pandemia. Entretanto vim para o Brasil, o Danilo ficou na Europa, mas fomos pioneiros aqui, não havia concorrência. Fomos contratados pelo John Textor para comprar o Botafogo e fechámos a aquisição. Fizemos o mesmo com o Vasco da Gama e outros dois clubes de menor dimensão para outros investidores. O John Textor precisava de gente de confiança para gerir o clube e convidou-nos. O Botafogo tinha um CEO, que saiu em maio de 2022 e aí eu assumi o cargo como interino, mas fiquei até hoje.
R - Quais foram os maiores problemas e desafios que detetou?
TA – O clube estava quase falido, com muitos problemas. Precisávamos de um ‘turn around’ operacional e financeiro. O ano passado foi de sobrevivência, vieram novas pessoas e mudou muita coisa com uma gestão profissional. Este ano é de crescimento. Já temos uma operação bem estável e agora olhamos para a expansão.
R - Além do Botafogo, a Heagle Football Holdings, de John Textor, detém o Lyon (França), o Molenbeek (Bélgica) e parte do Crystal Palace (Inglaterra). De que forma um trabalho feito em rede beneficia todas as partes?
TA – É um projeto muito diferente dos grupos City e Red Bull, que têm muito menos interação entre clubes. Estamos a mudar essa lógica, não só com atletas, mas em todos os aspectos do negócio, para otimizar o crescimento dos clubes. Prevemos criar uma célula do Lyon quando construirmos o novo centro de treinos. Vai permitir uma interação metodológica, extrair o melhor do futebol brasileiro e o melhor da metodologia de formação do Lyon, que tem, com o Benfica e o Ajax, das academias mais importantes do mundo. Todo o scouting do Lyon, do Molenbeek e, eventualmente, do Crystal Palace na América Latina têm o apoio do Botafogo, pois criámos uma área de scouting e análise enorme e muito competente. Mas eles também nos ajudam com o scouting europeu. Depois há a questão financeira, com um fluxo mais homogéneo entre clubes, que podem crescer de forma otimizada. E a transferência de atletas também é interessante. O mercado europeu compra brasileiros mas com limite. Mesmo sendo muito bom, o jogador poucas vezes é vendido pelos valores do mercado europeu. Conseguimos maximizar o valor de venda e o fluxo financeiro pode voltar de outras formas.
R - John Textor tentou comprar o Benfica e o FC Porto. Continua a querer investir em Portugal?
TA – Faz e sempre fez todo sentido investir num clube português, mas esbarramos na escassez de ativos, pois na 1ª Liga quase não há clubes dispostos a vender. Na 2ª há casos interessantes, mas com expressão menor. Outra barreira é a avaliação e o preço elevado, mas acredito que no futuro poderemos entrar em Portugal.
"Luís Castro foi fundamental para o Botafogo"
R - Bruno Lage sucedeu a Luís Castro no comando do Botafogo? Qual o papel dos dois técnicos portugueses?
TA – Portugal tem uma escola de treinadores incrível, que criam a sua carreira desde cedo. No Brasil a maioria são ex-jogadores. Com o Luís Castro vimos a experiência e o conhecimento, a profundidade de metodologia e de treino. O Botafogo vinha da 2ª divisão, contratou mais de 20 jogadores e ele teve muitos desafios, por isso foi fundamental. A cultura brasileira exige demissões e ele passou maus bocados aqui, mas Textor foi incisivo para a sua continuidade. O Luís deu a volta por cima e deixou o clube em 1º. O Bruno Lage veio para dar continuidade, mas disse, e bem, que há sempre coisas a melhorar. A equipa faz mais golos, é mais agressiva e dinâmica. Com Castro raramente sofria golos. É só essa a diferença.
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