Máquinas a rasgar o asfalto centenário
54.ª edição do Circuito Internacional de Vila Real será um dos eventos principais das celebrações dos 100 anos da cidade.

A longa história do Circuito Internacional de Vila Real conta-se em 53 capítulos recheados de páginas douradas, nas quais se guarda um sem-número de momentos marcantes no panorama do desporto motorizado em Portugal. O livro de memórias da prova vai extenso, mas não falta espaço para que, no futuro, se juntem novos episódios dignos de um lugar de honra. A 54.ª parte começará a ser escrita muito em breve, mais concretamente no dia 4 de julho, assim que arranque a edição de 2025, cuja entrada no lote de mais especiais está garantida pelo facto de decorrer no tempo em que se assinalam os 100 anos da constituição de Vila Real como cidade.
Datas históricas exigem celebrações à medida e a expetativa é que a prova se possa assumir como um dos pontos altos deste centenário. “Este ano temos um fantástico programa desportivo”, realçou Alexandre Favaios, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, na conferência de imprensa de apresentação do evento, recordando que nesta edição “se assiste ao regresso das provas internacionais” ao Circuito da cidade. “E teremos novamente o Campeonato Nacional de Clássicos”, acrescenta.
Além do roncar dos motores, esta 54.ª edição do Circuito Internacional de Vila Real terá também “um cartaz cultural particularmente significativo, este ano juntando a simbiose entre o Circuito e os 100 anos de elevação de Vila Real a cidade”, reforça Alexandre Favaios.
Por tudo isto, de 4 a 6 de julho, Vila Real será o destino final de uma verdadeira romaria de aficionados do desporto automóvel, perante os quais procurará fazer, uma vez mais, a defesa do título de Capital Nacional do Automobilismo, conquistado à boleia da consolidação do Circuito como uma marca de relevo dentro e fora de portas.
TCR World Tour, uma prova com a chancela da FIA
Adivinham-se três dias de grande adrenalina no asfalto até porque “a prova tem uma dinâmica muito interessante”, garantiu Alexandre Favaios. As atenções principais estarão, naturalmente, sobre o traçado de 4,6 km, por onde irão passar corridas de várias categorias. Destas, nota para “o TCR World Tour, uma prova com a chancela da FIA”, destacou o autarca. É o ponto forte deste ano: o regresso do Kumho FIA TCR World Tour, herdeiro do extinto WTCR, que traz à cidade máquinas e pilotos de elevado calibre.
Na conferência de imprensa, Alexandre Favaios apontou ainda “o regresso do Campeonato de Portugal de Velocidade”. Esta competição juntará carros de GT4 e TCR numa exposição de marcas de prestígio, com a Aston Martin, a Porsche, a Audi, a BMW e a Mercedes-AMG. Haverá ainda espaço para as grelhas habituais do Campeonato de Portugal de Velocidade Clássicos e para uma prova de Clássicos Pré-Guerra, que permitirão revisitar máquinas de outros tempos. Com efeito, haverá um espetro alargado de opções, que combinará a modernidade e a tecnologia de ponta dos carros de turismo com a História.
"Este ano temos um fantástico programa desportivo"
Alexandre Favaios
Presidente da Câmara Municipal de Vila Real
A acelerar durante quase cinco quilómetros
O Circuito Internacional de Vila Real já se estabeleceu como uma marca sólida no seio do desporto automóvel e, além de ter resistido aos tempos, sobreviveu também aos pequenos ajustes que, ao longo dos anos, se viu obrigado a operar no traçado. Atualmente, o percurso estende-se por 4,6 km, num total de 28 curvas, 16 para a direita e 12 para a esquerda. A pista, de cariz urbano, oferece uma experiência completa a quem tem o privilégio de a atravessar ao volante, com partes técnicas, curvas acentuadas, subidas e retas, em que será possível experienciar a adrenalina em doses mais altas, tal a velocidade que os carros poderão atingir. O asfalto vai aquecer e o barulho dos motores irá ecoar pela cidade, fazendo também as delícias de quem estará apenas a assistir.
25 carros vão competir no Campeonato Nacional de Velocidade
100 pilotos, pelo menos, vão estar presentes no Campeonato Nacional de Clássicos
James atuam no segundo dia
A paixão pelo desporto automóvel é o principal motor para que largos milhares de aficionados visitem Vila Real nas datas do Circuito Internacional, mas o programa de festas da cidade é, ano após ano, pensado de forma a proporcionar a experiência mais completa possível. No passado recente, a música tornou-se um forte aliado e os concertos marcados para os dias da prova trouxeram mais animação.
Na edição de 2025, a receita repete-se com espetáculos agendados para 4 e 5 de julho. Na primeira noite, o palco será entregue aos Xutos & Pontapés (22 horas) e à DjOaNa (24 horas), sendo que, no serão seguinte, é a vez de os James fazerem as honras de cabeça de cartaz, com um espetáculo que irá arrancar pelas 22 horas. Segue-se uma atuação do DJ Wilson Honrado, pelas 24 horas.
Três dias de festa
4 a 6 de julho
54.º Circuito Internacional Vila Real
4 de julho
22h Xutos & Pontapés
24h DjOaNa
5 de julho
21h Festival do Cantaréu
22h James
24h DJ Wilson Honrado
Memórias de outros tempos
Na antecâmara da 54.ª edição do Circuito Internacional de Vila Real, que constituirá mais um marco na afirmação da prova, é tempo de puxar a fita atrás e regressar aos primórdios, à altura em que as bases para a implementação do projeto foram criadas por um grupo de aficionados movidos somente pela paixão automóvel. Os primeiros passos para a constituição da competição foram dados no início do século passado, mais precisamente na segunda década, com a criação de feiras de automóveis e outros eventos vocacionados para os motores. De forma gradual, a cidade converteu-se ao automobilismo e alinhou-se para o lançamento de uma prova mais abrangente.
Com efeito, em 1931 realizou-se a primeira edição do Circuito Automóvel de Vila Real. O resto, como se costuma dizer, é história. O evento cresceu, expandiu-se para o panorama internacional e passou a atrair figuras de relevo. Stirling Moss, Nicha Cabral, David Piper, Maria Teresa de Filippis ou o português Tiago Monteiro são alguns dos nomes que já passaram pelo traçado, aos quais se podem juntar os do cineasta Manoel de Oliveira e do piloto de MotoGP Miguel Oliveira. Chegados a 2025, quase 100 anos depois, a prova segue bem viva e continua a dar cartas.
A força do presente e do futuro
As datas em que decorre o Circuito Internacional de Vila Real são, por norma, significado de enchente na cidade transmontana. Os hotéis ficam repletos, as ruas ganham mais movimento, os restaurantes cimentam o negócio e a economia local sai, sem surpresa, fortalecida. Os efeitos são, de há muito tempo a esta parte, manifestamente positivos e constituem o maior garante de que a aposta é para continuar, como já garantiu Alexandre Favaios, autarca de Vila Real.
Gastronomia, natureza e cultura
Carros e música seriam ingredientes suficientes para um programa à medida de muitos gostos, mas juntar-lhe a gastronomia poderá ser um empurrão para que se cativem outros grupos e se chegue à receita do sucesso. Tudo fatores que jogam a favor de Vila Real, que é por definição uma terra de boa comida, como qualquer cidade ou recanto que se tenha estabelecido dentro das fronteiras de Trás-os-Montes. Feijoada à transmontana, cozido à transmontana, cabrito assado com arroz de forno e os enchidos fazem as delicias de todos. O vinho da região é a companhia ideal para uma refeição que deve terminar com as cristas de galo ou os famosos covilhetes.
O cardápio contempla também outras mais-valias, como a natureza e o património local. Na primeira, os Passadiços do Corgo merecem destaque. Já no que toca à cultura aponte-se o Palácio de Mateus, uma das mais notáveis obras da arquitetura portuguesa do período barroco. E também a Central Hidroelétrica do Biel, recentemente requalificada e convertida num espaço museológico, outro local de paragem obrigatória. Como se percebe, há muito para ver e visitar.