Em Portugal, chegou a ser classificado por telefone e erro só foi corrigido na Holanda
Praticou ciclismo, jogou basquetebol em cadeira de rodas – foi à Seleção e ganhou campeonatos e taças –, mas foi quando chegou ao atletismo, sua paixão de sempre, que percebeu ser ali o seu mundo.
Só que Mário Trindade não imaginava o calvário em que ia entrar por causa de classificações mal feitas. "Classificaram-me por telefone na T54. Fiz uma prova e vi logo que estava na classe errada. Os outros concorrentes só não mexiam as pernas, mas eram bastante encorpados. Então pedi para me passarem para T53. Estive um ano e meio à espera e lá consegui. Mas também vi que ainda não era aquela a minha classe. Liguei para todas as entidades e nem me respondiam", recorda.
Chega 2013 e Portugal não tinha ninguém para levar aos Jogos Mundiais, na Holanda."Ofereci-me para ir, às minhas custas. Quando cheguei lá, os classificadores nem tiveram dúvidas e colocaram-me em T52.Disseram-me mesmo que, dado o meu estado, nem deveria demorar muito a chegar ao T51", conta, acrescentando:"Foram dez anos e centenas de euros que perdi nesta luta", conclui.
Vieram então os bons resultados e, agora, até já se propõe a bater o recorde da Europa dos 400 m, em maio, na Suíça.
Maratona
Mas a aventura no atletismo até podia ter acabado mal. Tudo porque começou da pior forma. Em 2004 os seus pés escorregaram do suporte durante a Maratona de Berlim e acabou por partir a perna esquerda. Teve frio e dores, mas continuou até ao fim só para não ter de esperar pela ajuda. No final foi analisado e internado. Mas, mais uma vez, não desanimou e é vê-lo agora ambicioso, atrás dos títulos numa modalidade que ama e que também o ajudou a estar na vida com alegria.
Bateu um recorde para ajudar amigas
Em 2007, Mário conheceu duas amigas com osteogénese imperfeita (doença dos ossos). O sonho delas era ter uma carrinha para poderem sair de casa. "Quis ajudar e lembrei-me de bater o recorde do Guinness para angariar dinheiro. O então presidente da Naval 1.º de Maio, Aprígio Santos, veio ter comigo e disse-me: ‘Não faças esse esforço. Vou dar-te a minha carrinha.’ Só que eu já tinha tudo organizado", lembra.E bateu mesmo o recorde: 183,4 km em 18h53m em cadeira de rodas. Só que Aprígio viria a ter problemas com a Justiça. "Os bens dele foram penhorados e a carrinha também porque continuava em seu nome. Hoje está parada. É uma pena. Foi tudo em vão", lamenta.
CLASSES
T51
Tetraparaplegias, com comprometimentos da função do ombro, flexão do cotovelo e dorsi-flexão do punho
T52
Tetraparaplegias com funções normais dos ombros, cotovelos e punhos, mas com comprometimento da função de flexão e extensão dos dedos
T53
Paraplegia com funções normais dos membros superiores e comprometimento dos músculos abdominais e dorsais
T54
Funções normais dos membros superiores com comprometimentos leves das funções do tronco
"T" significa Track; "5" significa atletismo em cadeira de rodas, e o último número representa o grau de incapacidade. A título de exemplo, um atleta de classe T51 percorre os 100 metros na ordem dos 21 segundos, enquanto um atleta de classe T54 faz a mesma distância em 14 segundos
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