Record Challenge Park: Esgrima de cortar a respiração

Ter João Gomes pela frente na minha estreia de florete na mão não foi nada fácil mas o bichinho ficou lá

• Foto: Vítor Chi

Se há modalidade que eu nunca me imaginei a praticar, esgrima era uma delas, mas o Record Challenge Park tem destas coisas, como poderá ver já amanhã. Neste que foi o sétimo e último estágio que o nosso jornal fez para preparar o mega evento que se realiza no Parque de Jogos 1º de Maio, visitei a Academia João Gomes, de onde saí bastante mais rico, principalmente porque tive um treinador que já brilhou nos principais palcos. João Gomes é um ex-atleta olímpico e ex-top-10 do ranking mundial e bastou olhar para mim para perceber que eu não percebia rigorosamente nada do que se passava dentro daquele pavilhão.

"Comecemos pelo início, então. A esgrima é uma modalidade de combate em que o grande objetivo é tocar no adversário e não ser tocado. É como o jogo do gato e do rato ou uma partida de xadrez à velocidade da luz. Temos de ter uma estratégia para tentar enganar o adversário", explicou, passando, sem perder tempo, para o equipamento.

"Agarramos no fio de corpo, que é o que vai ligar o aparelho elétrico à arma para sinalizar os toques. Depois colocamos o fato e o gilet elétrico por cima e essa é a zona de contacto. Tocando aí vai dar sinal, verde ou vermelho."

Com três armas à disposição, escolhemos o florete (também há a espada e o sabre) e o primeiro desafio foi logo a pega. "Isto é um punho analógico, por isso colocamos dois dedos por cima, outros dois por baixo e agarramos. No final colocamos a máscara para proteger a face", referiu.

Só faltava falar sobre a movimentação. "Também é fácil. Primeiro começamos por ficar em posição, com o nosso pé ‘forte’, digamos assim, à frente e virado para a frente, enquanto o de trás fica de lado. Depois fletes um pouco as pernas . Para avançar, o pé da frente puxa o de trás e para recuar é ao contrário. Para atacar, fazes um movimento rápido e esticas tudo", referiu.

Com a teoria aprendida, passámos à prática e, admito, bastaram dois ou três minutos para estar completamente esgotado e a suar por baixo da máscara. Sentia um misto de vontade de pontuar, mas, para tudo o que eu fazia, ele tinha uma resposta. Bloqueava facilmente e, pumba, tocava-me. A frustração começou a tomar conta de mim, aumentei os níveis de concentração, suei ainda mais e... conseguem adivinhar o resultado? Sim, continuei sem conseguir atingir o João Gomes e, enquanto ele estava a jogar a sério, nem perto estive.

Quando já estava a 'morrer', João baixou a guarda e deixou-me ser feliz, até porque tínhamos de ter uma ou duas fotografias em que parecesse que eu estava a ganhar. O meu adversário facilitou, consegui tocar-lhe e ele admitiu: "Para mim não é fácil deixar, o meu instinto é logo bloquear e contra-atacar." Apesar das muitas dificuldades, este é daqueles desportos que fica a saber pouco e deixa o 'bichinho'...

Sonho de voltar aos Jogos

Clauso Neves, presidente da Federação Portuguesa de Esgrima, não esconde as dificuldades atuais, mas destaca a persistência de atletas, técnicos, árbitros e clubes. "Lutamos para nos recompormos das grandes dificuldades que atravessámos. Ainda assim os esgrimistas têm dado um notável exemplo de resiliência. Só isso nos tem permitido continuar a alcançar, embora pontualmente, resultados internacionais de grande valia, como foi o recente 7º lugar alcançado pelo Miguel Frazão no Mundial de juniores. Isso faz-nos crer que, com trabalho e empenho, as medalhas voltarão a aparecer", referiu, desvendando aquele que é o seu objetivo a longo prazo: "Recolocar a esgrima nacional nos Jogos Olímpicos. Entre 1984 e 2008 tivemos sempre pelo menos um atleta nos Jogos e queremos voltar."

Por Pedro Filipe Pinto
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