A propósito do golo de Rivaldo (5): Roberto Carlos, Lyon (França), 1997

DECIDI-ME por um golo num jogo que não mereceu directo nos canais portugueses, porque constituiu a única excepção que abri em década e meia de profissão: festejei este golo. Nunca o fiz noutras circunstâncias, nem da Selecção, nem quando o meu clube marcou golos decisivos frente a estrangeiros e muitos jornalistas em trabalho rejubilavam à minha volta.

Desta vez, saltei e abracei Noé Monteiro, o único jornalista português que testemunhou esta excepção e, a meu pedido, jurou que não a revelaria. Agora, sem pruridos, levo a minha confissão mais longe: senti-me brasileiro!

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A emoção que o golo provocou em mim e em todos aqueles que a ele assistiram fez-me sentir o futebol noutra dimensão. Quando Roberto Carlos começa a contar os passos para apontar o livre, poucos dão importância, mesmo sabendo que o pequeno brasileiro é especialista nestes lances. Zagallo garante aos companheiros do banco: “Se ele marcar, vou-me embora e nem vejo o resto do jogo”. São 34 metros de distância, Barthez na melhor fase da sua brilhante carreira e quatro na barreira (incluindo Zidane). Roberto Carlos remata com a potência que Deus lhe deu e o efeito que o diabo permite. Faz golo e – com Barthez pregado ao relvado mas de pescoço torcido – os 40 mil franceses juntam-se aos cinco mil brasileiros presentes no Estádio Gerland para festejarem como se fosse a França a adiantar-se no marcador. Três minutos depois, as linhas telefónicas entram em sobrecarga, com milhares de telemóveis a tentarem partilhar com os ausentes o momento mágico.

Eu, que gosto muito mais de bola corrida, escolhi um golo de bola parada. Pois é, também gosto mais de morenas e casei com uma loira...

França-Brasil, 1-1

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Árbitro: Kim Nielsen

FRANÇA – Barthez; Candela, Blanc, Desailly (Thuram) e Lizarazu; Karembeu (Vieira), Ba, Deschamps e Zidane; Pires (Keller) e Maurice

Treinador: Aimé Jacquet

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BRASIL – Taffarel; Cafú, Célio Silva, Aldair (Gonçalves) e Roberto Carlos; Mauro Silva, Dunga, Leonardo e Giovanni (Djalminha); Ronaldinho e Romário (Paulo Nunes)

Treinador: Mário Zagallo

Golos: Roberto Carlos (22) e Keller (60)

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Cartão amarelo: Pires (33), Candela (70), Deschamps (90); Dunga (15), Mauro Silva (34) e Cafú (48).

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