"YASHIN foi o inigualável guarda-redes do século." Esta frase pertence ao nosso Eusébio e retrata na perfeição o russo, que revolucionou o futebol sem usar os pés e defendeu mais de 150 grandes penalidades na carreira.
Lev (significa leão em russo) Yashin foi, sem sombra de dúvida, o grande guarda-redes de todos os tempos. Um gigante. Possuía um inato sentido posicional e sempre foi um modelo a seguir. Foi ainda um dos primeiros a aventurar-se fora da pequena área. Por alguma razão foi o único guarda-redes a ganhar a Bola de Ouro (em 63) e o único a quem foram prestados dois jogos de homenagem.
O primeiro a 27 de Maio de 1971, perante 100 mil espectadores no Estádio Lenine, e com a presença de Eusébio, Beckenbauer, Bobby Charlton, entre outros ilustres. O segundo, a 10 de Agosto de 1989, diante de 40 mil moscovitas que aplaudiram, sem parar, Yashin, "obrigado" a dar três voltas à pista de atletismo do estádio numa limusina preta.
Esta foi, aliás, a sua cor de sempre. Por isso, a alcunha "Aranha Negra" assenta-lhe que nem uma luva numa alusão ao seu equipamento e à sua capacidade de defender um número elevado de bolas como se tivesse uma teia na baliza.
Após uma juventude dividida entre vários desportos (hóquei no gelo, futebol, atletismo, boxe, pólo aquático, basquetebol, esqui e patinagem), decide-se pelo futebol, quando aproveita uma lesão do titularíssimo Alexei "Tigre" Khomich para agarrar a titularidade no Dínamo Moscovo, o seu clube de sempre, o qual representou 22 anos, com 813 jogos oficiais.
A partir daí (Agosto de 1953), foi um trajecto imparável rumo à fama e aos títulos nacionais e internacionais, dos quais se destacam dois: os Jogos Olímpicos 56 e o Europeu 60, ambos ganhos frente à Jugoslávia.
Participou em quatro Mundiais (de 58 a 70). No último deles, só é convocado para transmitir experiência e dar bom ambiente ao balneário.
Depois do adeus, manteve-se ligado ao futebol e ao Dínamo Moscovo (director-técnico e, mais tarde, presidente), que lhe construiu uma estátua ao lado do estádio.
Agraciado pelo governo soviético com a honra suprema (a Ordem de Lenine), em 1968, o maior desportista soviético de todos os tempos morreu em 1990, com 60 anos, vítima de um cancro no estômago.
Quem é Yashin?
Nome completo: Lev Ivanowicz Yashin
Posição: Guarda-redes
Data de nascimento: 22.10.29 (Moscovo, URSS)
Data da morte: 21.03.90
Carreira: Dínamo Moscovo (1949-71)
Títulos: 1 Europeu (60), 1 JO (56), 5 Campeonatos da URSS (54, 55, 57, 59 e 63) e 3 Taças da URSS (53, 57, 70)
Prémios pessoais: 1 Bola de Ouro da "France Football" (63), Eleito melhor guarda-redes europeu de sempre por 130 jornalistas do continente, em 1998
Na selecção da URSS: 79 jogos
Figuras dos anos 50 a 70
UWE SEELER (05.11.36, na Alemanha)
Jogou de 1954 a 1978
Marcou golos em quatro fases finais dos Mundiais, tal como Pelé, mas nunca chegou a ganhar a competição. Os alemães chamavam-no o "Rei dos 18 metros" numa alusão à grande área. Dedicou a sua vida ao Hamburgo.
GORDON BANKS (20.12.1937, em Inglaterra)
Jogou de 1958 a 1978
Campeão mundial em 66. Esteve imbatível 442 minutos (recorde no Mundial) e conseguiu defender sete "penalties" seguidos, até chegar Eusébio nas meias-finais. Autor de uma defesa impossível em 70, com um cabeceamento de Pelé.
BOBBY MOORE (12.04.1941, em Inglaterra)
Jogou de 1958 a 1979
O Wembley era a sua segunda casa: lá ganhou a Taça de Inglaterra em 64, a Taça das Taças em 65 (ambas pelo West Ham) e o Mundial 66 (capitão da selecção inglesa). Morreu em 1993, vítima de cancro.
GIACINTO FACCHETTI (18.07.1942, em Itália)
Jogou de 1959 a 1978
Capitão de Itália por 70 vezes (um recorde para a "squadra azzurra"), defendeu a camisola do Inter por 18 épocas, nas quais marcou 59 golos: foi o defesa italiano mais certeiro de sempre.
DINO ZOFF (28.02.1942, em Itália)
Jogou de 1961 a 1983
Campeão europeu em 68 e mundial em 82 (com 40 anos). Jogou 570 jogos na Serie A, 332 deles consecutivos. E estabeleceu dois recordes de imbatibilidade: 903' pela Juventus no campeonato; e 1143' na selecção italiana.
GIANNI RIVERA (18.08.1943, em Itália)
Jogou de 1959 a 1979
Bola de Ouro da "France Football" em 69, um ano depois de ter sido campeão europeu pela Itália. Eleito o melhor jogador de sempre do Milan e considerado o mais completo futebolista italiano do pós-guerra.