Depois de dois anos com três títulos na Coreia do Sul, retornei a casa, ao nosso Portugal, no início de 2021 com o intuito de recuperar o tempo com a família, com os amigos de sempre e com o contacto com o futebol nacional. Trabalhar do outro lado do mundo tem um preço pessoal elevado: as saudades dos nossos mais próximos, de nos sentirmos em casa com um simples café e uma nata, de ver um jogo do campeonato português que não seja às quatro da manhã de Seul. Mas a verdade é que o tempo não se "recupera" nunca. O passado passa e o que realmente interessa, porque o podemos influenciar, são o Presente e o Futuro.
Na minha cabeça, o projeto seguinte - apesar de imprevisível, naturalmente - era claro e passava por um clube estruturado, com a ambição de conquistar títulos e de participar em competições internacionais. Apesar de ter recebido propostas e sondagens de clubes portugueses e outros europeus para terminar a temporada, as minhas expectativas e as condições que procuro eram - e são - inegociáveis: e a existência de um projeto desportivo ambicioso e de uma estrutura forte serão fundamentais nas minhas escolhas futuras.
No entanto, e como quase tudo no futebol é imprevisível, no início de Maio recebi um contacto (que foi mais até um pedido de ajuda) vindo da Arábia Saudita, para conduzir o Al-Hilal na reta final do campeonato. Um projeto muito curto, que em condições 'normais' não seria prioritário nesta fase da minha carreira, mas que, pela forma como me foi endereçado e pela grandeza do clube (um dos maiores de toda a Ásia e Médio Oriente) resolvi aceitar e retornar, pela terceira vez, à Arábia Saudita.
As minhas duas experiências anteriores foram decisivas na imagem positiva do trabalho que consegui fazer em clubes de média dimensão e que fizeram com que os responsáveis do Al-Hilal considerassem que possuo o perfil e a experiência certas para conduzir o clube ao título nacional em tão pouco tempo.
Numa primeira abordagem ao clube e à equipa, procurei familiarizar-me rapidamente com os jogos anteriores, com uma análise vídeo profunda e da qual retirei uma série de conclusões sobre o que estava bem e o que se poderia melhorar em pouco tempo. Logo, confrontei os atletas com esta análise e procurei saber o seu feedback, envolvendo o grupo desde início e assegurando que todos estamos perante a mesma realidade e o mesmo desafio: ser campeões da Arábia Saudita. O foco é total e único: conquistar o troféu.
Encontrei aqui em Riade um clube enorme, com um plantel recheado de qualidade: para além dos bons jogadores sauditas, nomes como Giovinco, Gomis, Carrillo ou Vietto compõem um grupo de jogadores sólido. Mas algumas dinâmicas internas não estavam propriamente a resultar como o esperado e, faltando defrontar os dois principais rivais diretos e a apenas cinco jornadas do fim, era preciso algo mais. Foco, liderança, motivação, organização e uma injeção de confiança que só se consegue com o trabalho certo, com treinos muito direcionados a objetivos específicos e em que os atletas efetivamente acreditem nos processos.
Depois dos dois primeiros jogos com a minha equipa técnica no comando, conseguimos descolar dos nossos rivais, em parte pela estrondosa vitória por 5-1 no terreno do nosso principal adversário. Mas estes foram apenas dois degraus que conseguimos subir e faltam mais três para o objectivo. Nesta curta mas aliciante aventura, não há margem de erro e a manutenção total do foco é essencial. Os Campeões são assim e eu vim para a Arábia para tornar o Al-Hilal campeão.
Quero levar mais este título para Portugal e saboreá-lo junto de todos vós.
E se for com um café e uma nata a acompanhar, melhor.
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