A final da 60.ª edição da Liga dos Campeões foi um espetáculo para recordar por muito tempo. Um luxo tático, jogadas de sonho e emoção levada ao limite. Todas as finais deviam ser assim!
Ganhou o melhor, num jogo de enorme carga dramática, mas do ponto de vista da emotividade e da espetacularidade, a final de Berlim fica para a história como uma das melhores de que há memória. Duas escolas distintas, embora com pontos de contacto, que proporcionaram momentos de pura delícia. Não é normal que numa final da Liga dos Campeões se vejam tantas oportunidade de golo, que a bola ande tão perto das duas balizas. Anarquia tática? Claro que não, até porque isso é impossível quando está em campo uma equipa italiana. Um Barça a tentar – e a conseguir – respeitar a sua identidade. Uma Juventus equilibrada e a escolher os momentos e as zonas de pressão com um requinte que é marca da casa.
Consulte o direto do jogo.
O golo madrugador de Rakitic e, sobretudo, a facilidade com que a armada criativa do Barcelona produziu esse lance, lançou no jogo uma ideia de que as coisas poderiam estar irremediavelmente resolvidas. Errado. Nada se resolve aos 4 minutos e menos ainda numa final. E quando do outro lado está uma equipa com a qualidade da Juventus, então aí nem pensar. O "poema" que o médio croata assinou, naquela que foi a primeira vez que o Barça entrou nos últimos 30 metros, atingiu a perfeição estética. Messi a aparecer no início do lance, a virar o centro do jogo da direita para a esquerda. O suficiente para obrigar o bloco dos italianos a bascular apressadamente para a zona da bola. O movimento já aconteceu, porém, em défice de organização. A consequência foi que alguém se esqueceu de acompanhar Iniesta, que encontrou uma "zona morta" entre linhas, chegou à grande área e, com serenidade, encostou em Rakitic, que com a mesma serenidade encostou facilmente, com o pé esquerdo, sem hipótese para Buffon. Ainda o guarda-redes mal tinha tocado na bola e já o Barça vencia. Era impossível começar melhor.
Enorme expectativa, a partir deste momento, para perceber o que fazia a equipa de Allegri. Se mudava algo naquela estratégia de contenção, com Pirlo à frente dos centrais, sempre apoiado de perto pelos restantes três médios (Marchisio, Pogba e Vidal) ou se, pelo contrário, fazia o que fosse possível em busca de alguma iniciativa. Nem sempre isso é possível quando do outro lado estão os reis da posse de bola, mas a Juventus tem argumentos e experiência (média de idades do onze acima dos 30 anos) para discutir um jogo com qualquer adversário. Demorou algum tempo, mas os italianos foram capazes de anular aquela forte sensação de inferioridade. Num primeiro momento, em contra-ataque puro e por ação individual de Morata, que levou a bola durante 50 metros – batendo Mascherano em velocidade – para assistir Vidal, que já perto da área rematou por cima da baliza. Primeiro aviso de que, afinal, o golo de Rakitic não sentenciara nada.
Entre o minuto 20 e o intervalo, uma boa meia dúzia de ocasiões, com ligeira vantagem para o Barça. Buffon fazia milagres e pedia que o seguissem. O frenesim aumentou no último quarto de hora da 1.ª parte e ficou a clara indicação de que, após o intervalo, havia muitas fichas para jogar.
Ritmo frenético
Ao minuto 55, depois de Luis Suárez ter desperdiçado duas (mais duas…) grandes oportunidades, aconteceu o primeiro momento de desequilíbrio produzido pela Juve. Marchisio extraordinário a "inventar" um corredor por onde entrou Lichtsteiner. Bola na área, remate de Tévez para defesa de Ter Stegen e 1-1, na recarga, por Morata. Justo, em certa medida, e decisivo para o que aconteceu nos 15 minutos seguintes. De repente, a Juve passa a acreditar que é possível, consegue ter bola, fazer subir o seu bloco e a beneficiar do pouco comprometimento do tridente da Barça na hora de defender. Por um lado, Luis Enrique mantinha todo o poder ofensivo e tinha os três permanentemente em zona adiantada, por outro aceitava correr de defender sem Messi, Neymar e Suárez, que "estacionavam" no meio-campo quando os italianos saíam em organização. Risco total, final… ao rubro. O "problema" – para os adversários – é que há Messi. E foi a devolver a liderança no marcador ao Barcelona, porque só ele poderia arrancar daquela forma, escapar à "jaula" que o guardava, e ser tão decisivo, de novo, que bastou a Luis Suárez estar no sítio certo para encostar para o 2-1. A 20 minutos do fim, e ainda com todas as substituições por fazer, ainda existia um resto de história por contar. Allegri e Luis Enrique mexeram no sentido que se esperava: a Juventus, em desespero, buscou o jogo direto; o Barça, pelo contrário, baixou as linhas e procurou o contra-ataque. Continuavam os lances de perigo e… a emoção, que só terminaria, incrivelmente, no último segundo. Prémio para Neymar e, de uma vez por todas, a 5.ª Liga dos Campeões para a Catalunha. É lá que estão a melhor equipa e o melhor jogador do Mundo.
Árbitro: Cüneyt Çakir
Dois penáltis por assinalar, um para cada lado, e um deplorável critério disciplinar. Pogba, por exemplo, foi duas vezes poupado ao segundo amarelo.
NOTA TÉCNICA
Massimiliano Allegri (3)
Sem qualquer estratégia superdefensiva, o líder da Juventus foi exemplar na escolha dos argumentos para tentar contrariar o maior poder do adversário. Na 2.ª parte, com 1-1, ainda chegou a estar por cima do jogo. Não é para todos.
Luis Enrique (5)
Teve a felicidade de poder contar com
o onze de gala no jogo mais importante da época e não desiludiu. Um Barça de identidade muito forte, que deve grande parte do êxito ao notável trabalho de gestão do seu treinador. Ganhou tudo!
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