"Sei bem como é o ambiente na Luz e a paixão que os adeptos tem pela equipa", vincou o ex-Sp. Braga e Olhanense...
RECORD - O Shakhtar está agora em fase de preparação para a segunda parte da época, com vários jogos-treino. Sente a equipa num nível próximo ao alcançado na primeira fase da temporada?
ISMAILY - É difícil saber realmente em qual nível estamos nesse momento, será preciso o reinício dos jogos oficiais para termos uma idéia do nível atual da equipa. O que posso dizer é que fizemos uma ótima preparação durante a pré-época e esperamos que isso reflita já na próxima quinta-feira.
R - Há vários comentadores em Portugal que dizem que a paragem das competições na Ucrânia pode ser a grande vantagem para o Benfica. Consideras ser assim tão determinante ou o facto de o Shakhtar ter menos jogos nas pernas poderá ser um factor positivo?
I - É uma eliminatória a duas mãos, obviamente que o Benfica tem uma vantagem por já estar em competição, com jogos importantes nas últimas semanas e com a equipa com ritmo. Mas nós também temos uma vantagem de não estarmos desgastados fisicamente e psicologicamente. No final espero que a balança pese para o nosso lado.
R - Na Ucrânia, o Shakhtar está fora das taças mas tem 14 pontos de avanço no campeonato. Já o Benfica tem 7 a mais do que o FC Porto e está perto de ir à final da Taça de Portugal. Esta situação das duas equipas na época pode fazer com que apostem tudo na Liga Europa? O objetivo do Shakhtar é declaramente ganhar a Liga Europa ou não assumem isso para já?
I - As duas equipas tem estado bem nos seus respectivos campeonatos nacionais, e a Liga Europa é uma excelente oportunidade para mostrarmos nosso valor além das fronteiras dos nossos países. Temos sim ambições na competição, mas nosso objetivo é sempre vencer o próximo jogo e no final vê-se onde chegamos.
R - Nas entrevistas que vão sendo dadas no site do Shakhtar, vários companheiros de equipa assim como o treinador já confirmaram que têm observado vários jogos do Benfica. O que é que de melhor tem esta equipa do Benfica?
I - Temos estudado a equipa do Benfica e as análises se intensificaram nos últimos dias, mas são análises que ficam apenas para a nossa equipa, o que posso dizer é que defrontaremos uma grande equipa e teremos um grande desafio pela frente.
R - Já jogou em Portugal e a maior parte dos jogadores do plantel do Shakhtar não sabe o que isso é. Os teus colegas de equipa perguntam se há um clima adverso por jogar no Estádio da Luz por causa do público?
I - Sei bem como é o ambiente na Luz e a paixão que os adeptos tem pela equipa. Ainda não tive essa conversa com nenhum companheiro de equipa, mas são jogadores acostumados a jogar sob pressão.
R - O Pizzi é um dos destaques do Benfica nesta época pelos golos que tem marcado mas também pela forma como organiza a equipa. Por coincidência é um jogador que joga no meio-campo pela direita e portanto vai estar por perto de ti muitas vezes durante os jogos. Já estiveste a estudar a forma como ele joga?
I - Ainda não estudei individualmente os jogadores, geralmente recebemos essas informações em vídeos dois dias antes da partida, mas é sempre motivante e desafiador defrontar bons jogadores.
R - O Shakhtar tem um passado ligado à aposta no mercado brasileiro a dar frutos, já desde os tempos de Mircea Lucescu. É também esse o segredo do êxito do clube na Ucrânia, o facto de ter muitos brasileiros no plantel e jogarem um futebol também diferente e ao mesmo tempo atrativo?
I - Realmente o nosso clube tem uma política de apostar em jovens jogadores brasileiros e acredito que esse seja a receita do nosso sucesso em termos nacionais, jovens jogadores com talento e ambição com alguns jogadores experientes.
R - A eliminatória ditou que o Shakhtar jogasse primeiro em casa e depois em Lisboa. É uma desvantagem?
I - Não acredito que isso seja uma desvantagem, é claro que decidir em casa diante dos adeptos traz um certo conforto, mas de nada adianta se não fizermos nossa parte dentro de campo.
R - Além disso, o conflito com a Rússia impede-vos de jogar em Donetsk. Para si que acompanhou tudo desde o início, acha que o plantel já sente Kharkiv como a sua casa?
I - Obviamente sentimos falta da Donbas Arena, sempre será nossa casa...mas já estamos completamente à vontade em Kharkiv, nas competições europeias os adeptos abraçam a equipa de maneira muito calorosa.
R - Luís Castro chegou esta época à Ucrânia e tem feito um arranque impressionante pelo Shakhtar no campeonato. Apesar de afastados das taças, ainda não perdeu para a liga. O que deu de novo aos jogadores o treinador português em relação a outro português, o Paulo Fonseca?
I - São dois excelentes treinadores, cada um com sua filosofia. O míster Luís Castro adaptou-se muito rapidamente ao campeonato ucraniano e tem demonstrado isso com os resultados.
R - É um dos jogadores mais experientes no plantel mas também um dos pilares deste Shakhtar. Já pensou ter uma nova experiência noutro campeonato depois de sete anos na Ucrânia? Se sim, voltar a Portugal seria uma hipótese?
I - Completei em fevereiro sete anos na Ucrânia, é claro que tenho a ambição de jogar campeonatos mais fortes e competitivos. Estive em Portugal durante três anos e meio e fui muito feliz, e é sempre uma boa hipótese, mas ainda tenho alguns anos de contrato aqui. Vamos ver o que acontece nas próximas janelas de transferências.
R - Em janeiro muito se falou de Mykola Matviyenko, em particular porque o Arsenal se mostrou interessado por este jovem defesa ucraniano. O que mostra para vingar num dos cincos grandes campeonatos europeus?
I - Kolya é um jogador jovem muito talentoso, muito forte fisicamente e tecnicamente. Tem todas as condições para jogar em grandes campeonatos.
R - Fez duas épocas com o Jardel, uma das grandes baixas por lesão para a eliminatória, em Portugal. Primeiro no Estoril e depois no Olhanense, já depois de terem jogado junto no Desportivo Brasil. Vocês ainda mantêm contacto? Falaram sobre a eliminatória? Houve alguma brincadeira entre ambos?
I - Jardel é um homem com um coração enorme, tenho grande admiração pela pessoa que ele é e pela carreira que construiu. Infelizmente nos últimos anos não temos muito contacto, mas espero que possa reve-lo mesmo que fora de campo.
R - Em Portugal foi companheiro de equipa de dois portugueses que agora dão cartas como treinadores. O Marco Silva já treinou vários clubes em Inglaterra. Já o Rúben Amorim teve um arranque incrível pelo Sporting de Braga, ganhando inclusivamente a Taça da Liga. Pensa ser treinador ou em ficar ligado ao futebol quando acabares a carreira?
I - Tive a felicidade de trabalhar com essas duas grandes pessoas. O Marco é um 'cara' excecional que me ajudou muito quando cheguei ao Estoril, tem um espírito de liderança impressionante. O Ruben é um 'cara' incrível, está sempre de bem com a vida, muito extrovertido e brincalhão, tem um coração enorme. São dois grandes profissionais e têm demonstrado isso, torço para que tenham muito sucesso em suas carreiras. Eu não tenho o perfil de líder e treinador, não penso em exercer essa função, talvez outra coisa ligada ao futebol, mas ainda não penso nisso.
R - À parte do futebol, sei que é um homem de causas. Criou uma instituição de solidariedade social em Mato Grosso do Sul e a tua intervenção também já é falada mas é ainda uma exceção num mundo como o do futebol. Consideras que mais futebolistas, treinadores e dirigentes deviam olhar à sua volta e tentar ajudar mais quem mais precisa?
I - Tenho feito ações sociais e recentemente criamos um instituto que tem como finalidade promover e desenvolver atividades esportivas para crianças e adolescentes menos favorecidos. Acredito que essas questões são muito particulares, ninguém tem a obrigação de ajudar o próximo, mas com certeza se sentirá muito melhor se o fizer. Eu tenho uma condição financeira que me permite ajudar, mas não é só com dinheiro que se pode fazer boas ações. Vejo que cada vez mais jogadores têm feito esse tipo de ações.
Árbitro inglês recorda o sucedido após a final da Liga Europa em 2022/23 entre Sevilha e Roma, à data orientada pelo técnico português
Formação sérvia vai defrontar o Sp. Braga no final de outubro
Dragão remodelado foi competitivo, mas curto... até aos retoques da elite. Gestão já estava feita
Bracarenses conseguem 1.ª vitória na Escócia depois de um jogo em que foram dominadores
Ex-Sporting esteve "desaparecido desde o primeiro minuto" no jogo com a Suíça
Francês não orienta uma equipa desde 2021, quando saiu do Real Madrid
Avançado do Sporting foi titular, médio do Benfica entrou para os minutos finais
Antigo internacional inglês escreveu um livro sobre a carreira