Foi um dos grandes futebolistas nacionais de todos os tempos. Na meia-final do Campeonato da Europa com os franceses colocou Jordão na rota dos golos com dois passes decisivos. Também na vida ficou a uma eliminatória do êxito absoluto
CHALANA foi um jogador explosivo, com mudanças de ritmo inesperadas e decisivas. A selecção que chegou às meias-finais do Campeonato Europeu de 1984 deve-lhe muito do protagonismo e da eficácia. O ponta-esquerda do Benfica quebrou por instantes a humildade rasteira que aprisionava os jogadores portugueses que vestiam a camisola das quinas. Arrojado e engenhoso, partia para cima dos adversários com a certeza que os ultrapassava. O pé esquerdo era imprevisível e elegante. Assumia o risco sem complexos e com alma, porque para ele o futebol era a única linguagem onde se expressava livremente.
Fora dos relvados, Fernando Chalana, 41 anos, representava o contraste. Calado, introvertido, encolhido no 1,67 metros. Talvez por não ter irmãos, nunca foi um grande comunicador. Filho de um operário da CUF e de uma funcionária do refeitório da mesma fábrica, começou a jogar futebol no Barreiro e aos oito anos já tinha ganho um troféu nos jogos da cidade. Em casa não se falava de futebol nem de política, apesar da oposição ao regime. Vivia-se com pouco dinheiro e o resto da história faz parte dos clássicos do género. A única singularidade era mesmo o pé esquerdo e o jeito de Chalana. Aos 15 anos, Coluna viu-o jogar e indicou-o ao Benfica. O Sporting também já tinha ouvido falar do ponta-esquerda, mas voltou a atrasar-se e por mil contos – um valor elevadíssimo – perdeu-o para o Estádio da Luz.
No Benfica aperfeiçoou a técnica e foi ganhando o seu espaço até o treinador Mário Wilson o estrear na equipa principal em 7 de Março de 1976 com o Farense (3-0), para substituir Toni. Aos 17 anos inaugurou o percurso desportivo na antiga I Divisão e ficou na Luz até 1984. Depois, passou pelo Bordéus durante duas épocas e meia traumáticas devido a uma sucessão de rupturas musculares: até arrancou o nadegueiro, uma invulgar lesão de toureiro. O pouco que se salvou da experiência foram os dois mil contos mensais e o título de campeão francês.
Novamente no Benfica jogou mais três temporadas sempre em plano inclinado até Eriksson o dispensar. Tinha 29 anos e já estava precocemente consumido para o futebol. Ainda passou pelo Belenenses e E. Amadora (II Divisão). Mas depois desapareceu durante quatro anos, e só reapareceu para treinar os juniores do Benfica. Chalana ainda mantém abertas as feridas do passado. Acredita com razão que passou ao lado de uma carreira fulminante e atribui a um grupo de dirigentes sem cara a responsabilidade pelo fracasso. Poderia ter chegado mais longe, mas a verdade é que o seu nome é apenas recordado em Portugal e pouco mais.
A inexistência de transmissões televisivas de futebol é outra das amarguras do ponta-esquerda. Como nos anos setenta e oitenta ainda eram raras, os seus golos e jogadas morriam dentro dos relvados, sem a divulgação que poderiam ter agora. Uma vez, num jogo com o Beira Mar fintou todos os adversários de uma área à outra, até o guarda-redes, mas ninguém se lembra, a não ser ele, os outros protagonistas e a ex-mulher Anabela, que o acompanhou durante os melhores anos. Polémica e incisiva, Anabela negociava contratos e desafiava os treinadores, compensando a timidez crónica do marido. No fundo, surpreendia tanto como Chalana nos estádios, e por isso durante dez anos foram a mesma pessoa, até se divorciarem. Hoje, só falam por causa do filho de 13 anos.
Chalana voltou a casar e a refazer a vida. Deixou de jogar e de vestir as túnicas exóticas que a ex-mulher lhe comprava. Perdeu protagonismo e passou a mastigar na intimidade os êxitos do passado. E entre esses, o Europeu de 1984 é um dos pontos altos. No fim de tarde daquele 23 de Junho, o esquerdino construiu dois golos para Jordão (2-1) na meia-final. Parecia o suficiente para levar a equipa à final, mas a reacção demolidora dos franceses já no prolongamento acabou com tudo a um passo do cume. Tal como a vida de Chalana.
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