Roterdão - Michel Platini, o melhor jogador europeu dos anos 80, que ganhou quase sozinho o Euro-84, sai desta competição bem satisfeito com a qualidade do jogo praticado. Reconhece que os últimos encontros foram menos espectaculares que os primeiros, mas lembra uma velha máxima: “Há o ganhar e o não perder.” Este é o resultado de dez perguntas rápidas feitas a um dos decisores do futebol mundial, uma das vozes que Joseph Blatter mais ouve na presidência da FIFA.

- Gostou do Europeu?

- Foi o melhor dos últimos anos. Disso não tenho dúvidas.

- Mas não lhe parece que os últimos jogos foram contra um início em que o futebol bonito tinha mandado mais?

- Sim, é verdade. Mas convém não esquecer que, no futebol, há o ganhar, mas também há o não perder.

- Houve equipas que renunciaram aos seus princípios quando as decisões apertavam, como Portugal...

- Mas Portugal fez um bom Europeu. Perdeu com a França mas tem uma boa equipa.

- Perdeu num jogo a lembrar uma noite de Marselha, em 1984...

- Com uma diferença: eu marquei o golo da vitória aos 119' e o golo de Zidane foi aos 117'.

- E, graças ao golo de ouro, não houve hipótese de recuperação. Gosta do sistema?

- Sim. O propósito deste jogo é marcar golos. Com o golo de ouro, já se sabe que o primeiro a marcar ganha.

- E se ninguém marcar?

- Por mim continuava-se. Propus isso, mas não aceitaram. Se dissermos que não há “penalties” no fim, estou certo que todos os jogadores fariam tudo para marcar golos. Porque não estão para jogar 150 minutos.

- Não gosta dos “penalties”, então?

- Preferiria a continuação do prolongamento, pois o futebol é um desporto colectivo e não individual.

- Qual foi a melhor equipa deste Europeu?

- A França, sem dúvida. Porque joga bem, porque tem elementos fisicamente fortes e porque não tem só onze jogadores. Tem pelo menos 22 ao mesmo nível.

- É uma equipa melhor do que aquela de que você fez parte?

- Bom, eles ganharam o Mundial e nós não. Talvez o tivéssemos ganho se os árbitros não nos tivessem boicotado... Mas é sempre impossível fazer essas comparações. O Brasil de 70 era melhor que o de 94 ou que o de 58? Nós somos o passado, eles são presente e depois ainda há o futuro. Não posso fazer essa comparação como não posso comparar o Benfica dos anos 60 com o de agora. Qual era melhor?

- O dos anos 60 ganhava mais...

- Sim, ganhava mais, mas se jogassem um contra o outro quem venceria? É impossível sabê-lo.