Conhecedor por dentro do futebol grego, pela sua experiência como treinador do AEK e Panathinaikos, Fernando Santos [doze dos 23 convocados de Rehhagel foram treinados pelo engenheiro] achava que a Grécia podia causar surpresa, mas não esperava que chegasse à final. "O que faltava ao futebol grego não era nível técnico, qualidade, individualidades, mas conceitos tácticos fortes, rigor, organização. É uma questão cultural. Sempre tiveram jogadores de qualidade, capazes de uma grande vitória e, logo a seguir, de uma derrota inesperada com um adversário de menor cotação. Tinham muitas semelhanças com o futebol português."
Santos considera que "Rehhagel conseguiu juntar à qualidade natural dos jogadores, sentido táctico do jogo, organização, rigor, disciplina. Antes só se via a qualidade dos jogadores gregos – jogavam bem, mas não havia equipa. Hoje vê-se a equipa e não a sua qualidade individual".
Curiosamente, Fernando Santos acha que a Grécia vai tentar surpreender Portugal: "Acredito que vão mudar o modelo de jogo, ser mais agressivos e fazer pressão mais alta. Vão apostar no efeito surpresa. Se perderem com Portugal, será uma decepção, mas não deixarão de sair em glória. Creio que vão correr mais riscos."
Permitir à Grécia marcar primeiro tornará as coisas muito complicadas, segundo Fernando Santos. "Defendem com toda a gente atrás da linha da bola e são muito perigosos a sair para o contra-ataque e nos lances de bola parada."
De resto, a derrota no jogo de abertura deve servir de lição. "Portugal abordou mal esse jogo, a Grécia nos primeiros minutos criou três, quatro situações de golo. Tivemos muitas dificuldades na ligação do jogo, o Rui Costa era um corpo estranho naquele meio-campo com o Costinha e o Maniche, o Paulo Ferreira não sabia como se movimentar com bola, estava rotinado em certos movimentos para sair e não saía. O Costinha, o Deco e o Maniche jogam juntos há dois anos, têm automatismos e rotinas consolidados que não é possível criar em quatro dias."
Os gregos apostam no descuido do adversário e Fernando Santos diz que será preciso "paciência, muita paciência para não cometer erros". Se assim for, Portugal vai ser campeão europeu, porque "tem jogadores de grande qualidade e dez milhões a puxar por eles. Os gregos também têm dez milhões, mas estão lá, não estão cá. É diferente".
O melhor? Carvalho!
Se tivesse de escolher o melhor jogador do Euro'2004, Fernando Santos não hesitaria: "Ricardo Carvalho! E logo a seguir o Maniche, que também tem feito uma prova fantástica". Destaca outros como Baros, Ro-oney, Berbatov, Larsson, Ibrahimovic, Martin Petrov, Heinz... Sobre Cristiano Ronaldo considera que "ainda não pôs tudo cá fora" e que "precisa amadurecer tacticamente", embora realce a evolução que registou no Manchester: "Tinha boa impulsão, mas precisava melhorar o "timing" de encontro com a bola. Já fez dois golos de cabeça..."
O coração de Figo
Para Fernando Santos, o único galáctico que esteve à altura neste Euro foi Figo. "O Raúl, o Beckham e o Zidane passaram por aqui, surgiram debilitados em termos físicos. O Figo não estará fisicamente ao seu melhor nível, mas em compensação está a jogar com numa coração enorme. Compensa. E na final pode ser ele a desequilibrar..."
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