Selecionador nacional justificou escolhas da convocatória para o Euro'2024 e não escondeu ambição: "Se não sonharmos, não vamos conseguir"
Roberto Martínez concedeu uma entrevista à Sport TV horas depois de anunciar a convocatória da Seleção Nacional para o Euro'2024, onde justificou boa parte das escolhas e abriu o jogo relativamente a algumas nuances que a equipa pode utilizar na competição e durante a preparação para a mesma.
Olhando para Pepe, em que condições chega a este Euro? Cinco centrais, pode ter a ver com a questão física do Pepe?
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"Gostamos de ter cinco centrais porque são jogadores diferentes, mas dão opções à nossa estrutura, de jogar com três centrais, ter uma linha de quatro ou de cinco. Precisamos dessa flexibilidade para os adversários que vamos ter pela frente. O Toti Gomes teve azar porque é o 6.º central e a estrutura precisa de cinco. Depois, a lista é uma lista que não tem a ver com um momento único, não é um período de reflexão dos últimos três ou quatro meses, é algo que mostra o trabalho de quase 18 meses. É importante olhar para o momento de forma do jogador e para a continuidade, para podermos executar conceitos. No futebol de seleções é difícil criar uma sincronização com uma mudança frequente de jogadores. A lista mostra isso. Tivemos um trabalho muito difícil para preencher 26 lugares com 33 ou 34 jogadores que tiveram um papel importante".
Pepe: "Pepe está apto medicamente. Tivemos uma conversa muito detalhada com a equipa médica. Já o Raphaël Guerreiro, não estaria apto para o primeiro dia de preparação. O Pepe, esperamos que assim esteja".
Danilo e Palhinha podem fazer a posição '6'. Estaria em condições de apontar uma dupla preferencial de centrais?
"É importante utilizarmos a flexibilidade tática. Gostaria que os treinadores adversários tivessem dúvidas".
Em que cenários Gonçalo Inácio e António Silva podem ser úteis?
"O sentimento durante o treino dá muito essas noções. Inácio tem perfil de pé esquerdo, Rúben Dias, Pepe e António Silva têm de pé direito. Mas é importante o treino. Há situações em que as decisões de quem está no 11 inicial têm a ver com um papel específico, por poderem jogar contra um certo ponta-de-lança. O mais importante é o período de treino antes do jogo. Na nossa metodologia, o treino dá respostas. Podemos jogar com três centrais, ter um jogador híbrido, outros fora que jogam por dentro, uns que fazem toda a ala. As opções são diferentes de quem executa o conceito tático".
Nuno Mendes esteve muito tempo lesionado. Aproveitou o perfil do Dalot por causa da lesão do Nuno?
"Gosto de olhar para as ligações nas zonas do relvado. A posição do Rafael Leão é muito interessante, não há um jogador suficientemente rápido para poder chegar às zonas que ele ocupa. Faz sentido utilizá-lo para ter largura, profundidade. Consideramos que o Nuno Mendes é o jogador com melhor perfil [para ocupar a ala esquerda], mas olhamos também para as ligações nas diferentes zonas do relvado".
Cancelo será para utilizar preferencialmente no lado esquerdo?
"Não faz sentido falar de um jogador agora. Acho que o Cancelo e o Dalot podem jogar nas duas alas. O Nuno Mendes joga na esquerda e o Semedo na direita. Os papéis dos jogadores estão muito claros".
Como olhou para a versatilidade de Rúben Neves, Danilo e Palhinha?
"Acho que o Rúben Neves é um '8', pode estar na construção, mas também chega muito bem, tem um bom último passe. É preciso um box-to-box na zona de influência. Danilo e Palhinha são fortes fisicamente e fortes nas bolas paradas. João Neves é mais um '6', é especialista em proteger, reagir e defender rápido. Isso é importante para uma equipa que quer ter o controlo da bola. Rúben Neves é mais um jogador que ocupa espaços à frente, é mais um '8'".
Pedro Neto voltou agora a jogar após dois meses e meio de ausência. Preocupa-o a falta de ritmo dele?
"O Pedro está a trabalhar há três semanas e agora está apto e fresco. A versatilidade e a polivalência dele são os pontos fortes. Pode jogar na esquerda, direita, é muito forte na transição e dá opções para uma linha de cinco. Pode jogar em posições diferentes".
Na conferência de imprensa lamentou a ausência de Ricardo Horta. O grande ponto forte de Francisco Conceição é a forma como vê baliza?
"É isso mesmo, é a verticalidade. Tem personalidade para mudar momentos do jogo. Nos últimos meses foi individualista, mas um jogador de equipa. É um jogador cheio de contradições. Tem o último passe, o golo que pode marcar o momento-chave do jogo. E é consistente, está a jogar muitos minutos em jogos importantes, na Liga dos Campeões, tem disciplina tática, um alto número de recuperações no campo do adversário. Há aspetos que, objetivamente, são claros de que o Chico fez uma grande época. Depois, gostei muito do caminho dele durante o Europeu com os sub-21. Foi um momento importante para ele, mostrou personalidade e responsabilidade. E depois passou um período difícil no Ajax e cresceu muito, ganhou muita maturidade. Agora temos um jogador perfeito para um torneio".
Trincão é o jogador mais próximo de Francisco Conceição? O facto de não ter estado no estágio de março, pesou na decisão?
"Pesou, sim. Olhamos sempre para o jogo, o jogo dá soluções. O Trincão esteve na lista de março e esteve lesionado. O Francisco entrou contra a Eslovénia, num jogo difícil e mostrou estar preparado. Faz sentido dar continuidade, gosto de criar um ambiente competitivo e deixar o jogo dar as soluções. O Trincão, a nível de clubes, fez uma época em que merece estar na Seleção, mas quando olhamos a outros jogadores, o Francisco ficou à frente na lista".
O facto de Matheus Nunes não ter tido tantos minutos no Man. City foi determinante?
"É difícil para nós saber se consegue fazer dois jogos no espaço de quatro dias. A ideia em março era ele fazer os dois jogos, mas depois do primeiro ele não estava apto para o segundo. O Rúben Neves pisa os mesmos terrenos, o Otávio também. Conhecemos muito o que o Matheus pode dar, mas não sabemos em que período".
Na qualificação para o Euro, houve uma maior valorização dos médios. Concorda?
"Acho que é importante reconhecer que no futebol moderno o bloco médio é muito forte. Mas temos de tentar mostrar o nosso talento da melhor forma, e a nossa melhor forma é utilizar o Bruno Fernandes e o Bernardo Silva. O ponto forte deles é a decisão. Precisamos de abrir o espaço no jogo. É importante o Bernardo começar o movimento fora e terminar dentro. É mais para utilizar o talento que os nossos jogadores têm, e claro que também queremos controlar a bola. Para isso é preciso dar foco aos jogadores do meio-campo".
Cristiano Ronaldo e Gonçalo Ramos podem conviver no mesmo jogo? Seria uma solução interessante?
"Sim, e acho que o Diogo Jota também aparece. O Gonçalo e o Cristiano jogaram contra a Eslováquia, e precisamos de mais um ponta-de-lança que possa ser opção. Precisamos de mais jogadores na área do que entre-linhas em alguns jogos".
O que mais o preocupa para este Europeu? O momento dos jogadores, o estado físico deles?
"Acho que as lesões fazem parte. Acredito muito no nosso trabalho no campo de treino para estarmos num bom nível. Acho que o ponto difícil é a pressão psicológica que podemos ter por estar numa situação onde nunca estivemos. Na Eslováquia sofremos o primeiro golo... O apoio dos turcos em Dortmund? Pode ser uma 'luta' na bancada também! Acho que os três jogos que temos são uma oportunidade para crescer no torneio. As equipas ganhadoras crescem durante os três primeiros jogos de um torneio. Gostaria de os poder utilizar da melhor forma possível".
Está ansioso pela positiva?
"Acho que o dia da convocatória é o primeiro passo, é um dia especial. Agora, podemos focar as nossas energias, aquilo que a Seleção dá aos adeptos. E há jogadores que ainda têm alguns jogos, há alguns que só estão agora a desconectar. Acho que o período do Europeu está aqui".
Sonhar podemos sonhar todos, mas Portugal tem possibilidades de chegar a uma fase decisiva, meias-finais, final?
"Acho que não há seleções favoritas, há candidatas. Há jogadores de um nível em que todos estão preparados para ganhar. Para nós, acho que somos candidatos. Mas, mais uma vez, não tem a ver com o que somos agora, tem a ver com o que podemos ser depois do jogo contra a Geórgia. A equipa que somos agora, precisamos de ser uma equipa ainda melhor depois desse jogo. Se não sonharmos, não vamos conseguir".
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