Alemanha-Argentina, 1-0: O show dos poderosos

Alemanha-Argentina, 1-0: O show dos poderosos
Alemanha-Argentina, 1-0: O show dos poderosos • Foto: REUTERS

Foi preciso esperar pelo minuto 113 para que a Alemanha conseguisse aquilo que tanto perseguiu ao longo do jogo e durante os últimos 24 anos. O golo de Götze simboliza até a passagem de testemunho entre a Alemanha que se construiu com os pilares do rigor e da organização do passado e a nova Alemanha feita de irreverência, talento e habilidade e que tem no jovem herói, de 22 anos, a garantia de um futuro com mais conquistas.

Durante todo o Mundial, a Alemanha encantou pelo seu futebol mais sul-americano do que o dos sul-americanos, de toque e de controlo, mas sempre obedecendo aos princípios da organização. Mas também cativou pela abertura e espírito descontraído que granjeou simpatia até (e especialmente) dos destroçados brasileiros. Os argentinos tiveram de cuidar com rigor da sua organização, sobretudo defensiva (sector tão criticado antes de o Mundial arrancar), enquadrada com a existência de um génio que mesmo sem deslumbrar esteve sempre presente nos momentos decisivos. Contudo, ao longo da Copa, sorrisos da equipa de Sabella só depois das vitórias e atividades lúdicas, zero!

O Maracanã preparou-se, pois, para um duelo histórico e de contrastes e até contranatura. E quando a bola começou a rolar aquilo que tinha sido a identidade das duas seleções ficou evidente.

Iniciativa alemã. A equipa de Löw, mesmo sem poder contar à última hora com Khedira, quis assumir a iniciativa. Preencheu o meio-campo, teve bola, expôs-se mais, procurando fechar as saídas para os argentinos e impôs-se no primeiro “round”.

Nem todas as portas estavam, porém, fechadas e isso provou-se sempre que a bola chegava a Messi ou Lavezzi e estes “explodiam” em direção à área adversária. A primeira grande oportunidade, porém, surgiu do “nada”, e para a Argentina. Um mau atraso de Kroos de cabeça isolou Higuaín que, com tempo e condições para fazer o golo, atirou ao lado. Incrível!

A Alemanha demorou a ser mais contundente no último terço. A Argentina juntou muito as duas linhas mais recuadas e fechou muitos espaços. Mas saiu com objetividade sempre que a bola chegava a Messi e Lavezzi. O golo (bem) anulado a Higuaín nasceu dessa associação de talentos.

Com Kramer KO, Özil recuou no terreno e Schürrle definiu mais claramente o 4x3x3 da equipa. Com a Argentina a sentir dificuldade na saída de bola porque a ação de Mascherano estava a ser limitada, a Alemanha partiu para um quarto de hora final mais ameaçador que, depois de duas grandes defesas de Romero, terminou com uma cabeçada de Höwedes ao poste. Tínhamos final!

Mais azul

Começámos por ter mais Argentina na 2.ª parte. Agüero entrou, tendo Messi recuado no terreno e a fechar o losango da equipa. Com Mascherano sempre a dar a orientação, Enzo e Biglia a estarem mais próximos do centro do jogo, a Argentina subiu o bloco e fez pressão. Mas a grande virtude foi Messi ter mais bola (e Schweinsteiger menos, o que também fez diferença).

Vontade

Avançou-se para o prolongamento e rapidamente a Alemanha tomou conta do jogo a mostrar vontade de chegar ao golo. Ter bola passou a ser fundamental. A Argentina percebeu que também não poderia ficar a vê-la passar. Lutou por ela e, no pouco tempo que a teve, soube ser objetiva. Palacio, a passe de Rojo, ficou na cara de Neuer mas escolheu a pior opção: um chapéu que saiu torto.

A Alemanha fez tudo para evitar o castigo dos penáltis. E não parou enquanto não conseguiu o seu intento. Ao minuto 113 abriu-se uma brecha e Götze armou o tiro que, àquela hora, matou o jogo e deu o título. Merecidíssimo!

NOTA TÉCNICA

Löw. Dois azares que procurou compensar, mantendo a identidade da equipa com outras virtudes. Saíram do banco os homens que construíram o golo do título. (5)

Sabella. Desenhou uma Argentina em losango para a 2-ª parte para bloquear Schweinsteiger e soltar Messi. Quebra física evidente no prolongamento. (3)

ÁRBITRO: Nicola Rizzoli (Itália)

Saiu incólume do duelo e procurou que os jogadores também saíssem a salvo de decisões radicais. Mas o soco de Agüero a Schweinsteiger passar sem cartão foi brincadeira. Não se percebeu o que assinalou num choque “assustador” entre Neuer e Higuaín, mas presume-se que terá sido falta do argentino. Não se sabe é onde terá descortinado a infração.

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