O "karma" tem destas coisas. No mesmo dia em que o rei de Espanha, Juan Carlos, abdicou do trono ao cabo de 39 anos no poder, a seleção espanhola de futebol viu terminada de forma abruta o seu reinado, sem qualquer aviso prévio (como qualquer dinastia aliás, cuja visão para entender os seus limites e o seu fim é quase sempre turva).
A eliminação em plena fase de grupos, fruto de uma derrota humilhante (Holanda) e outra esclarecedora (Chile) dita o fim do ciclo mais virtuoso da história do futebol espanhol. Dois títulos europeus (2008 e 2012) e um Mundial (2010) foram o pecúlio da Roja, que dominou o futebol a nível planetário nos últimos seis anos. A capa da "Marca", principal diário desportivo no país vizinho, evidencia o sentimento que se vive por essas bandas. O rotundo "The End", com uma imagem de um abandonado Iniesta, máxima figura da equipa neste período, explica a sensação de vazio que se apoderou dos espanhóis.
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Sinais
Ao contrário do que se poderia esperar, o império espanhol foi derrotado sem levantar ondas. O desastre por terras brasileiras foi tão evidente que ninguém ficou surpreendido, por mais inesperado que fosse este cenário no passado dia 12.
Curiosamente, a queda do trono deu-se esta quarta-feira no mítico Estádio do Maracanã, onde, há sensivelmente um ano, se começou a antever o fim do ciclo, quando a Espanha perdeu com o Brasil por claros 3-0, na final da Taça das Confederações. O estádio mais emblemático do planeta (e outrora também o maior) ditou então o fim de uma geração inesquecível, composta por elementos como Casillas, Sergio Ramos, Xavi, Iniesta e Torres, falando apenas daqueles que foram as figuras da equipa do princípio ao fim do ciclo.
O simbolismo, aliás, marcou a queda da frota espanhola que atravessou o Brasil em busca do segundo título mundial seguido, algo que apenas Brasil (1958 e 1962) e Itália (1934 e 1938) alcançaram. Casillas, o guardião incontestável, herói nas anteriores conquistas - nomeadamente na África do Sul, onde Robben viu uma perna do guardião negar-lhe a glória -, foi a imagem do descalabro espanhol, com erros de palmatória nos dois jogos. Xavi, o "regista" e melhor jogador do Euro'08, ficou no banco diante do Chile, comprovando-se que a despedida ao mais alto nível está mesmo para breve. Iniesta ainda lutou e terá mais uns anos de muito bom futebol pela frente mas perdeu boa parte da "entourage".
Fim do tiki-taka
Depois da época "horribilis" do Barcelona, que ditou um fim de ciclo, eis que a Espanha, que assentou, desde 2008, os seus alicerces futebolísticos no mesmo tiki-taka que o Barça celebrizou, cai orgulhosa do seu estilo mas consciente de que o mesmo poderá ter os dias contados, pelo menos enquanto não se reinventar ou surgirem novos craques com "tiques" para praticar o tiki-taka no seu esplendor.
Aproveitando a embalagem da equipa culé de Pep Guardiola, Luis Aragonés formou uma seleção espanhola de enorme gabarito e conquistou o título europeu em Viena. Através de um estilo bem vincado, as conquistas sucederam-se e o tiki-taka imortalizou-se. Mas, já se sabe, as dinastias têm esta coisa de cair quando menos se espera.
Fazer história... agora pela negativa
A Espanha, que já tinha feito história a abrir mas pelas piores razões - sofreu a mais pesada derrota de um campeão em título, com os 1-5 diante da Holanda -, juntou-se, entre as campeãs prematuramente afastadas, a Itália (1950 e 2010), Brasil (1966) e França (2002).
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