Carlos Queiroz é português, já foi selecionador nacional, mas segunda-feira vai estar do outro lado. O selecionador do Irão sabe que a partida contra Portugal, na última jornada do Grupo B, não será fácil, mas não deixa de sonhar com os oitavos-de-final.

Lutar pelos 'oitavos'

"Para o Irão é um privilégio e uma grande honra estar aqui hoje, sabendo que amanhã ainda estamos vivos a lutar pelos nossos sonhos. Estamos com esperança completa e compromisso total para tentar uma qualificação histórica para a segunda fase frente a Portugal que não só é um candidato poderoso a ganhar o Mundial mas também um dos favoritos. Claro que estamos muito felizes, os jogadores estão muito orgulhosos e estamos prontos para competir neste jogo com honra e dignidade, sabendo que aprendemos lições contra Marrocos e Espanha. Só temos uma opção para sermos uma equipa melhor e ser melhores jogadores. Queria também mostrar gratidão aos russos, que nos fizeram sentir em casa, com o apoio dos nossos fãs, dos russos. Têm sido muito simpáticos connosco e queríamos agradecer."

Estratégia

"Vai ser mais difícil porque o Fernando vem com os 'bichos' mais fortes. Estes podem morder a qualquer momento. O Irão só pode ser um Irão melhor e a nossa filosofia tem de ser sempre a mesma, baseada em três R’s. Construímos a nossa filosofia à volta do respeito, que temos de ter pelos adversários, temos de ser realistas, porque estamos a jogar contra uma das equipas mais fortes do Mundo neste momento. Portugal não é só um candidato. É uma seleção que está aqui com 23 jogadores, mas se falarmos de uma segunda equipa que ficou de fora falamos do Nani e do Éder, que foi só o herói do Lokomotiv e do Europeu, de Semedo e André Gomes, o João Cancelo, o Rolando, Rony Lopes, o melhor marcador sem contar os penáltis do Neymar e Falcão. Só estes sete ou oito jogadores, diga-me quantas seleções do Mundo se podem hoje permitir deixar de fora um jogador do Inter, dois do Barcelona, um do Monaco? Isto mostra que Portugal é uma seleção fortíssima, bem orientada. Respeito, realismo e romantismo. Temos de basear o nosso jogo nos valores fundamentais do que é uma equipa. O espírito de sacrifício, trabalho, bravura, lealdade, comprometimento… É o romantismo porque o grande líder da nossa equipa é a equipa. Contra um grande Portugal, só temos a alternativa de tentar ser melhores em todos os detalhes. Estivemos bem contra Marrocos, melhor no resultado que nos foi favorável. Contra a Espanha podíamos estar melhor e o resultado não foi aquele que poderia ter sido. Nisto não há justiça. Temos uma filosofia de trabalho com os jogadores que não estamos aqui para ser perdedores simpáticos e agradáveis. Viemos para competir com dignidade e para trazer dignidade e felicidade e orgulho aos iranianos."

Como parar Ronaldo

"Não posso revelar o nosso plano de jogo. Se Espanha e Marrocos foram difíceis, Portugal é muito difícil. É o que esperamos. Não viemos cá para ter jogos fáceis. Nem em sonhos os meus jogadores sonhavam jogar contra Cristiano e contra os grandes jogadores de Portugal. Eles estão muito entusiasmados e vamos tentar fazer o melhor com a mesma atitude e concentração desde o primeiro minuto. Temos um sonho, lutamos por ele e não temos nada a perder. Portugal luta com obrigações e dever. Têm tudo a perder e nós não. Vamos tentar divertir-nos. Esperamos ter a ponta de sorte que é sempre necessária." 

Especial

"É um dia especial. O Mundo vai saber que vão estar duas equipas e o verde e o encarnado vão estar no estádio. A diferença é que uns vão ser mais verde e outros mais encarnados. Amanhã é Portugal, com muitos amigos, mas como dizemos na nossa terra, amigos amigos, futeboladas à parte. Vamos tentar fazer o melhor. É como aquelas peladas ao domingo. Cada um vai tentar ganhar o seu jogo porque essa é a nossa obrigação e por lealdade com os nossos adeptos e respeito ao futebol."