Cavani escreve carta a si próprio: «Lembras-te da tua primeira casa? Nem WC tinha»

Goleador dirige-se a Edinson, de 9 anos, para lhe contar como é a sua vida 22 anos depois

O leitor já imaginou o que seria escrever uma carta, tendo você com 9 anos como destinatário? Foi o que fez o craque uruguaio Edinson Cavani, para o ‘The Players Tribune’. "Querido Edinson de nove anos, quando eras bebé não tinhas muito cabelo. E foi-te crescendo lentamente. Uma tristeza, mas nada podias fazer. Assim, graças à criatividade da família, sempre foste o ‘Pelado’. Bem, alegra-me muito contar-te que nos teus 20 anos seguintes, o futebol vai mudar a tua vida em vários sentidos."

E de que maneira, com o goleador do PSG a contar a si mesmo como se desenrolou a sua vida, apesar de todos os problemas que teve de viver na infância. "Há um jogador que se chama Gabriel Batistuta. Ainda não o conheces porque o único programa que tens paciência para sentar-te e ver na televisão chama-se ‘Tom & Jerry’. O teu irmão mais velho, Nando, será o primeiro a deixar-se inspirar por Batistuta. Começará a rejeitar ir ao cabeleireiro. E chegará o momento em que tu dirás à mãe: ‘Não me cortes mais o cabelo.’", conta Cavani ao seu eu, de 9 anos, explicando-lhe a razão por que usa o cabelo comprido. O futebol também o ajudou a tornear as dificuldades da vida: "Que há para fazer em casa? Não há PlayStation nem televisão grande. Nem sequer podes tomar um duche quente. Sem radiador, só te aqueces com quatro mantas. E da tua primeira casa, lembras-te? Nem casa de banho tinha. Mas quando me lembro dessa imagem, não me sinto nada mal, não te preocupes. Segue a tua vida ao sol, Pelado!"

Golo de gelado

Numa mensagem emocionante, o 'Pelado' conta a história de paixão que o fez amar o futebol para sempre. "O que mais importa na tua vida agora, se bem me lembro, é o golo de gelado, algo mágico. Preciso de falar com alguém do PSG sobre isto. A ideia foi dos organizadores do campeonato juvenil de Salto. A regra é simples: o menino que fizer o último golo de um jogo, leva um gelado. O resultado podia estar 8-1 mas não interessava. Marcar o golo de gelado era uma alegria imensa! Nesse dia, serás o rei!", contou, lembrando ainda a mensagem do pai: "No momento em que cruzas a linha da cal e entras em campo, só há futebol. Nada do que se passar fora daí te ajuda lá dentro. Nada mais existe."

Vinte e dois anos depois, o 'Pelado' acabou por se tornar num herói nacional. Marcou os dois golos da sua seleção frente a Portugal e apurou o Uruguai para os quartos-de-final do Campeonato do Mundo.

Por Pedro Gonçalo Pinto
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