Veja também um resumo das participações de Portugal no maior certame do futebol
LISTA DE CAMPEÕES POR EDIÇÃO:
1930 - Uruguai
1934 - Itália
1938 - Itália
1950 - Uruguai
1954 - RFA
1958 - Brasil
1962 - Brasil
1966 - Inglaterra
1970 - Brasil
1974 - RFA
1978 - Argentina
1982 - Itália
1986 - Argentina
1990 - RFA
1994 - Brasil
1998 - França
2002 - Brasil
2006 - Itália
2010 - Espanha
2014 - Alemanha
Balanço: Brasil (5 títulos); Itália (4); Alemanha/RFA (4); Argentina e Uruguai (2);
Inglaterra, França e Espanha (1)
HISTÓRIA POR EDIÇÃO
URUGUAI'1930: Primeira Taça ficou no Uruguai
O Uruguai organizou e venceu o primeiro Campeonato do Mundo, em 1930. Em plena crise económica mundial, uma das maiores do século 20, com consequências nefastas para milhões de famílias, o francês Jules Rimet, presidente da FIFA desde 1921, não vacilou em levar até ao fim a promessa de organizar um torneio de futebol para seleções de todo o globo. E o Uruguai, medalha de ouro da modalidade nos Jogos Olímpicos de Amesterdão’1928 – era a grande potência da altura, já que também havia vencido em Paris’1924 – recebeu a prova por direito "adquirido".
O problema foi reunir participantes, sobretudo os oriundos da Europa. Os 15 dias de barco para chegar à América do Sul, mais os 15 dias para voltar, acrescidos dos 15 dias de duração do Mundial, mas, principalmente, as dificuldades financeiras que afetavam a quase totalidade dos países do Velho Continente – muitos jogadores estavam com medo de perder o emprego no regresso –, tiveram como principal consequência a desistência de várias seleções que já estavam inscritas, casos de Alemanha, Áustria, Espanha, Itália, Hungria, Suíça e Inglaterra.
Num Mundial com apenas quatro participantes europeus (Bélgica, França, Jugoslávia e Roménia) num total de 13, a competição consagrou a potência da época, o Uruguai de José Andrade, que, na final com a Argentina de Stabile – repetição do duelo decisivo dos Jogos’28 –, levou a melhor por 4-2, apesar de estar a perder por 1-2 ao intervalo.
O país entrou em delírio com mais esta vitória da sua seleção, enquanto os argentinos, queixosos da violência dos adversários, foram recebidos em festa. Diz-se que o conceito das vitórias morais começou aí.
ITÁLIA'1934: Mussolini levou Itália ao título
ITÁLIA'1934: Mussolini levou Itália ao título
Diz-se que antes do primeiro Campeonato do Mundo em solo europeu, o Itália’1934, o ditador fascista Benito Mussolini terá comentado a propósito do selecionador do país, Vittorio Pozzo: "Que Deus o ajude se fracassar". ‘Il Duce’, que percebeu como mostrar ao Mundo o novo país que estava a construir – organizando o Mundial de futebol e ganhando-o –, não se poupou a esforços para atingir o objetivo. Primeiro, nacionalizou quatro argentinos, Raimundo Orsi, Luis Monti, Enrique Guaita e Atilia Demaría, mais o brasileiro Anfilogino Guarisi, depois contou com a "ajuda" de uma arbitragem muito favorável – a FIFA viria a expulsar dois árbitros depois do torneio.
Sob o lema "vencer ou morrer", a Itália beneficiou ainda da ausência do campeão Uruguai, que não quis deslocar-se a um país que se recusara a jogar em 1930. De resto, os sul-americanos responderam na mesma moeda à deserção europeia de quatro anos antes – só Brasil e Argentina marcaram presença.
Os principais adversários da Itália para chegar ao título eram a Espanha (que tinha uma das melhores equipas da sua história), a Áustria (o Wunderteam de Hugo Meisl que, a par do inglês Chapman, criador do WM, é um dos grandes mestres dos primeiros anos do século 20) e a Checoslováquia (de Planicka, um dos melhores guarda-redes da história do futebol). E a Itália passou os três obstáculos. Frente à Espanha, teve de jogar 210 minutos em 24 horas – 1-1 a 31 de março, com prolongamento; 1-0 no dia seguinte. Seguiram-se vitórias sobre a Áustria (1-0) nas meias-finais e no jogo decisivo com a Checoslováquia (2-1), resolvido por Schiavio no prolongamento. Apesar de tudo, foi consensual a ideia de que venceu o melhor.
FRANÇA'1938: Italianos alcançam primeiro bis
O terceiro Mundial voltou a ser realizado na Europa, o que muito perturbou os sul-americanos, pressupondo estes uma rotatividade na organização da prova que não se verificou. Resultado? Novo boicote, com Brasil e Cuba a serem os únicos representantes latino-americanos. De fora estavam também dois candidatos ao título, a Áustria, entretanto anexada pela Alemanha de Hitler, e a Espanha, a debater-se com uma terrível guerra civil.
No final, voltou a vencer a Itália, o primeiro bicampeão da história, que, assim, afirmou-se como a grande potência futebolística dos anos 30, relegando para segundo plano as suspeitas de favorecimento no título conquistado quatro anos antes, por força da pressão do público e do clima irrespirável criado pelo regime fascista de Benito Mussolini. Aliás, nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, já os italianos, medalha de ouro no futebol, haviam provado o seu valor.
Em França, num ambiente hostil, com os franceses a exagerarem nos protestos contra os italianos, a squadra azzurra teve uma campanha perfeita, com quatro vitórias em outros tantos jogos e a certeza de que a ideia, o estilo e a força da equipa tinha sido depurada pela visão estratégica de Vittorio Pozzo. Na estreia, com a Noruega (2-1), a Itália precisou de prolongamento mas, até à final, foi vencendo com mais ou menos dificuldade, com mais ou menos autoridade. O adversário mais complicado acabou por ser o Brasil, nas meias-finais, mas a vitória não escapou (2-1).
No jogo decisivo, frente à Hungria, os campeões impuseram-se com clareza (4-2), apesar da excelente qualidade técnica dos magiares. A superioridade italiana nunca esteve em causa.
BRASIL'1950: Maracanaço valeu bis uruguaio
Mundo estava a recompor-se dos estragos da II Grande Guerra (1939-1945) e adiara a paixão do futebol. A América do Sul que, pelo sistema de rotatividade, ia receber a 4.ª edição do torneio, teve de esperar até 1950, cabendo ao Brasil a escolha do congresso da FIFA, em 1946. O mesmo que ditou o regresso das federações britânicas à família e decidiu que a prova passaria a chamar-se Taça Jules Rimet. De volta estava também o Uruguai, o primeiro campeão mundial, que havia boicotado as edições de 1934 e 1938.
O país do samba e do futebol caprichou na organização, construiu o maior estádio do Mundo no Rio de Janeiro, o Maracanã, e mobilizou-se à volta de uma seleção fabulosa, assente no talento de Zizinho, Jair, Ademir e Friaça, entre outros nomes eternos, alguns deles por motivos relacionados com o que acabaria por acontecer na final com maior assistência da história: 203.850 espectadores.
O campeão seria decidido num grupo final de quatro seleções. O Brasil goleou a Suécia (7-1) e a Espanha (6-1); o Uruguai empatou com a Espanha (2-2) e venceu a Suécia (3-2). Para a decisão, os canarinhos eram favoritos: estádio lotado e uma equipa muito superior, à qual bastava um empate para ser campeã. Um golo de Friaça, aos 46 minutos, colocou os da casa em vantagem, mas Schiaffino empatou aos 58’. Às 16h38 do dia 16 de julho de 1950, com cerca de 79 minutos jogados, o Brasil viveu "a maior tragédia da sua história contemporânea", segundo palavras do antropólogo Roberto da Matta. O responsável pelo Maracanaço, como ficou conhecida a desfeita que pôs um país inteiro em lágrimas, foi Ghiggia que, contra todas as previsões, fez o golo do título uruguaio.
SUÍÇA'1954: Título alemão à custa dos deuses
Quatro anos depois da grande final de 1950, as expectativas eram muitas para o torneio a realizar na Suíça. E não foram goradas, já que a edição de 1954 é ainda considerada como uma das mais apaixonantes de sempre, com 140 golos em apenas 26 jogos. A Hungria era a seleção favorita não só por chegar à fase final com um recorde espantoso: não perdia desde junho de 1950, tinha vencido os Jogos Olímpicos de 1952 e cometeu a proeza assombrosa de bater a Inglaterra em Wembley por 6-3 (25/11/1953) e em Budapeste por 7-1 (23/5/1954). Era liderada por Ferenc Puskas e secundada por Jozsef Boszik e pelo goleador Sándor Kocsis, entre outros. Foi a equipa mais extraordinária da primeira metade dos anos 50 e uma das mais fantásticas de sempre, priorizando o ataque e a simplicidade de processos. Mas havia outros candidatos ao título, o campeão Uruguai, o Brasil, a Áustria e a Alemanha.
Na estreia, os húngaros golearam a Coreia do Sul (9-0). A seguir arrasaram os alemães por 8-3. Mas a história do fracasso final terá começado nessa tarde. Sepp Herberger, o selecionador germânico, escalou uma equipa com sete suplentes, com o argumento de que valia a pena perder o jogo para evitar o Brasil nos quartos-de-final e o Uruguai nas meias-finais. O convencimento húngaro de que não tinham rivais ganhou consistência.
A equipa percorreu o caminho até à final sem Puskas – falhou as vitórias sobre Brasil e Uruguai (ambas por 4-2) –, mas, na decisão, o Major Galopante marcou e deu a marcar em 10 minutos. Nos últimos instantes, já com os germânicos a vencer por 3-2, o árbitro anulou-lhe um golo por fora-de-jogo duvidoso. O título foi alemão e nasceu um mito: no fim, ganha a Alemanha.
SUÉCIA'1958: Rei Pelé na primeira vez do Brasil
De espectáculo em espectáculo, que foram os dois Mundiais anteriores, coube à Suécia organizar uma das edições mais sensacionais de sempre, a de 1958. Aquela onde ‘nasceu’ o Rei do futebol, oferecido pelo Brasil. A canarinha – que viria a jogar a final de azul – chegou ao torneio com ambições moderadas, mas dele saíram como uma das mais incríveis seleções da história. Mais ainda, propuseram ao Mundo um adolescente de 17 anos que, do nada, se transformaria no melhor jogador de sempre. Chamava-se simplesmente Pelé. Ganhou direito à eternidade.
No primeiro jogo, com a Áustria (3-0), o selecionador Feola apresentou Joel, Mazola, Dida e Zagallo no ataque. Frente à Inglaterra (0-0), Vavá rendeu Dida, mas o nulo preocupou toda a gente – o reduzido poder de fogo do escrete não augurava sucesso. Foi a 15 de junho, no embate com a URSS (2-0), que o Brasil concretizou o desenho da formação que o levou à glória. Feola, que resistiu até onde pôde, rendeu-se à evidência e lançou Garrincha e Pelé, em detrimento de Joel e Mazola.
Até ao último jogo, o Brasil foi máquina trituradora que só enferrujou com o País de Gales – 1-0, golo de Pelé. Nas meias-finais, o Rei contribuiu com três golos para bater a França (5-2), de Just Fontaine, o melhor marcador da prova (13). Na final, os brasileiros defrontaram a seleção da casa, que batera os campeões mundiais (Alemanha) na outra meia-final. Os suecos começaram bem, com um golo logo aos 4 minutos, mas durou pouco a euforia, pois Pelé e Vavá bisaram, e ajudaram ao triunfo por 5-2. Perante 49.737 espectadores, com um Rei na bancada (Gustav Adolf) e outro no relvado (Pelé), o Brasil conquistou o primeiro título mundial e redimiu-se do Maracanaço.
CHILE'1962: O campeão das pernas tortas
Pelé deu a conhecer-se ao Mundo quatro anos antes, na Suécia. Logo ali, percebeu-se que seria ele o alvo ‘a abater’ em cada confronto. E, no Chile, o campeão Brasil perdeu a sua estrela maior logo ao segundo jogo, frente à Checoslováquia. Lesionado ainda na primeira parte, Pelé só fez figura de corpo presente e a formação europeia saiu incólume (0-0). Com uma equipa feita de sobreviventes de 1958, o escrete parecia não ter soluções para suprir a ausência da sua estrela maior.
Foi então que a inocência de Mané Garrincha teve um súbito e inesperado assomo de responsabilidade. O génio das pernas tortas, para quem os adversários tinham todos o mesmo nome e os jogos tinham todos a mesma importância, resolveu fazer de Pelé. Jornalistas e adeptos brasileiros entenderam que o Mundial se perdera no instante em que o monarca se lesionou. Não contaram com Garrincha, que iniciaria uma sequência de quatro exibições mágicas que arrastaram o Brasil para o título – Espanha, Inglaterra, Chile e, novamente, Checoslováquia na final.
Mané foi tão arrasador que deixou para segundo plano as proezas goleadoras de Vavá (suplente de Coutinho na qualificação) e Amarildo (que substituiu Pelé). Também eles ajudaram a camuflar as fraquezas de um Brasil mais frágil. No onze base de Aymoré Moreira, oito jogadores tinham mais de 28 anos, cinco dos quais com mais de 30. O campeão do Mundo de 1962 personifica ainda uma inovação importante para o futebol, evoluindo do ousado 4x2x4 para o seguro 4x3x3. A mudança é normalmente atribuída à inteligência tática de Zagallo, que avaliou os riscos e resolveu recuar para dar equilíbrio e organização coletiva. Mesmo sem Pelé, o Brasil foi campeão invicto.
INGLATERRA'1966: Taça foi para os pais do futebol
E1966, o futebol voltou a casa, o mesmo é dizer que o Mundial realizou-se no país que inventou o desporto-rei, a Inglaterra. Era ocasião única para conquistar um título tão desejado e premiar uma magnífica geração de jogadores, como Bobby Moore, Bobby Charlton, Gordon Banks ou Geoff Hurst. O objetivo foi alcançado numa final polémica com a RFA, espelho, aliás, fiel de um torneio repleto de suspeitas, protestos e más arbitragens.
Os ingleses nem começaram bem o assalto ao título: empataram com o Uruguai (0-0) no jogo inaugural. Mas redimiram-se ante México e França (vitórias por 2-0 em ambos os duelos).
A primeira ronda definiu um dos mais graves problemas da competição: a violência e a incapacidade dos árbitros em travá-la. Os registos apontam para o prejuízo das seleções sul-americanas e o protecionismo à seleção local. Mas não só: agendada para Liverpool, a meia-final frente ao candidato surpresa Portugal, rebocado pelo génio de Eusébio, a Inglaterra beneficiou de uma estranha decisão da FIFA que lhe permitiu jogar em Londres, de onde não saiu de princípio ao fim. Os Magriços, que tinham ganho à Coreia do Norte em jogo desgastante – viraram de 0-3 para 5-3 –, foram obrigados a longa viagem antes do jogo.
Para que nada faltasse, também a final Inglaterra-RFA foi das mais polémicas de sempre. Primeiro pelos descontos dados pelo árbitro e que permitiram o empate alemão (2-2), obrigando a prolongamento; depois pelo 3.º golo inglês sem certeza de que a bola tenha ultrapassado a linha de golo na totalidade; e pelo modo como Hurst fez o 4-2 final, quando o relvado fora invadido pelos adeptos. Os pais do futebol mereceram a festa. Mas foi claro que se escreveu direito por linhas tortas.
MÉXICO'1970: Canarinha consagrou a perfeição
O Mundial de 1970 representou para o futebol a vitória dos deuses que formavam uma das seleções mais extraordinárias de sempre, comandada pelo talento sublime de um génio que a memória coletiva reduziu à expressão mais simples: Pelé. Esse Brasil permanece como imagem de uma grandeza premiada com o título. Porque a perfeição existe e o Mundo, pela primeira vez, viu tudo pela televisão que transmitiu a competição em direto para os quatro cantos do planeta.
O Brasil chegou ao México envolvido na polémica resultante da substituição do selecionador João Saldanha, rendido pelo bicampeão mundial Mário Zagallo. No centro da discussão estava Pelé, que Saldanha assegurava ter "acentuada miopia e um problema sério na anca", pelo que não iria convocá-lo.
No Mundial, o escrete ultrapassou a agitação e encetou viagem para a eternidade. Depois de bater Checoslováquia (vice-campeã em 1962), Inglaterra (campeã em título) e Roménia, venceu o Peru (comandado por Didi) e o Uruguai nas meias. O jogo decisivo foi com a Itália, que levara o catenaccio como instrumento de trabalho. A squadra passara a primeira fase marcando apenas um golo, mas atingia o Azteca com dois resultados surpreendentes: 4-1 ao México e 4-3 à RFA, após prolongamento, naquele que foi considerado "o jogo do século". Os alemães, que perdiam desde o minuto 7, empataram aos 90’. No prolongamento, os italianos fizeram o 4-3 por Rivera, aos 111’.
Na final, o Brasil impôs-se naturalmente, apesar do empate que se registava ao intervalo. Com uma segunda parte de sonho, chegou ao tricampeonato, triunfando por claros 4-1.
RFA'1974: Um campeão real e outro moral
C oube à RFA receber a 10.ª edição do Campeonato do Mundo, precisamente 20 anos depois de conquistar o seu primeiro título, então numa final com a fabulosa Hungria. Em 1974, na tentativa de reconquistar o ceptro em casa, os alemães tinham, contudo, outra seleção fantástica pela frente, a Holanda, composta por uma das mais extraordinárias gerações da história do futebol, equipa inovadora e deslumbrante, que conquistou os adeptos neutros, fascinados pela figura imensa de Johan Cruijff. A Laranja Mecânica, como ficou conhecida, praticava o que ficaria conhecido como "futebol total", com os seus jogadores a pressionarem em todo o campo e sem ocuparem posição fixa.
Mas os alemães não vacilaram, até porque também tinham um conjunto fortíssimo, baseada em dois blocos simplesmente extraordinários: o do Bayern Munique (campeão europeu em 1973/74) e o do Borussia Mönchengladbach. Da sua junção, dois anos antes, tinha resultado a notável equipa que vencera com autoridade indiscutível o Euro’72.
Com mais ou menos dificuldade, Alemanha e Holanda foram ultrapassando os obstáculos até ao aguardado confronto decisivo. A final foi um momento inesquecível, eletrizante, com o Estádio Olímpico de Munique bem pintado de laranja. A máquina de Rinus Michels começou na frente, com um penálti cometido sobre Cruijff, transformado por Neeskens. Estavam apenas decorridos 56 segundos de jogo. Até ao intervalo, a RFA virou o resultado, por Breitner e Müller. Na segunda metade, a Holanda tentou desesperadamente evitar a derrota, mas já não foi capaz. Mérito dos alemães. Mas, tal como a Hungria em 1954, a Holanda foi também um "campeão moral" em 1974.
ARGENTINA'1978: Assim se "esqueceu" a ditadura
A edição de 1978 do Mundial foi seguramente a mais polémica de todas. A Argentina, dominada pela ditadura militar de Jorge Rafael Videla, procurou (e conseguiu) conquistar o seu primeiro título de campeão, conseguindo desviar os olhares das atrocidades do sistema político. Pelo menos, durante 25 dias, o povo viu na paixão da bola o escape para o drama que acompanhava o dia-a-dia. Houve suspeitas de favorecimento à seleção argentina, por parte de árbitros e de adversários, mas seria injusto não reconhecer o mérito de uma equipa forte e competente, feita de craques como Fillol, Passarella, Luque, Ardiles ou Kempes, e dirigida por César Luis Menotti, homem de voz forte, ideias brilhantes e discurso fascinante, que havia tomado a decisão mais dolorosa da carreira, ao afastar o miúdo Maradona, de 17 anos, da lista final.
A Holanda regressava ao grande palco assente nos mesmos princípios de jogo embora sem o brilhantismo de 1974 e órfã do génio: Johan Cruijff abdicou e nem o pedido da rainha Juliana o demoveu. Os argentinos, também ao pé-coxinho, foram felizes na primeira fase (depois de perderem com a Itália estiveram quase eliminados pela França) e desembaraçaram-se do Brasil por diferença de golos, após uma inesperada e suspeita goleada sobre o Perú (6-0) já depois de conhecerem o resultado dos brasileiros no último jogo da segunda fase.
Na final, o empate (1-1) esteve em risco ao minuto 90: Resenbrink desviou para a baliza, levando a bola a embater no poste direito de Fillol. O prolongamento confirmou a imagem dos 90 minutos. A Argentina foi mais forte e ganhou bem, lançando a festa com que o futebol maquilhou a ditadura.
ESPANHA'1982: Itália supera os grandes favoritos
Depois de anos sem o brilhantismo anterior, o Brasil chegou ao torneio realizado em Espanha novamente com a aura dos grandes campeões, graças a uma seleção que fazia as delícias dos adeptos. A equipa de Tele Santana era um verdadeiro espectáculo e tinha artistas como Zico, Falcão ou Sócrates. A a campeã Argentina mantinha a base de 1978, com o acréscimo de Maradona, enquanto da Alemanha Federal, liderada por Rummenigge, esperava-se não menos do que a chegada à final. E, no entanto, o campeão não saiu deste trio. Essa proeza coube à Itália, que começou por definhar num grupo com Polónia (0-0), Peru (1-1) e Camarões (1-1), ao mesmo tempo que alimentava polémicas internas à volta das opções do selecionador Enzo Bearzot.
O jogo que iria mudar tudo a favor dos italianos foi aquele com o Brasil. Ao escrete bastava empatar para seguir em frente; à squadra azzurra só o milagre de súbita recuperação da memória poderia salvá-la da eliminação aguardada desde o primeiro instante. A partida foi intensa, emocionante e mostrou uma Itália personalizada, que olhou o adversário nos olhos. Soltou-se o génio de Bruno Conti, o sentido estratégico de Antognoni e, principalmente, o talento goleador de Paolo Rossi. A marcha do marcador teve as marcas do suspense: Rossi fez 1-0 e Sócrates empatou, Rossi fez 2-1 e Falcão 2-2; e só quando Rossi voltou a marcar (74’) o Brasil não reagiu.
Até à final, a Itália passeou a qualidade dos seus jogadores e a força coletiva do seu futebol. Eliminou bem a Polónia (2-0), que só voltaria ao Mundial 20 anos depois, e não deixou dúvidas na decisão com a RFA, que havia afastado a França num jogo épico: vitória clara por 3-1.
MÉXICO'1986: Levados pela mão de Maradona
Poucos foram os Campeonatos do Mundo com tanto talento por jogo, quer individual, quer coletivo, como o torneio realizado no México em 1986. E raras vezes um grande palco foi dominado tão claramente por um ator, como aconteceu com Diego Armando Maradona, que muitos consideram ter sido o mais genial de todos os executantes da história e que ali teve o ponto mais alto da carreira. Integrado numa equipa de talento limitado, Maradona rebocou a Argentina às vitórias, conduzindo-a, no troço final da estrada, ao título máximo. Pelo caminho, marcou um golo indecente com a mão e, cinco minutos depois, o mais belo de todos os tempos, quando partiu do seu meio campo, galgou terreno, driblou mais de meia equipa da Inglaterra e depositou a bola na baliza de Shilton.
O Brasil voltou a não ser feliz. Tal como sucedera em 1978, o escrete regressou a casa sem perder qualquer jogo, caindo aos pés da França de Platini, nos oitavos-de-final, num jogo sensacional, decidido da marca de penálti. O sonho francês, alimentado pelo título europeu de 1984, foi destruído pela RFA, como já sucedera em 1982. Os alemães, finalistas no Espanha’82, ultrapassaram Marrocos (1-0), México (4-1 nos penáltis, depois de 0-0 ao fim dos 120 minutos) e França (2-0) até chegarem à final com a Argentina.
Numa competição marcada pelo bom futebol de outras seleções (Dinamarca, URSS, Bélgica e Espanha), a final não defraudou as expetativas. Aos 56 minutos, os argentinos chegaram a 2-0 mas os germânicos empataram com golos aos 74’ e 82’. Aos 88’, depois de passe fabuloso de Maradona, Burruchaga fez o 3-2 final. Podia começar a celebração do talento universal do único jogador que foi mais importante do que a bola.
ITÁLIA'1990: Campeão em Mundial sem brilho
Depois de um Mundial que deixou saudades, em 1986, a edição de 1990 foi uma desilusão e uma das mais aborrecidas de sempre, apesar de realizada em Itália, país que, ao tempo, tinha a Liga mais competitiva do Mundo. Os espectáculos foram pobres; o jogo evoluiu rumo a um passado defensivo; o número de golos foi menor e os chamados lances de bola parada ganharam preponderância, a memória da competição fica praticamente reduzida ao registo do campeão. E a ocorrências menores, a maior das quais as lágrimas de Maradona, em Roma, revoltado com a arbitragem sibilina do mexicano Codesal, que assinalou penálti discutível, para não dizer inexistente, e ainda expulsou Monzón e Dezotti na final. O desalento de Diego era, também, o prenúncio da tragédia pessoal que se aproximava.
Apesar de tudo, este foi o Mundial onde o futebol africano se afirmou definitivamente através de uma seleção dos Camarões – mais o seu eterno Milla no auge dos seus 38 anos – que chegou onde nenhuma outra do continente havia chegado: aos quartos-de-final. E foi ainda o torneio de outras duas figuras, o refrescante inglês Gascoigne e o ‘louco’ guarda-redes colombiano Higuita, que deu dimensão estratosférica à função, para deitar tudo a perder num lance em que ofereceu um golo ao adversário. Para sempre fica também o Itália-Argentina em Nápoles, quando as bancadas do San Paolo se dividiram entre a pátria que as unia e o deus que as animava durante o resto do ano.
Palavra final para a RFA. Foi competente, entregou-se de alma e coração ao espírito que Matthäus personificava e, no fim, foi campeã do Mundo. Sem brilho, é verdade, mas campeã do Mundo.
EUA'1994: O primeiro tetra da história
O Campeonato do Mundo chegou aos Estados Unidos numa aposta da FIFA para difundir o jogo num país onde a tradição do futebol era quase nula. E não se deu mal com a opção, pois a competição americana, a última com 24 seleções, foi um grande sucesso, a começar pelos recordes de assistência. O Mundial’94 teve ainda a particularidade de proporcionar ao Brasil o primeiro tetra de sempre, sendo que, em 1994, italianos e alemães estavam em igualdade absoluta com os canarinhos: todos tinham três títulos conquistados. Foi também o torneio onde o brilho das estrelas se alastrou por mais equipas, desde os brasileiros Taffarel, Romário e Bebeto, aos italianos Maldini, Zola e Baggio, passando pelo geniais Hagi, da Roménia, e Stoitchkov, da Bulgária, sem esquecer os suecos Ravelli, Brolin, Dalin, Keneth Anderson e Larsson que chegaram ao 3.º lugar.
Mas, sem dúvida, que o Brasil de Parreira, sem deslumbrar, foi a melhor seleção e a mais regular. O escrete era uma equipa de perfil europeu, pela estética, pelo estilo, pela tática; mas tinha alguns dos melhores futebolistas do Mundo e foi através dessa conjugação que chegou ao céu. No jogo decisivo, a canarinha apanhou a Itália de Arrigo Sacchi, que começou mal, envolta em violentas polémicas, mas que se endireitou à medida que se reequilibrou com o talento sublime de Baggio. Na primeira final de sempre decidida por penáltis, o Brasil levou a melhor depois do 0-0 que perdurou durante o prolongamento. Quis o destino cruel que, na lotaria, os anti-heróis da squadra azzurra fossem dois dos mais fantásticos jogadores da história do futebol: Roberto Baggio e o inigualável Franco Baresi (Massaro falhou o outro penálti para a Itália).
FRANÇA'1998: Projeto francês resultou em festa
Sessenta anos depois de organizar um Campeonato do Mundo, a grande festa regressou a França – passou a ser o terceiro país a albergar duas edições, depois de México e Itália – e, esta, não desperdiçou a oportunidade de chegar a um título internacional, tal como havia acontecido no Europeu de 1984. Tudo foi preparado ao pormenor sob o comando de Aimé Jacquet, cujas decisões desde muito cedo foram criticadas pela imprensa, mas que se manteve fiel ao projeto iniciado anos antes pela federação e que chegara a 1998 recheado de talentos como Desailly, Deschamps, Petit ou Zidane, o maior expoente desta equipa. O Brasil, campeão mundial em título, era, ainda assim, o principal favorito, até porque tinha Ronaldo, o Fenómeno, nas suas fileiras, sendo que a chegada à final, a par da França, trouxe lógica à competição.
Antes, porém, duas outras equipas conquistaram o coração dos adeptos neutros: a Croácia que, nas meias-finais, não resistiria ao poder da seleção da casa, mas que já eliminara a Alemanha, e a Holanda que, na mesma fase, perderia no desempate por penáltis com o Brasil.
Na tarde da final, o retiro canarinho foi sobressaltado por um súbito problema de saúde de Ronaldo, que teve mesmo de deslocar-se ao hospital, regressando depois ao estágio com ordens expressas dos médicos para descansar. Tirando esse relato, nada mais passou para o exterior. Ronaldo disse mais tarde que não se recordava do que lhe tinha sucedido, adensando o mistério.
Na final, a França não deu hipóteses a um Brasil sem soluções e com Ronaldo apático. O país entrou em festa e calou o líder da extrema direita Le Pen, que chamava artificial à seleção e acusava os jogadores de nem saberem cantar o hino.
COREIA DO SUL/JAPÃO'2002: O Mundo tenta e o Brasil é penta
Não faltaram surpresas no primeiro Mundial realizado na Ásia, numa parceria entre o Japão e a Coreia do Sul. Uma dessas surpresas foi protagonizada pelos próprios sul-coreanos que, apesar de serem os asiáticos com mais presenças em fases finais, nunca haviam chegado à segunda ronda. Orientados de forma sagaz pelo holandês Guus Hiddink, começaram por eliminar Portugal, para depois afastarem duas potências mundiais, a Itália e a Espanha, sucumbindo apenas nas meias-finais diante da Alemanha. A Turquia, terceira classificada da prova, foi outra das sensações, apesar de ter efetuado um caminho mais fácil.
O Brasil, por sua vez, iniciou a prova debaixo do fogo da crítica. Motivo: o selecionador Scolari manteve até ao fim a opção de não convocar Romário, contra a opinião de milhões de pessoas, incluindo o presidente Lula da Silva. Não contou com Romário, mas teve outros três R – Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo. E foi com eles que chegou ao penta e propiciou a criação do popular slogan dos adeptos brasileiros: "Todo o Mundo tenta, mas só o Brasil é penta."
Scolari escolheu, aliás, o caminho mais difícil para o êxito. Descaracterizou a seleção com três centrais (Lúcio, Roque Júnior e Edmilson), manteve dois médios defensivos (Gilberto Silva e Kleberson), apostou tudo nos melhores laterais do futebol moderno (Cafú e Roberto Carlos) e num tridente ofensivo composto pelos referidos três R. Na final com a Alemanha, Ronaldo marcou os dois golos da vitória, um deles com a colaboração incrível de Kahn. Como a FIFA já tinha decidido antes, o guarda-redes alemão foi considerado o melhor jogador da prova. Às vezes é melhor esperar um pouco antes de decidir...
ALEMANHA'2006: Tetra da Itália no ocaso de Zidane
ALEMANHA'2006: Tetra da Itália no ocaso de Zidane
A Alemanha voltou a receber a fase final de um Campeonato do Mundo e, tal como em 1974, preparava-se para fazer a festa entre os seus. Só que, 16 anos depois de os alemães terem conquistado o título em Itália, foi a vez de os transalpinos fazerem o mesmo em solo germânico. Uma vitória que se foi percebendo possível à medida que a competição avançava, até ao momento alto de a Itália vencer a Alemanha (2-0) na meia-final, com golos apontados nos últimos dois minutos do prolongamento. Um jogo que terá sido o melhor do torneio. Foi a vitória de uma squadra anti-catenaccio, orientada por Marcello Lippi, que revelou estrutura e argumentos para voltar ao título que lhe escapava desde 1982.
Numa prova em que Portugal terminou em 4.º lugar – passou a fase de grupos em primeiro, a seguir eliminou a Holanda e a Inglaterra e só caiu nas meias-finais diante da França, perdendo depois o jogo da 3.ª posição para a anfitriã Alemanha –, foram exibidos 28 cartões vermelhos. Foi o maior número de expulsos da história da competição, superando os 22 de 1998.
E foi precisamente uma expulsão a imagem marcante do Mundial’2006. No Olímpico de Berlim, quando faltavam 10 minutos para o termo do prolongamento da final entre Itália e França, o gaulês Zinedine Zidane, génio do futebol que queria terminar a carreira com o título mundial, não resistiu à tentação e escolheu abandonar pela porta dos fundos. O melhor futebolista pós-Maradona cedeu às provocações do italiano Materazzi e deu-lhe uma cabeçada à vista de todo o Mundo. Inacreditável. A Itália ganhou no desempate por penáltis e festejou o tetra.
ÁFRICA DO SUL'2010: Prémio para o tiki-taka espanhol
Foi a vez de o Mundial chegar a África. Depois da estreia asiática em 2002, coube à África do Sul receber a prova realizada pela primeira vez naquele continente. A Espanha, que chegou com o título de campeã europeia (2008), deixou para trás 80 anos de frustrações e conquistou finalmente o título que tanto ambicionava, convertendo-se no oitavo sócio do clube dos campeões mundiais. Novamente liderados por Vicente Del Bosque, os espanhóis estavam ainda mais refinados por força do aumento da importância da escola Barcelona no onze e na forma de jogar. Na equipa-tipo tinham lugar nada menos do que sete jogadores dos blaugrana: os dois centrais, dois médios e os três avançados. Assim, foi fácil colocar a Roja a seguir os princípios bem definidos no tiki-taka de Pep Guardiola e, com isso, levá-la até à consagração máxima.
Apesar de ter entrado mal – derrota com a Suíça –, a Espanha rapidamente chegou ao nível a que tinha habituado os seus adeptos e na fase de eliminatórias foi ultrapassando os adversários sempre da mesma forma sólida e pragmática. Portugal (1-0), Paraguai (1-0) e Alemanha (1-0) provaram do mesmo veneno que a Holanda (1-0, após prolongamento), apesar da Laranja Mecânica ter passado ao lado da história, com oportunidades suficientes, nos 90 minutos, para se sagrar campeã do Mundo.
Para além do título espanhol, na memória do mundial em África não ficam grandes jogos, novidades técnicas relevantes ou jogadores geniais. Fica sim o horrível som provocado pela vuvuzela, cujo zumbido chegou a ser tão incómodo quanto rentável.
BRASIL'2014: Renovação alemã deu em título
Ao fim de 24 anos, a Alemanha voltou a conquistar um título mundial – somou o quarto, no Brasil –, colocando um ponto final na hegemonia da Espanha que, com o seu tiki-taka, dominava as grandes competições internacionais desde 2008 e chegava à prova da FIFA na qualidade de campeã mundial e bicampeã europeia. A Alemanha, sob o comando de Joachim Löw – no cargo desde 2006 – e com a base da seleção de 2010, mas agora mais experiente, voltou a mostrar um futebol dominador, protagonizado por jogadores física, tática e tecnicamente muito fortes e com a mais-valia de ter poucos defeitos em todos os seus setores.
A entrada no torneio brasileiro foi arrasadora, com uma goleada sobre Portugal, por 4-0, embora o empate com o Gana (2-2) e a vitória sofrida com os EUA (1-0) não augurassem um futuro risonho na competição. Os "oitavos" e os "quartos", também com triunfos reduzidos sobre Argélia (2-1, no prolongamento) e França (1-0), não descansaram os adeptos. Tudo mudou nas meias-finais quando a Alemanha esmagou o anfitrião Brasil por um resultado histórico: 7-1. Na final, diante da Argentina de Messi, e então já com o público brasileiro do seu lado, os alemães confirmaram o favoritismo, mesmo que só garantindo a vitória no prolongamento, graças a um golo de Mario Götze.
Um título que andava a ser preparado desde 2000, ano do fiasco no Europeu, quando a Alemanha caiu logo na fase de grupos, com a ajuda de uma goleada de Portugal, por 3-0. A federação alemã reestruturou-se, traçou um plano de longo prazo e passou a canalizar esforços para a descoberta de novos valores. No Brasil, viram-se os resultados.
AS PARTICIPAÇÕES DE PORTUGAL
1966: Os melhores de sempre
Chamaram-lhes os Magriços e foram a melhor Seleção de sempre na fase final de um Campeonato do Mundo. Terminaram em 3.º lugar, vencendo a URSS (atual Rússia) por 2-1. E Eusébio regressou a Portugal coroado como o melhor marcador do torneio. Nos registos oficiais, o capitão inglês Bobby Moore surge como o melhor jogador da prova, mas, sem chauvinismos, o Pantera Negra não lhe ficou atrás. Na primeira fase os Magriços deram de 3 a todos os adversários. Fosse ele a Hungria, a Bulgária ou o Brasil... de Pelé.
Veio então a Coreia do Norte, nos quartos-de-final. Para quem tinha vencido facilmente potências como o Brasil e a Hungria, tratar de norte-coreanos devia ser coisa simples. A verdade é que foi, isso sim, um verdadeiro susto. Porque aos 24 minutos, sem se perceber muito bem como, Portugal já perdia por 3 golos. Ninguém queria acreditar. Principalmente Eusébio. Por isso, antes do intervalo tratou de "puxar dos galões" e marcou dois. A abrir a segunda parte fez o hat-trick e antes que terminasse o primeiro quarto de hora desse período arrumou com o adversário: 4-3. A arte de um homem virara o resultado. Mas José Augusto, perto do fim, ainda faria o 5.º golo. O problema foi a meia-final. Calhou-nos em sorte a Inglaterra, a jogar em casa, e ganhou. Eusébio saiu do relvado em lágrimas, mas o Mundo nunca mais o esqueceu.
1986: Onde é Saltillo?
Volta não volta, somos confrontados com um nome que todos conhecem, mas já poucos se lembrarão de onde. Saltillo. O caso Saltillo para aqui, o caso Saltillo para ali. Pois bem, esse é o nome da cidade mexicana onde os Infantes (Seleção portuguesa de 1986) estagiaram durante a participação no Mundial. Fica no estado de Coahuila e tem uma população a rondar os 650 mil habitantes. E lá se passou uma espécie de "rebelião" dos jogadores que não chegavam a acordo com a Federação em relação aos prémios de participação. Para os jogadores a culpa foi da Federação. Para a Federação a culpa foi dos jogadores. Adiante. Interessa dizer que Portugal entrou bem na prova, com uma vitória sobre a Inglaterra orientada por Bobby Robson. E a partir desse jogo tudo mudou. Seguiu-se uma derrota com a Polónia e a necessidade de empatar com Marrocos para garantir o apuramento. Reza a história (ou a lenda?) que os marroquinos tentaram um acordo com Portugal, já que o empate a zero qualificava as duas equipas. Mas o selecionador terá rejeitado a "oferta". E perdemos. Adiós México!
2002: Tugas acabaram de olhos em bico
A qualificação de Portugal para o Mundial da Coreia do Sul/Japão colocou um ponto final na seca de 16 anos de ausências destas provas. A Seleção, batizada como o nome "Tugas" partiu para o oriente com grandes esperanças em fazer bem. Os parceiros de grupo (Estados Unidos da América, Coreia do Sul e Polónia) pareciam não ter capacidade para enfrentar uma equipa que integrava a base de jogadores que 2 anos antes havia conseguido atingir as meias-finais do Euro’2000.
Para começar vinham os norte-americanos, equipa aparentemente fácil. Mas quando à meia hora já ganhavam por 3-0 percebeu-se que algo não iria correr bem. Como não correu. Apesar da goleada imposta à Polónia no desafio seguinte ter desanuviado o ambiente. Mas no derradeiro jogo, para além da derrota houve a agressão de João Pinto ao árbitro do jogo. Os Tugas acabaram mesmo o Campeonato do Mundo de olhos em bico.
2006: Um percurso épico
Na "ressaca" do Euro’2004, Portugal deu uma resposta fantástica na Alemanha, apesar de alguns jogadores (Figo e Pauleta, sobretudo) estarem já no fim da linha. A prova começou com as "boas vindas" a Angola. A ex-colónia portuguesa surgia pela primeira vez num Mundial e não podia ter melhor padrinho. Pauleta marcou o golo da vitória a passe de Figo: despedida em beleza dos veteranos. A primeira fase foi limpa (3 vitórias) e depois vieram os desafios épicos.
Com a Holanda, primeiro. Portugal "perdeu" Ronaldo numa entrada "assassina" de Boulahrouz, mas Maniche na primeira parte fez o golo que garantiria os quartos-de-final. Mas foi preciso sofrer e acabar com 9 (Costinha e Deco expulsos). Depois repetiu-se a história de Lisboa, 2 anos antes: a Inglaterra no nosso caminho. Uma vez mais a decisão foi adiada para os pontapés da marca da grande penalidade. E para não variar Ricardo esteve à altura. Portugal voltava a jogar as meias-finais de um Mundial 40 anos depois! Só que pela frente estava a nossa "besta negra", a França que nos "roubara" as finais dos Euro’84 e Euro’2000. Tal como na Bélgica, 6 anos antes, um penálti de Zidane fez a diferença. A final foi um sonho de 90 minutos. Já sem grande "moral", Portugal jogou com a Alemanha o apuramento do 3.º lugar e perdeu (3-1), não repetindo a classificação do Inglaterra’66. Mas o 4.º lugar foi muito bom.
2010: Perguntem ao Carlos
Atingir os oitavos-de-final de um Campeonato do Mundo nunca é um mau resultado para Portugal. E isso foi conseguido na África do Sul. No entanto, o "pós-Mundial" foi muito polémico e levaria mesmo à saída do selecionador Carlos Queiroz. Em rigor, a polémica havia começado antes, ainda no período de preparação, quando Queiroz decidiu não levar o médio João Moutinho. Uma das decisões mais incompreensíveis da história recente da Seleção. Durante a prova, a forma ultra-defensiva como encarou os desafios teoricamente mais complicados também não se revelou favorável a um treinador mal amado. Jogar "para o empate" com o Brasil na última partida da fase de grupos (com Ricardo Costa na lateral-direita, Pepe no meio-campo e Duda a fazer de segundo lateral-esquerdo) foi um erro tremendo, uma vez que esse resultado apenas dava a Portugal o segundo lugar. Logo, o encontro com a Espanha nos oitavos-de-final era inevitável.
Mas, lá está, como o apuramento havia sido conseguido, a razão foi dada ao selecionador até surgir o confronto fatídico com a Espanha, onde resolveu entrar com um bloco muito baixo, passando a única opção ofensiva por lançar bolas para Hugo Almeida tentar ganhar e dar para Ronaldo. Foi um jogo tão cruel para o CR7 que no final, depois de perder, atirou a "primeira pedra", ao ser questionado acerca da eliminação: "Perguntem ao Carlos". Foi o culminar do processo de mal estar entre jogador e selecionador que se havia iniciado com o jogo a decorrer, durante o qual Ronaldo pedia para a equipa subir em seu apoio e os colegas optavam por ficar lá atrás, seguindo as ordens de Queiroz. Depois do 4.º lugar quatro anos antes, esperava-se algo mais da Seleção. Mas só perdeu para o futuro Campeão do Mundo.
2014: Saída prematura
As expectativas eram moderadas após um apuramento garantido apenas no playoff com a Suécia. A má forma de final de época de muitos dos principais protagonistas da Seleção, entre os quais a maior estrela e capitão Cristiano Ronaldo, também não dava azo a grandes euforias. E não foi preciso esperar muito para se confirmar que algo ia mal na Seleção liderada por um Paulo Bento em quebra de popularidade. Logo a abrir, Portugal sofreu uma goleada da Alemanha, por 4-0. Pior do que o resultado, foi a total incapacidade demonstrada pelos portugueses para reagirem ao avolumar do contador. A expulsão de Pepe, aos 37 minutos, limitou ainda mais uma equipa que terminou o encontro de rastos e com três lesões, as de Rui Patrício, de Hugo Almeida e de Fábio Coentrão, que já não voltariam a competir no Brasil.
Seguiu-se o encontro com os Estados Unidos. Até começou bem, com Nani a marcar logo aos 5 minutos. Mas a equipa, que denotava um abaixamento de forma assustador à medida que os minutos passavam, não conseguiu controlar o jogo e permitiu que os americanos se acercassem com cada vez mais perigo da baliza de Beto... até darem a volta ao resultado. Valeu Varela, que saído do banco, aos 68 minutos, teve ânimo para restabelecer o empate em tempo de descontos. Deste jogo saiu mais um lesionado: André Almeida. Faltava vencer o Gana para salvar a honra, apesar de o apuramento ser quase impossível devido à diferença de golos negativa. Salvou-se então a honra. Do país, da equipa e de Cristiano Ronaldo que finalmente deixou a sua marca, apontando o golo final, aquele que deu um triunfo à Seleção por 2-1. Foi pouco.
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