Selecionador da Holanda nota vontade de reunir com migrantes: «Olhamos para lá do futebol»

• Foto: Lusa/EPA

O selecionador de futebol da Holanda, Louis van Gaal, notou esta sexta-feira a vontade da federação holandesa e da seleção que lidera em reunir com trabalhadores migrantes no Qatar, que recebe o Mundial'2022.

Uma reunião "planeada", disse hoje o técnico em conferência de imprensa, e anunciada pela KNVB, na quinta-feira, até porque "normalmente, este tipo de coisa não aconteceria", mas "o facto de haver esta vontade mostra os pensamentos da federação" e da equipa, que "é o que interessa".

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Holanda, três vezes finalistas vencidos do Mundial, arrancam o Mundial contra o Senegal, no dia 21 de novembro, um dia depois do arranque da prova, e defrontam depois o Equador e os próprios anfitriões do torneio.

Os 26 convocados, anunciados hoje, vão reunir-se com um grupo de trabalhadores migrantes após um treino, antes da estreia na prova, num plano da KNVB para aumentar a discussão em torno do desrespeito pelos direitos humanos em solo qatari.

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"Vamos ao Qatar para sermos campeões do mundo, mas claro que olharemos para lá do futebol", escreveu Van Gaal, num comunicado divulgado na quinta-feira.

Esta "vontade" surge poucos dias depois de a FIFA pedir às seleções que se foquem no futebol e deixem os direitos humanos de lado, apesar de numerosas críticas e chamadas de atenção da parte de organizações não-governamentais, que têm publicado vários relatórios com recurso a centenas de testemunhas no país.

Segundo a KNVB, esta reunião foi organizada, com cerca de duas dezenas de trabalhadores, em conjunto com a FIFA e um sindicato de trabalhadores qatari.

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Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQI+, tendo em conta a perseguição de que são alvo em solo qatari.

Em maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às seleções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.

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O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

Por Lusa
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