O primeiro-ministro cabo-verdiano usou esta quarta-feira o apuramento para o Mundial'2026 como exemplo da força do país além-fronteiras, na abertura de um encontro de profissionais na diáspora.
"Nós somos mais de 500 mil [população residente no arquipélago] e temos uma amplitude e representatividade em países europeus, africanos e nos Estados Unidos. Conjugando-os com talentos que jogam aqui, criámos uma força enorme que ultrapassa as fronteiras de Cabo Verde", referiu Ulisses Correia e Silva.
"Se isto é assim no desporto", porque não há de ser também noutras área, referiu, apontando os exemplos da medicina e ciência, onde o arquipélago é carenciado de especialistas.
"Temos uma grande lição a aprender com os tubarões azuis", acrescentou, sobre a forma como se conseguem "identificar talentos e vestir-lhes a camisola de Cabo Verde".
O chefe do Governo sublinhou a ideia de que "o recrutamento de capital humano não tem fronteiras" e Cabo Verde, apesar de ter menos território e menos recursos, consegue, com a força da diáspora, competir com países de maior dimensão.
Ulisses Correia e Silva ressalvou que "as remessas continuam a ser necessárias".
O apoio dos emigrantes enviados para as ilhas é um pilar da economia de Cabo Verde.
Segundo os últimos dados consultados pela Lusa, as remessas em divisas dos emigrantes cabo-verdianos, no primeiro semestre, ficaram 3% acima do valor registado no ano passado, no mesmo período.
Segundo o Banco de Cabo Verde (BCV), o valor ascendeu a cerca de 15 mil milhões de escudos (136 milhões de euros).
O Governo de Cabo Verde e a organização do Congresso Internacional de Quadros do país promovem um encontro até sexta-feira, nas instalações da Universidade de Cabo Verde (UniCV), sob o lema "Um Diálogo Entre o País e a Diáspora", para partilha de experiências e conhecimento.
O congresso tem como objetivo "promover a convergência" de contributos para o desenvolvimento sustentável do país, tendo em conta a diáspora "estimada em mais de 1,5 milhões de pessoas, espalhadas por mais de 42 países", detalharam, em comunicado.
O Congresso insere-se nos compromissos de dois documentos estruturais do Governo, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) e o Plano Estratégico das Comunidades (PEC), tendo as universidades cabo-verdianas como parceiras centrais "para promover uma reflexão académica, crítica e construtiva sobre o futuro coletivo de Cabo Verde".