Declarações à margem do jogo do Basaksehir com o Sporting para a Liga Europa
Hamit Altintop entrou no início de junho para a direção da Federação Turca de Futebol, onde assumiu a pasta das seleções jovens. O antigo internacional turco, de 37 anos, esteve à conversa com os órgãos de comunicação social portugueses esta manhã em Istambul, à margem do jogo do Basaksehir com o Sporting.
Altintop, que também é embaixador para a final da Champions que este ano se disputa em Istambul, concede favoritismo aos leões para o jogo desta tarde mas admite que o resultado é muito importante para o ‘ranking’ da Turquia nas competições. A conversa não podia passar ao lado de histórias da carreira de Altintop e de como esta se cruzou com Mourinho, Cristiano Ronaldo ou Ricardo Carvalho. E da surpresa que foi a transferência de Weigl para o Benfica.
- Quais são as suas competências atualmente como diretor da federação turca?
- Entrei a 1 de junho para a federação, faço parte da direção, como responsável pelas equipas jovens. Acredito que temos boa qualidade, uma nova geração de qualidade, mas temos de nos focar na formação e no desenvolvimento de jogadores para o nível de elite. Para isso precisamos de boa gestão e bons treinadores. Temos de trabalhar com países europeus como Portugal, que nos últimos anos fez um bom caminho em direção ao topo.
- O futebol turco teve duas grandes gerações, em 2002 e em 2008. Será possível atingir o mesmo nível a breve prazo?
- Eu acredito que sim. Temos bons jogos na fase de grupos. Ganhámos um jogo à França e empatámos outro. Foram resultados importantes para a confiança da equipa e do treinador. Os adeptos estão mais envolvidos com a equipa. É possível mas temos de trabalhar muito.
- A propósito das boas gerações de jogadores turcos, Merih Demiral fez parte da sua formação no Sporting. Acredita que essa etapa da carreira o ajudou a chegar onde ele está hoje (Juventus)?
- Claro que sim. Foi uma boa experiência para ele. O Sporting, como o FC Porto ou o Benfica têm muita história e experiência, grandes jogadores. A qualidade dos clubes é alta. Os jovens jogadores podem aprender muito sobre vários aspetos e pormenores. Di María jogou no Benfica, Cristiano Ronaldo começou no Sporting, como (Ricardo) Quaresma. Todos estes jogadores têm uma boa base. Para o Merih esta experiência foi importante.
- O Sporting acabou por deixá-lo sair facilmente. Pensa que foi um erro?
- É um erro que só se vê depois de acontecer. Temos de olhar à vontade do jogador. Talvez ele quisesse sair e, quando é assim, o clube não pode prendê-lo. Se quer ir, vai. É sempre assim.
- Mencionou Weigl e os jogadores que iniciaram as carreiras em Portugal. Ficou surpreendido por Weigl ter ido jogar para Portugal, para de certa forma recomeçar a carreira dele?
- Fiquei um pouco surpreendido, sim. Mas no essencial penso que é uma boa maneira de aprender uma cultura e um futebol diferentes. Todos sabem que Weigl tem caráter, é disciplinado, trabalha muito, mas ele pode aprender muito em Portugal, com os aspetos táticos, com o ‘tiki-taka’, que existe mais em Portugal do que na Alemanha, onde o trabalho é a prioridade. Se ele combinar estas duas vertentes pode ser bom para evoluir e ganhar confiança.
- Onde pode chegar a Turquia no Euro’2020?
- O apuramento para o Euro’2020 foi muito bom. Estamos muitos satisfeitos com os resultados e com as exibições. Mas, como disse, temos de colocar mais pressão e trabalhar mais para conseguirmos melhores resultados contra equipas mais fortes, como a Alemanha, a Espanha. O Euro’2020 será bom para percebermos em que nível estamos e depois poderemos dizer qual é a nossa situação e o que poderemos fazer.
- Foi uma surpresa para si a vitória de Portugal no Euro’2016 em França?
- Eu penso que foi uma surpresa para todos. Portugal acabou a fase de grupos com três empates e apurou-se. Foi uma surpresa para todos. Mas também sabemos que, num dia bom, Portugal pode jogar muito bem e marcar muitos golos, com o Cristiano (Ronaldo). Portugal ganhou pelo trabalho da equipa. A equipa mereceu aquele título, porque esteve a um nível alto em todos os momentos do Europeu.
- Jogou com Cristiano Ronaldo, Ricardo Carvalho, Coentrão, Pepe…
- Bruma…
- Tem boa memória de todos?
- Claro. Começaria pelo Ricardo Carvalho. É uma grande pessoa, sempre amigável, sempre a partilhar o que pensa do futebol e da vida. Tem uma vocação incrível para comunicar com os outros. É o meu preferido. Mas o Cristiano foi decididamente o melhor. Ele faz tudo pelo seu objetivo, de manhã à noite. Está sempre focado no futebol. Com 35 anos e a este nível tenho um grande respeito por ele. Também é um bom amigo. No geral, a cultura dos portugueses é muito parecida com a dos turcos.
- Em Portugal há um pouco a ideia de que os espanhóis não gostam dos portugueses, nomeadamente por causa das vitórias de José Mourinho ou Cristiano Ronaldo. Parece-lhe uma ideia correta?
- Não sei… Se formos ver à história, pode ter a ver com as rivalidades. Um pouco como a Turquia e a Grécia. Ou a Alemanha e a Holanda. É sempre assim. Faz parte do futebol. Quando se tem um treinador como Mourinho ou um jogador como Cristiano, qualquer um fica com inveja. É normal.
- Portugal e Espanha devem candidatar-se à organização do Mundial 2030. Terão o apoio da Turquia?
- É uma boa oportunidade. Também somos um país de futebol. Gosto muito de Espanha e de Portugal, do futebol, do clima. Será sempre uma boa oportunidade apoiar uma candidatura desses países a um Mundial.
- Referiu-se antes a José Moutinho. Que memórias guarda dele?
- O meu primeiro contacto com Mourinho foi na final (da Champions) em 2010, em Madrid. Ele era o treinador do Inter. A minha equipa (Bayern Munique) perdeu (0-2). Ele veio dar um novo carisma aos treinadores. Depois de Mourinho, o futebol passou a ter mais respeito pelos treinadores. Os salários dos treinadores subiram depois de Mourinho. Ele percebeu antes do tempo quão importante era a comunicação com os media, quão importante era passar a mensagem aos adeptos. Ele subiu o nível. É criativo, está sempre ‘on fire’… Gostei de trabalhar com ele. Aprendi muito dentro e fora do campo. Passei os últimos dias em Londres, para assistir ao jogo do Chelsea com o Bayern Munique. Não o vi mas falei com ele. Gosto muito dele como ser humano.
- Em Portugal diz-se que ele já não é o mesmo de há 10 anos… Discorda, ou acha que ele está um degrau abaixo de Guardiola e Klopp, por exemplo?
- Se olharmos à carreira dele, ele está no mesmo nível. Deem a Mourinho uma equipa como o Liverpool ou o Manchester City. Com mais qualidade pode ter resultados melhores. A melhor classificação dele na Premier League com o Manchester United foi um 2.º lugar (em 2017/18), porque a qualidade da equipa não era alta. Todos têm de respeitá-lo, porque ganhar uma Liga dos Campeões com uma equipa portuguesa (FC Porto, 2003/04) é diferente de ganhar uma Liga dos Campeões com o Barcelona ou com o Liverpool. Percebem o que eu estou a dizer? Cuidado quando dizem que ele não está no mesmo nível, cuidado…
- Relativamente ao jogo do Basaksehir com o Sporting esta tarde. O que pensa que vai acontecer?
- Depois do sorteio, todos disseram que o Sporting era favorito. É normal. É um clube que tem muita experiência, bons jogadores. Na Liga não está num bom momento, certo?
- Está em 4.º lugar.
- Mas o campeonato e jogos internacionais são sempre diferentes. No primeiro jogo viu-se qual a equipa que tem mais qualidade, mas veremos esta tarde o que é que o Basaksehir poderá fazer. O Sporting para passar à próxima eliminatória tem de jogar… Espero que o Basaksehir comece bem e, se o fizer, tudo é possível. É muito importante para as equipas turcas e para o futebol turco que o Basaksehir faça um bom resultado, por causa do ranking da Turquia na UEFA. Vamos ver. Estarei lá e, obviamente, vou apoiar o Basaksehir.
Antigo extremo é uma figura incontornável do clube de Istambul, que quer ver reerguido já na próxima época
Loucura em Miami para o duelo da 3.ª jornada do Grupo K da prova
Avançado português não conseguiu impedir desaire por 2-1
Triunfo por 3-1 da formação da capital
Jovem defesa do Boca Juniors fez confissão aos jornalistas
Avançado uruguaio de 38 anos deve rumar ao Nacional de Montevideo
Estudo mostra que os jogadores têm mais dificuldades em se impor ao saírem muito jovens dos seus países
Belgas e holandeses também perderam