Berbatov recorda dia em que "tipos grandes como frigoríficos" quiseram obrigá-lo a mudar de clube: «Entrei no carro...»

Antigo avançado búlgaro tinha 18 anos quando foi feito refém e acabou por ser salvo pelo pai

Dimitar Berbatov, antigo internacional búlgaro
Dimitar Berbatov, antigo internacional búlgaro • Foto: Instagram/Dimitar Berbatov

O antigo avançado búlgaro Dimitar Berbatov recordou no podcast de Rio Ferdinand o dia em que foi feito refém durante várias horas por um grupo de bandidos - supostamente afetos ao gangster Georgi Iliev -, quando tinha apenas 18 anos. Berbatov vestia na altura as cores do CSKA Sofia, mas os gangsters queriam que ele se mudasse para um clube rival.

"Eu jogava no CSKA Sofia e estava a começar a mostrar as minhas qualidades. Normalmente, quando mostras despontas como jogador as equipas vêm atrás de ti, fazem-te propostas, perguntam quanto tempo tens de contrato, quanto custa a tua contratação, coisas deste género. Mas no meu país era diferente. Lá era tipo: 'Ele? Tragam-no aqui'", contou o antigo jogador do Manchester United e do Tottenham, agora com 44 anos.

"Não tinha carro. Então, um colega de equipa depois do treino disse-me: 'vem comigo, preciso de te levar a casa de um amigo.' Eu era um pouco ingénuo, claro. E talvez tenha confiado nele porque jogávamos na mesma equipa. Entrei no carro e levou-me a um restaurante", prosseguiu o antigo avançado.

Só que o amigo não o conduziu ao restaurante para comer. "Entrámos e, obviamente, havia mesas. Numa delas estava um homem sozinho. E noutras três havia uns tipos grandes como frigoríficos, típicos dos Balcãs, sentados atrás dele, com um ar assustador. O meu colega de equipa disse: 'vai lá, senta-te, depois vemo-nos'. E o outro tipo da mesa chamou-me: 'vem cá, senta-te aí.'  Sentei-me a pensar 'que se passa? Que se passa? Preciso de ligar ao meu pai, preciso de ligar ao meu pai'."

Se o cenário já era mau, acabou depois por piorar: "O tipo começou a falar e disse 'sabes como é que me chamam?' Em inglês, provavelmente seria algo como 'cozinheiro'.  'Já sabemos de ti. Precisamos de mudar a equipa, queremos-te na nossa equipa. Precisamos de te contratar.' E eu respondi: 'sim, mas jogo no CSKA Sofia, quer dizer, gosto de lá estar...'. Ao que ele respondeu 'nós arranjamos maneira, não te preocupes.' Eu estava com medo, claro. Talvez duas ou três horas depois de ali estar sentado o tipo deixou-me ligar ao meu pai. Telefonei e disse-lhe 'estou aqui, não sei bem onde. Há pessoas à minha volta, tipos grandes...' falava muito depressa e ele disse 'tem calma, respira. Acalma-te e respira.'"

Berbatov estava aterrorizado. "'Vão raptar-me e eu não quero ir, quero ir para casa'. E o meu pai respondeu 'ok, deixa-me ver o que posso fazer.' Então alguém ligou a alguém e diretores dos dois clubes arranjaram forma de eu não me mexer, de ficar onde estava. Naquela situação, com 18 anos, a ver e a saber como as coisas funcionavam na Bulgária naquela altura, pensei 'é o meu fim. Talvez me vão bater...' Mas depois o meu pai apareceu, levou-me no carro e eu caí em mim. Aquela situação fez-me perceber que precisava de amadurecer rápido e tornar-me num homem numa fase ainda precoce da minha vida."

Por Isabel Dantas
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