Continua o milagre de Cabañas

Na madrugada de 25 de janeiro de 2010, o paraguaio Salvador Cabañas deixou o mundo...

Continua o milagre de Cabañas
Continua o milagre de Cabañas • Foto: AFP

Na madrugada de 25 de janeiro de 2010, o paraguaio Salvador Cabañas deixou o mundo do futebol em pânico, depois de ter sido alvejado na cabeça à saída de um bar na Cidade do México. Quatro anos depois, o internacional guarani continua a sua sensacional recuperação, tendo inclusivamente assinado contrato com uma modesta equipa brasileira, apesar de ainda ter na cabeça a bala que podia ter sido fatal... Uma história de perseverança, dedicação e muita força de vontade.

Cabañas, agora com 33 anos, alinhava no América na altura do ataque que o deixou às portas da morte. Um dia depois do encontro com o Morelia, que o América perdeu por 2-0, Cabañas e alguns amigos foram a um bar, ficaram até mais tarde a divertir-se e, no que aparentou ser um assalto, o conhecido traficante de droga José Balderas Garza, conhecido por JJ, disparou da sua arma em direção à cabeça de Cabañas. Seguiram-se momentos de pânico e confusão, com o paraguaio a ser transportado de urgência para o hospital mais próximo.

Os dias seguintes foram de angústia. Do Hospital Los Ángeles de México, na capital daquele país, chegavam notícias nada promissoras: o estado de Cabañas era muito grave. As previsões não eram animadoras, falou-se até que o avançado estava às portas da morte, mas o paraguaio não virou a cara à luta. As mensagens de apoio que chegavam do seu país natal, mesmo a partir de clubes rivais, passaram-lhe ainda mais força.

Dois meses depois, quando ninguém esperava, Cabañas surgiu na televisão paraguaia para mostrar que estava a recuperar: "Estou muito contente por estar e por estar quase recuperado. Em breve vou estar de regresso aos relvados". Prometeu e cumpriu, mas a recuperação não lhe permitiu ser convocado para o Mundial'2010, onde certamente seria a figura do Paraguai. Essa equipa guarani que, com Oscar Cardozo na frente de ataque, alcançou os quartos-de-final.

Começar de novo

Praticamente recuperado em pleno - a bala continua na sua cabeça, assim como uma cicatriz enorme, que é evidente pela falta de cabelo numa zona -, Cabañas voltou então a tentar jogar futebol. E, curiosamente, fê-lo ao serviço do clube onde havia dado os primeiros pontapés na bola e onde se destacou para se tornar depois na grande figura do futebol paraguaio.

Antes do regresso, a 10 de agosto de 2011, um ano e meio depois do ataque, o América organizou um encontro de caráter particular em homenagem ao avançado, tendo pela frente a seleção do Paraguai. Pela primeira vez à vista de todos, Cabañas voltou aos relvados. Jogou alguns minutos e continuou a alimentar o sonho de fazer aquilo que sempre sonhou.

Depois, a 20 de janeiro, finalmente chegou a boa notícia. Perto de cumprir dois anos do ataque, o paraguaio assinou contrato com o 12 de Octubre de Itauguá, da terceira divisão do futebol guarani, a equipa onde se havia revelado para o futebol. A (re)estreia chegou a 14 de abril, na 1.ª jornada da Primera B, como titular na vitória por 2-0 diante do Martín Ledesma. Com a ajuda de Cabañas, o 12 de Octobre conseguiu a promoção, mas o sonho acabou mesmo ali. Já que o clube decidiu não inscrever o avançado no Torneio Apertura, alegando má forma física.

E como não podia seguir o sonho em casa, Cabañas acabou por ser desafiado pelo presidente do Tanabi a aventurar-se no futebol brasileiro. O objetivo é destacar-se nos três meses de contrato para poder conseguir um melhor contrato e um melhor clube. O sonho comanda a vida e Cabañas mostrou que vale a pena sempre lutar pelos objetivos.

Roubado por quem menos esperava

Na história revelada pela AFP em fevereiro, Cabañas revelou o drama pessoal que atravessava, especialmente depois de ter sido roubado pela sua ex-esposa, María Lorgia Alonso Mena, que após acompanhar a sua recuperações resolveu deixá-lo e levar consigo todos os seus bens.

"À medida que o tempo passa, vou dando conta de muitas coisas... Até o advogado se vendeu a eles. Ela [María] diz que o dinheiro acabou", explicou o paraguaio na altura à AFP.

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