Numa votação em que participaram todos os 18 treinadores da I Liga, o médio do Real Madrid ganhou pela quinta vez consecutiva o título de “Melhor Português no Estrangeiro”, com 55 pontos de avanço sobre o segundo classificado Rui Costa, que dividiu o ano 2001 pela Fiorentina e pelo Milan. O açoriano Pauleta ficou em terceiro. Seis técnicos acertaram no resultado final (José Mota, Nelo Vingada, Jorge Castelo, Vítor Oliveira, José Alberto Costa e o demissionário Toni)
E O VENCEDOR é… Luís Figo. Naturalmente. O número 10 do Real Madrid foi eleito como o melhor português no estrangeiro pelos 18 treinadores da I Liga nacional pela quinta vez consecutiva.
E, mais uma vez (a segunda), Figo foi o melhor sem discussão. Ou seja, por unanimidade. Figo, Figo, Figo e mais Figo. A dada altura do inquérito, a pergunta sobre o melhor caiu no ridículo e era melhor passar à frente e questionar sobre o segundo e o terceiro classificados. Rui Costa e Pauleta ocuparam essas posições e é curioso verificar que seis votantes acertaram na eleição final. Foram eles José Mota (Paços de Ferreira), Nelo Vingada (Marítimo), Jorge Castelo (Farense), Vítor Oliveira (recém-contratado para o Gil Vicente), José Alberto Costa (Varzim) e o demissionário Toni (ex-Benfica).
O primeiro lugar no prémio da FIFA, a 17 de Dezembro, confirmou Figo como o melhor do Mundo, algo que acontecera no ano passado para a “France Football”. Assim, torna-se realmente difícil desalojar Figo do primeiro posto. Está-lhe no sangue ser o melhor e nem os golos de Pauleta ou a megatransferência de Rui Costa (Fiorentina-Milan) estão em condições de alterar o cenário. Figo é, indiscutivelmente, o melhor e acabou.
Esta tendência é comprovada pela quinta vitória sucessiva, pela unanimidade das opiniões dos 18 treinadores da I Liga portuguesa e pela maior diferença de sempre para o segundo classificado: 55 pontos, depois das verificadas em 1997 (10), 1998 (19), 1999 (38) e 2000 (36). Figo continua, assim, demolidor e sempre em ascensão. É, sem dúvida, um emigrante de luxo e o melhor embaixador que Portugal pode ter.
Isto numa altura em que já ganhou tudo. Da Bola de Ouro da “France Football” ao prémio da FIFA, passando pelas votações populares da World Soccer e da World Sports Awards. Tudo já mora na sua casa em Madrid, onde é constantemente acarinhado por tudo e todos depois daquele período de suspeição motivado pela saída do rival Barcelona.
Fora do relvados, Figo também joga bem. O contrato com a Coca-Cola é um excelente exemplo dessa “performance”. “Ele assinou, possivelmente, o melhor contrato de ‘marketing’ alguma vez rubricado por um futebolista”, confessou José Angel Sánchez, director de “marketing” do Real Madrid, em entrevista ao Financial Times, numa alusão ao milhão de euros que o português irá receber durante a duração do contrato (dois anos).
Esquecido e destronado
Porém, nem tudo foram rosas em 2001. Figo ficou de fora do onze ideal do “L’Équipe” numa situação algo incompreensível se tivermos em conta que foi o italiano Totti o eleito para médio-direito e Figo era candidato a “playmaker”, papel que raramente representa, quer no Real Madrid quer na selecção portuguesa.
Depois, ficou em quinto lugar no “France Football”. O troféu passou das mãos de Figo para o jovem avançado inglês Michael Owen, do Liverpool.
No “El País”, do Uruguai, Figo também foi sucedido como melhor europeu. Desta vez, o premiado é Zidane como o homem em destaque na Europa.
Na votação do “site” da UEFA, que terminou no final do ano passado, também Figo ficou de fora da equipa ideal da Liga dos Campeões 2001, ultrapassado pelo inglês David Beckham.
Resultado, as alegrias foram muito maiores que as tristezas.
Pauleta "tira" o lugar a Sérgio Conceição
Pela primeira vez nos últimos quatro anos, Sérgio Conceição desapareceu do “top 3”. Apesar de receber o voto de confiança do seu amigo Jorge Jesus, treinador que o lançou na I Divisão, ao serviço do Felgueiras, o reforço do Inter perdeu o terceiro lugar para Pauleta, que andava desaparecido do pódio desde a primeira edição em 1997.
Assim, Rei Figo ficou à frente de Rui Costa e Pauleta, segundo e terceiros, respectivamente. O agora 10 do Milan deixou o goleador açoriano do Bordéus com onze pontos de avanço e segurou o segundo lugar pelo quarto ano seguido. Só falhou na “première”, em detrimento de Paulo Sousa.
Para Pauleta, o terceiro lugar trata-se de mais um feito assinalável a acompanhar um ano recheado de êxitos pessoais.
Menção especial para o quatro lugar, com três pontos, de Fernando Couto, um defesa que atravessou sérios problemas em Abril, com o badalado caso de nandrolona, mas que soube ultrapassá-los com classe e inteligência, tanto na Lazio como na selecção portuguesa, onde reconquistou, com naturalidade, a braçadeira de capitão.
Curioso é o voto de Octávio Machado na jovem estrela Luís Boa Morte, que é titularíssimo no Fulham de Mohamed Al-Fayed. Depois de lançar Simão Sabrosa, Hélder Postiga e Ricardo Carvalho, o técnico portista aposta, por fora, no avançado luso.
Também com um ponto, Abel Xavier, detentor do prémio Corte de Cabelo do Ano em Inglaterra, e Paulo Sousa, que acabou recentemente a carreira internacional no Panathinaikos.
Luís Figo (Real Madrid) - 90 pontos
O talento não tem preço. No verão de 2000, custou 12 milhões de contos mas o que interessa isso. "Caros são os que não rendem" afirmaram, e bem, os responsáveis do Real Madrid.
O número 10 não teve um ano tão recheado de prémios individuais ("apenas" foi eleito o melhor do Mundo para 130 seleccionadores de todo o planeta), mas ajudou, com golos e assistências, o Real Madrid a conquistar a Liga espanhola e vencer a Supertaça espanhola. E a época ainda vai a meio. Falta Taça do Rei de Espanha e a Liga dos Campeões.
E a verdade é que o português deixou saudades no Barcelona. Isso ainda é notório um ano e meio depois do adeus polémico. Rivaldo foi o último a queixar-se: “Sinto a falta dele como jogador e como pessoa.” Está tudo dito? Não, há muito mais.
O ano de Figo começou bem e muito cedo. A 8 de Janeiro, foi eleito o melhor futebolista de 2000 numa votação popular da “World Sports Awards”, prémio que recebeu a 16 do mesmo mês no Royal Albert Hall, lendária sala de espectáculos londrina. Ruud Gullit entregou-lhe o troféu pesado, com cerca de 3,30 metros e 400 quilos.
Dois dias antes (14), antes do Real Madrid-Oviedo, recebeu a Bola de Ouro da "France Football". No seguimento, entrou em campo, abriu o marcador e contribuiu para a subida dos "merengues" ao primeiro lugar da Liga espanhola.
Em Fevereiro, foi distinguido, no dia 7, como Personalidade do Ano 2000 pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal. Três dias volvidos, foi eleito o melhor futebolista de 2000 pela RSSSF, uma fundação de estatísticas de futebol originária da Escandinávia. O mês acabou em beleza: a 28, bisou frente a Andorra (3--0) para o Mundial 2002. Antes do jogo, foi-lhe prestada uma sentida homenagem da Federação Portuguesa (FPF) com a presença de Jorge Sampaio, Presidente da República.
A 30 de Junho, casou-se com a modelo sueca Helen Svedin, no Algarve, para ser distinguido jogador do ano nos EAU a 12 de Julho.
Luís Figo fechou o ano com outro grande momento, quando marcou ao Barcelona, sua ex-equipa, no dia em que comemorou o seu 29º aniversário (4 de Novembro). Uma data e um feito para recordar.
Rui Costa (Milan) - 35 pontos
Ano conturbado para o estratega português, dividido por dois “amores”: Fiorentina e Milan.
As confusões financeiras da Fiorentina levaram-no a acabar com um belo período de sete anos ao serviço do clube de Florença, onde era capitão após a saída do seu grande amigo Gabriel Batistuta. E foi nessa condição de capitão que cumpriu o seu sonho: levantar a Taça de Itália, conquistada com um golo do compatriota Nuno Gomes.
Depois, chegou o Verão e o Milan, por insistência do presidente Silvio Berlusconi e do técnico Fatih Terim, chamou por ele. A Fiorentina encaixou 43,9 milhões de euros (8,8 milhões de contos).
Ao serviço dos "rossoneri", o número 10 ainda não conseguiu encantar os exigentes adeptos. Ora devido à irregularidade dos milaneses ora por causa das pequenas lesões irritantes (logo na jornada inaugural, em Brescia, sofreu uma luxação no cotovelo direito e uma fractura na mão direita aos 25 minutos), que o impediram, inclusive, de reencontrar a Fiorentina, no Giuseppe Meazza.
Mas Rui Costa promete ajudar o Milan a retomar o caminho dos títulos. Para já, campeonato italiano, Taça de Itália e Taça UEFA estão na mira.
Um dos pontos altos do ano foi o regresso a Portugal e o reencontro com o amigo João Pinto no Milan-Sporting para a terceira eliminatória da Taça UEFA. Em Alvalade, a história repetiu-se e Rui Costa saiu vencedor, depois de ter participado nos célebres 6-3 em 94.
Por fim, de assinalar o prémio Eurochampion, galardão atribuído pelo Instituto Udinese ao melhor estrangeiro na Série A. Rui Costa ficou à frente do checo Pavel Nedved (Lazio) e do francês Zinedine Zidane (Juventus).
Para a “Gazzetta dello Sport”, Rui Costa foi o segundo melhor médio da época 2000-2001, precisamente atrás de Nedved, mas entrou no onze ideal.
Pauleta (Bordéus) - 24 pontos
É o homem-golo do Bordéus. O “Ciclone dos Açores” varre tudo à volta e ninguém fica indiferente à sua estrondosa pontaria.
Pauleta atravessa um momento de forma sem igual e isso ficou bem explícito nos quatro golos que marcou ao Fréjus (da III Divisão), há duas semanas, para a Taça de França, que lhe permitiram superar a mítica marca dos cem golos no estrangeiro.
Foi o primeiro português a fazê-lo e pode e deve estar orgulhoso desse facto, que demonstra a sua real capacidade para marcar golos com um regularidade impressionante e fora do comum nos tempos que correm.
Mesmo isso, não tem sido suficiente para levar o Bordéus ao topo, nem para sagrar-se melhor marcador. Em Maio, esteve perto de o conseguir, mas o brasileiro Sonny Anderson (Olympique Lyon) destronou-o do primeiro lugar na derradeira jornada. O Bordéus perdeu e não marcou em Metz, pelo que o açoriano contentou-se com o segundo lugar.
Este ano, as coisas parecem mais compostas, até porque Pauleta começou a época nos girondinos, ao contrário da anterior. Até agora, soma 11 golos e reparte a liderança com Darcheville (Lorient) e Cissé (Auxerre).
Os seus golos, aliás, já o tornaram famoso em França, ao ponto de valerem metade dos pontos do Bordéus, onde marcou 73,3 por cento dos golos da equipa. Tal dependência nunca se viu no competitivo “championnat”, com 63 anos de vida e 18 campeões diferentes.
Para além disso, Pauleta foi incluí do no onze ideal do “L’Équipe”, relativo à época 2000-2001 (com 14 votos em 20 possíveis dos jornalistas), e eleito o melhor jogador estrangeiro do ano em França para a conceituada revista bissemanária "France Football". Ah! E marcou o primeiro golo da liga gaulesa 2001-02 ao Nantes.
E pensar que nem sequer jogou na I Divisão portuguesa...
As votações dos treinadores:
(o primeiro jogador nomeado recolhe 5 pontos, o segundo 3 pontos e o terceiro 1 ponto)
Jaime Pacheco (Boavista): Figo, Pauleta e Rui Costa
Octávio Machado (FC Porto): Figo, Rui Costa e Boa Morte
Laszlo Bölöni (Sporting): Figo, Pauleta e Rui Costa
Manuel Cajuda (Sp. Braga): Figo, Pauleta e Paulo Sousa
José Mourinho (U. Leiria): Figo, Rui Costa e Fernando Couto
Toni (Benfica): Figo, Rui Costa e Pauleta
Marinho Peres (Belenenses): Figo, Fernando Couto e Rui Costa
António Sousa (Beira-Mar): Figo, Pauleta e Rui Costa
José Mota (P. Ferreira): Figo, Rui Costa e Pauleta
Carlos Manuel (Salgueiros): Figo, Pauleta e Rui Costa
Nelo Vingada (Marítimo): Figo, Rui Costa e Pauleta
Carlos Pereira (Alverca): Figo, Rui Costa e Abel Xavier
Jorge Castelo (Farense): Figo, Rui Costa e Pauleta
Vítor Oliveira (Gil Vicente): Figo, Rui Costa e Pauleta
Augusto Inácio (V. Guimarães): Figo, Fernando Couto e Rui Costa
Manuel Fernandes (S. Clara): Figo, Pauleta e Rui Costa
José Alberto Costa (Varzim): Figo, Rui Costa e Pauleta
Jorge Jesus (V. Setúbal): Figo, Sérgio Conceição, Rui Costa
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