José Mourinho chegou ontem ao final da noite a Telavive e durante dois dias irá permanecer em Israel. O treinador do Chelsea é convidado especial de Shimon Peres, um dos homens que mais se têm empenhado no processo de paz no Médio Oriente. O português, acompanhado do fundador do Centro Peres para a Paz, começará por assistir, hoje, a um torneio de futebol no qual irão participar cerca de 200 crianças, divididas por equipas mistas de israelitas e palestinianos. Durante uma hora, Mourinho poderá admirar algumas das habilidades que os petizes das Escolas de Futebol Geminadas aprenderam ao longo dos últimos meses, num projecto inserido num programa educacional em que a paz é, sempre, o tema dominante. No final, o técnico e o político irão entregar medalhas aos que mais se distinguiram, estando na altura previsto um primeiro contacto com a imprensa.
No mesmo dia Mourinho terá outro desafio pela frente – orientar uma equipa de homens de negócios no confronto com o Centro Peres para a Paz (mais um misto de jogadores israelitas e palestinianos), um jogo de futebol de cinco "indoor" que terá lugar no Estádio Hadar Yosef.
Para amanhã, dia do regresso de José Mourinho, está agendado um encontro com treinadores que colaboram no projecto e no qual deverão participar também os técnicos das principais equipas da Liga israelita, da Faixa de Gaza e até mulheres palestinianas que optaram pela carreira de treinador.
A anteceder uma visita ao Knesset, onde Mourinho se encontrará com membros do Parlamento israelita, numa visita guiada pela deputada Collete Avital, terá lugar uma conferência de Imprensa.
Uma fundação com mais de 800 crianças
O Centro Peres para a Paz, fundado em 1996, é um projecto que engloba mais de 800 crianças israelitas e palestinianas com idades compreendidas entre os seis e os 14 anos e que funciona em diferentes localidades da Palestina e de Israel. Se o futebol é a paixão que os une, o que demonstra a força e a expressão que a modalidade pode ter como veículo importante no processo de paz, outras actividades estão subjacentes, como o auxílio a estes jovens na feitura dos trabalhos escolares.
Tendo em atenção o conflito israelo-árabe, um pano de fundo traumático para muitas crianças que vivem lado a lado com os horrores de uma guerra sanguinária, a fundação preocupa-se, essencialmente, em promover os valores da paz e da concórdia entre dois povos que têm vivido de costas voltadas.
Shimon Peres fundou esta organização não governamental com o objectivo de criar um "Novo Médio Oriente", trabalhando em paralelo – mas sempre de forma independente – com todo o processo político que visa a paz. Esse facto não impede a fundação presidida por Uri Savir, antigo director-geral do ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel e chefe das negociações do Acordo de Oslo, de continuar a trabalhar com os seus vizinhos árabes nem mesmo quando as negociações para a paz são interrompidas ou quando há um ressurgimento da violência.
«É possível viver em Paz»
José Mourinho acredita que as novas gerações poderão ter uma visão diferente sobre todo o processo de paz no Médio Oriente. “Este convite representa o apoio a uma causa que o Centro Peres para a Paz está a desenvolver em Israel, procurando que as novas gerações de israelitas e palestinianos entendam que, através do desporto, é possível e fundamental conviver em paz, numa região do Mundo em que há muitos anos não se vislumbrava qualquer saída para o conflito.”
Para o treinador do Chelsea, que se sente muito honrado com o convite, Shimon Peres está a dar passos importantes no caminho nem sempre fácil para a paz, ao mesmo tempo que defende estarem criadas as condições para uma solução. “Penso que Shimon Peres dá, desta forma, um passo decisivo para o entendimento entre os dois povos. E julgo que, actualmente, existem todas as condições para uma solução do conflito. A minha presença em Israel será apenas mais um pequeno contributo para o estabelecimento da paz – e trata-se de um convite que me deixou muito honrado por ter vindo de uma das figuras mais proeminentes da política mundial.”
José Mourinho irá assistir, hoje, a jogos entre equipas mistas e encara essa realidade numa lógica de futuro. “O futebol em particular e o desporto em geral podem, efectivamente, ser um factor estimulante para a criação de condições de uma sã convivência. O facto de as equipas serem constituídas por crianças palestinianas e israelitas desenvolve o espírito de grupo e fá-los entender que, em conjunto, é possível ter êxito.”
Páscoa
José Mourinho é católico e a Páscoa será passada em Israel, com tudo o que possa significar para o treinador português. “É óbvio que, como católico, ter a possibilidade de visitar lugares sagrados será algo inolvidável, lamentando apenas que, em virtude do pouco tempo em que estarei em Israel e da idade dos meus filhos, não me poder fazer acompanhar da família. Mas estaremos juntos em pensamento.”
Este será um dos poucos fins-de-semana de José Mourinho sem futebol, tempo que o técnico irá tentar aproveitar da melhor forma. “Até à próxima quinta-feira, tenho apenas quatro jogadores (e dois deles são guarda-redes) com quem trabalhar. Por isso vou desligar-me um pouco do futebol, procurar divertir-me e observar atentamente uma realidade que me é desconhecida.”
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