Internacional português assina artigo impressionante no ‘The Players Tribune’
Nani revelou histórias inéditas da sua vida num artigo que assinou no "The Players Tribune". O avançado formado no Sporting conta que passou fome durante toda a infância e que viveu em condições de grande miséria.
"Toda esta história começou porque nós passávamos fome. Quando era muito jovem, fiquei convencido que Deus me tinha escolhido para ser futebolista. Estava a viver com a minha mãe e oito dos meus irmãos numa casa só com um quarto. O chão era cheio de buracos com ratos e lagartos. Não tínhamos nada para comer. Estávamos a lutar pelas nossas vidas. (...) Eventualmente, os ratos e os lagartos passaram a ser algo normal para nós. É incrível ao que te consegues adaptar quando és uma criança. Mas uma coisa que nunca te consegues habituar é a ter fome. A fome é difícil de explicar. Algumas pessoas dizem: ‘Coitadas daquelas crianças em África’. És capaz de vê-las com fome, mas se tentasses passar por isso. Sentir a boca seca, o estômago a gritar. A dor no corpo é tão forte que pensas que algo está a rasgar a tua pele, ou se esta é uma condição a que tens de te habituar. Senti muito isso. Acho que a única coisa boa em passar fome, é que te obriga a encontrar soluções. Um dia, um dos meus irmãos, Paulo Roberto, teve uma ideia. Acho que eu tinha uns dez anos. Ele tinha mais cinco que eu e, basicamente, ocupou o lugar deixado pelo meu pai. Ele ensinava-me tudo. Então ele disse: ‘porque não vamos para a parte rica de Lisboa e pedimos comida?’. Não estava certo que fosse funcionar, mas ele estava seguro que estas pessoas tinham comida de sobra. Tinha razão. Deram-nos pão, sopa e bolachas. Alguns até nos convidavam para as suas casas. Outros davam-nos dinheiro para comprarmos a nossa própria comida. Até fizemos novos amigos. Acho que as pessoas gostavam de nós porque escolhíamos não roubar. Pedíamos, éramos honestos", explica.
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Nani revela depois a história da melhor pizza que alguma vez comeu na vida.
"Um dia, eu e o meu irmão estávamos a jogar à bola quando avistámos uma Pizza Hut. Quando pedimos comida, eles disseram que não tinham nada. Mas, quando estávamos a ir embora, uma mulher veio ter connosco e pediu-nos para esperar. Dois minutos depois, apareceu com uma pizza que estava praticamente acabada de fazer. Aquela pizza… Era incrivelmente boa. Se nunca conheceste o que é verdadeiramente sentir fome, podes pensar que estou a exagerar. Mas, se o viveste, sabes que estou a dizer a verdade quando te conto que ainda consigo sentir o sabor daquela pizza", recorda.
Foi também graças a essa senhora que Nani percebeu o que era preciso para chegar ao futebol.
"Aquele mulher pediu-nos depois para aparecer lá no dia seguinte porque nos queria ver jogar futebol. Assim fizemos. Assim que ela viu o meu irmão jogar, ela disse: ‘Uau, és muito bom. Eu tenho um amigo que é jogador profissional, talvez vos possa ajudar’. O amigo dela era o Marco Aurélio e ele conseguiu arranjar maneira do Paulo treinar no Sporting. O meu irmão pediu uma pizza e acabou a ter a possibilidade de fazer testes num dos maiores clubes de Portugal. Não correu mal!"
Só que as coisas não correram bem. O irmão de Nani só apareceu naquele treino um mês depois da data marcada e nunca chegou a ser profissional.
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