A história do maestro genial do Borussia Moenchengladbach do início dos anos 70, que, até se tornar detentor dos direitos televisivos do Mundial 2006, geriu o Hamburgo de ouro e tornou-se comentador televisivo de referência. Um homem tão invulgar que até calça 48...
Gunter Netzer, nascido a 14 de Setembro de 1944, em Moenchengladbach, foi um dos mais extraordinários centro-campistas da história do futebol alemão e uma referência à escala europeia e mundial. Foi também uma personagem diferente no grande palco, não pela extravagância comum a algumas grandes estrelas e que normalmente acabam em desgraça, mas pela independência, pela sábia gestão do silêncio e pela segurança inabalável em convicções estéticas, técnicas e físicas relacionadas com o jogo.
Um percurso concluído agora com interesses empresariais de grande sucesso, passo derradeiro de quem chegou a ser treinador e se tornou o mais respeitado comentador da televisão alemã. Prova final de que é um caso invulgar de um homem cujo cérebro é do tamanho dos pés – calça o 48.
Resistente
Nos gestos havia excessivos sinais a sugerir preguiça; no aspecto geral, fruto de uma primeira observação, era a indolência o seu traço mais vincado; o rosto fechado, que reprimia o sorriso e antecipava o silêncio, era apenas a parte visível de um homem especial, muito metido consigo, com dificuldades de relacionamento extensivas aos próprios companheiros de equipa. Netzer escolheu um enquadramento perante a sociedade e o meio em que estava inserido.
Futebolisticamente falando, foi um resistente assumido aos perigosos ventos de mudança, naquele tempo de transição para os anos 70, quando físico, choque e correrias loucas se tornaram fundamentais.
Prodigioso
Netzer distingiu-se, acima de tudo, pelo modo como utilizou a arma mais poderosa de qualquer grande futebolista: o cérebro prodigioso. Foi esse o ponto de partida para a concepção genial que o tornou único, pela execução perfeita que relativizava a importância da distância (jogava longo e curto com a mesma eficácia); pela visão que lhe permitia tomar a melhor decisão em cada momento; pelo domínio total das regras específicas de cada zona do terreno. Se o treinador definia de véspera a estratégia para cada partida e geria do banco o impacto da sua aplicação, ele encarregava-se do seu cumprimento escrupuloso, definindo a zona intermediária como centro de todas as operações que punham a máquina a funcionar.
Potência
Foi essa liderança, tão silenciosa quanto arrebatadora, que as circunstâncias transformaram em centro nevrálgico de uma das mais espantosas progressões do futebol alemão: um clube de província, modesto e sem grandes ambições, que atingiu o estatuto impensável de uma das maiores potências futebolísticas da Europa. Na génese de um período referenciado a partir da excelência do Bayern Munique de Beckenbauer, Gerd Muller, Uli Hoeness, Paul Breitner, o Borussia Moenchengladbach de Netzer, Bonhof, Jupp Heynckes, Wimmer, e Vogts intrometeu-se claramente e discutiu a hegemonia na Alemanha e no velho continente.
Selecção
Foi da junção de uma e outra equipas que a Alemanha abordou a década de 70. Em 1972, no Europeu da Bélgica, Gunter Netzer assumiu-se como figura maior da selecção que conquistou o título, praticando futebol simplesmente espectacular – o seu peso na produção global ultrapassou mesmo o de Beckenbauer. Em 1974, porém, a gestão não foi tão fácil de fazer. O Bayern atravessava período de ouro, dominava em toda a linha e o seleccionador Helmut Schoen, impotente para contrariar o peso do Kaiser, tomou opções pouco favoráveis ao clã de Moenchengladbach. Netzer jogou apenas 21' em toda a prova, fruto de entrada no célebre jogo com a RDA, em Hamburgo, ganho pelos irmãos pobres do Leste (1-0).
Real Madrid
Em 1973, a caminho dos 30 anos, Netzer aceitou o risco e foi para o Real Madrid. Viveu em Espanha a época anterior ao Mundial de 1974, longe do grande centro de decisões. Esteve três anos em Chamartin, foi duas vezes campeão e tornou-se grande figura, servindo de contraponto madridista ao peso de Johan Cruijff no Barcelona. Em 1976 terminou a carreira e regressou à Alemanha. Em Janeiro de 1978 foi nomeado manager do Hamburgo que, na sua gestão, venceu a Bundesliga por três vezes e foi campeão europeu em 1983, à custa de triunfo sobre a Juventus. Para trás ficavam duas competições europeias perdidas nas respectivas finais – Taça dos Campeões para o Notthingham Forest (1980) e Taça UEFA para o Gotemburgo, de Sven-Goran Eriksson (1982) – e uma contratação cheia de significado: a de Franz Beckenbauer no fim da carreira.
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