O emotivo depoimento da mãe de Sala: «Visitámos aquelas ilhas e gritámos o nome de Emi, a ver se ele aparecia»

Mercedes Taffarel recorda em tribunal os dias das buscas após a queda da avioneta no Canal da Mancha

• Foto: DR

Mercedes Taffarel, a mãe de Emiliano Sala, fez um emotivo testemunho no julgamento que está a decorrer em Bournemouth, que visa apurar responsabilidades na morte do futebolista argentino.

Mercedes Taffarel, que testemunhou por escrito, recorda que o avançado tragicamente falecido na viagem de avião entre Nantes e o Reino Unido, onde ia apresentar-se no Cardiff, o seu novo clube, estava sob grande pressão. "O Cardiff colocou pressão sobre ele para que a transferência fosse rapidamente fechada, mas o Nantes queria mais dinheiro e ele ficou no meio daquela situação. Ele estava em dúvida, aquelas semanas foram intensas", contou a mãe, recordando o fatídico mês de janeiro de 2019.

Mas depois de tomar a decisão, Emiliano estava feliz. "Era um jovem com toda a vida pela frente, cheio de sonhos para o futuro. Estava ansioso para jogar numa liga tão importante como a inglesa. Queria aprender inglês e viajar para alguns dos mais importantes lugares do Reino Unido, ele adorava viajar."

A mãe recordou como o seu filho mais velho, que nasceu prematuro e com problemas respiratórios, acabou por vingar no futebol. Ela levou-o a um clube com 4 anos, para gastar energias, mas o desporto rapidamente se tornou numa parte importante da vida de 'Emi'. E ele teve de sair cedo de casa. "Um dia ele disse-me que eu tinha de o deixar ir, que se não o deixasse, estaria a matá-lo."

Emiliano Sala foi para um clube em Córdoba, a 200 quilómetros de casa, seguindo-se uma equipa com ligações ao Bordéus. Aos 20 anos mudou-se para França e a distância aumentou ainda mais. Mas no final de cada época voltava a casa, onde pedia à mãe que lhe cozinhasse as comidas que mais gostava e ia ver os jogos de futebol do campeonato local.

Quando o Cardiff surgiu na vida de Emi, ele tinha uma vida estável em Nantes. "Adotou um cão num abrigo local que lhe fazia companhia, porque ele adorava animais. Era uma pessoa que gostava de calor humano, muito próximo dos companheiros de equipa. Era feliz lá."

Emiliano morreu a 21 de janeiro de 2019, depois de a avioneta em que seguia se ter despenhado no canal da Mancha. "Falámos no sábado e ele disse-me que ainda tinha coisas para resolver em Nantes. Depois, como não nos disse nada, pensei que tinha chegado a Cardiff cansado e que tinha adormecido."

Só que às 6 da manhã de segunda-feira o empresário de Sala ligou à família comunicando o desaparecimento do avião. Uns dias mais tarde as buscas foram dadas por terminadas, sem que fossem encontrados os destroços, mas a família não se conformou. "Nós  discutimos com as autoridades, mas eles não queriam continuar... Com um tempo muito frio, nós visitámos as ilhas, a gritar o nome de Emi, à espera que ele nos ouvisse... Acabou em dor, uma dor que permanece até aos dias de hoje."

A família acabou por conseguir angariar dinheiro e retomar as buscas; o corpo do malogrado jogador acabou por ser recuperado. "Nada pode trazer o Emi de volta, mas agora pedimos justiça, para que possamos ter paz de espírito e ele possa descansar em paz."

 

Por Record
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