Alejandro Gómez passou da convivência com Messi e companhia na seleção da Argentina a treinar num sintético na Serie C italiana. Conhecido no Mundo do futebol como Papu Gómez, o jogador ficou a saber durante o Mundial do Qatar que tinha dado positivo num controlo antidoping realizado no Sevilha - clube que tinha deixado para assinar pelo Monza - e foi suspenso por dois anos. Agora, aos 36, treina no Renate, na Serie C de Itália, consciente de que os seus melhores dias no desporto rei passaram à história.

"Estou a trabalhar no sentido de aceitar que a personagem 'Papu Gómez chegou ao fim, está a deixar de existir e que agora sou uma pessoa comum, um pai de família. Estou a trabalhar o ego, a acalmá-lo um pouco e a tentar viver como 'Alejandro'", contou o jogador à imprensa argentina. "Passei de campeão do mundo a alguém a quem já ninguém liga, a desaparecer do meio e a não jogar mais. É preciso saber viver com isto. Nem quando estás lá em cima és o melhor, nem agora sou o pior. É preciso dar prioridade a outras coisas. Tentei ficar entusiasmado com a ideia de regressar, mas quando me deram a pena máxima (2 anos), caiu-me o mundo em cima."

O jogador contou que acusou positivo depois de tomar um xarope do filho para a tosse. "À noite geralmente tomava um comprimido para dormir depois dos jogos porque custava-me muito adormecer. Deitei-me mas a meio da noite deu-me um ataque de tosse. Disse à minha mulher que me desse um xarope e tomei o do meu filho mais novo, Milo. Foi uma quantidade pequena."

E prosseguiu: "Dois dias depois houve um controlo antidoping surpresa no Sevilha, o médico perguntou-me se tinha tomado alguma coisa, como é hábito. Esqueci-me por completo que tinha tomado o xarope e respondi-lhe 'o de sempre, comprimidos para dormir e anti-inflamatórios'. Se tivesse dito que tinha tomado o xarape não teria acontecido nada, estava declarado. Mas o tempo passou e depois recebi um email a informar que tinha dado positivo, quatro dias antes da final do Mundial! Foi horrível. Estive dois dias muito mal, tive febre, garantidamente as minhas defesas baixaram. Imaginem o que é festejar sabendo o que ia acontecer depois..."

Papu Gómez não informou os companheiros da seleção sobre o sucedido. "Parecia-me egoísta, não queria que se pensasse em outra coisa que não fosse na final. Muitas vezes pensava 'se um dia for campeão do mundo, não jogo mais'. Às vezes pedimos e a vida dá-nos... Passei a ser campeão do mundo e a não jogar mais."