Quaresma de regresso ao paraíso dos impostos

Traduzindo em números concretos: um ordenado bruto de 300 mil euros anuais corresponde a 135 mil euros líquidos em Portugal, mas na Turquia esse número sobe para 265 mil euros...

Quaresma de regresso ao paraíso dos impostos
Quaresma de regresso ao paraíso dos impostos

Ricardo Quaresma está a horas de ser jogador do Besiktas, da Turquia, e já deixou uma mensagem de despedida ao FC Porto nas redes sociais. Sem surpresas, o avançado português segue as pisadas de centenas de outros futebolistas europeus rumo ao país dos dois continentes que é um verdadeiro paraíso dos impostos.

Se não acredita, o que diria o leitor de Record de uma equipa formada desta forma:

Eduardo na baliza; Bosingwa, Bruno Alves, Fernando Meira e Sereno no quarteto defensivo; Raul Meireles, Manuel Fernandes e Simão no meio-campo; Quaresma, Hugo Almeida e Nani como avançados.

Na verdade, esta bem podia ser a seleção de jogadores portugueses que jogam, já jogaram ou vão ainda jogar na primeira liga da Turquia. São onze internacionais que já vestiram ou vestem a camisola da Seleção Nacional e que, como tantas centenas de outros futebolistas profissionais, têm correspondido ao apelo financeiro do futebol da Turquia.

O segredo dessa atração não estará tanto no que representa jogar em clubes como o Fenerbahçe, Galatasaray, Trabzonspor ou o mais modesto Istanbul BB, mas na grande diferença de impostos que se pagam na Turquia e na maioria dos países dos grandes campeonatos.

O antigo internacional turco Hamit Altintop pode servir de bom exemplo para perceber essa opção. Na temporada 2011/12 estava no Real Madrid e pagou cerca de 4 milhões de euros de impostos. Na época seguinte foi contratado pelo Galatasaray por um valor inferior (2,9 milhões de euros/ano mais 20 mil euros por cada jogo disputado), mas passou a pagar apenas 525 mil euros anuais de impostos. Como a verba de prémio por cada jogo disputado não entra nos impostos, só dessa forma Altintop arrecadou 1,6 milhões de euros em três épocas.

A grande diferença do regime tributário entre a Turquia e a quase totalidade dos países europeus tem sido o principal argumento para levar para lá jogadores como aqueles onze portugueses acima referidos. Na Turquia, os jogadores de futebol descontam apenas 15% do ordenado (os prémios especiais são isentos), em contraste com o que se passa noutros países.

Em Portugal, o pagamento de impostos é de acordo com as tabelas de qualquer trabalhador por conta de outrem e poderá ir até aos 45% do ordenado (o que acontece à grande maioria dos futebolistas). Em Inglaterra a taxa é de 50%, na Alemanha, Espanha e Itália aplicam-se os mesmos 45% que em Portugal. Em França a taxa de impostos é de 40% e na Holanda, por exemplo, de 30%.

Traduzindo em números concretos: um ordenado bruto de 300 mil euros anuais corresponde a 135 mil euros líquidos em Portugal, mas na Turquia esse número sobe para 265 mil euros.

Em Portugal, o ano de 2004 marcou o fim do regime especial tributário que se aplicava aos profissionais de futebol, que até então descontavam 25% do ordenado. Em Espanha, esse regime especial prolongou-se até 2012 mas agora os futebolistas também estão no escalão mais alto dos impostos.

Estas nuances ajudam a perceber, por exemplo, os avanços e recuos no caso Iker Casillas rumo ao FC Porto, ou regresso de Ricardo Quaresma ao Besiktas… da Turquia.

Deixe o seu comentário
Newsletters RecordReceba gratuitamente no seu email a Newsletter Geral ver exemplo
Ultimas de Internacional
Notícias
Notícias Mais Vistas