Craque já não é argentino: para a comunidade latina e hispânica é rei do continente
Messi é uma estrela de alcance planetário que rivalizou com Cristiano Ronaldo na guerra pelo trono de maior do mundo. Juntos marcaram uma era do desporto-rei. Pegaram na bola e dividiram-na ao meio, à boa maneira de Tordesilhas. Mas se o selo de maior ou de GOAT (Greatest Of All Time) é sempre matéria de discussão acesa, a mudança recente do atacante argentino para o Inter Miami veio provar em definitivo que, pelo menos em matéria continental, CR7 está seriamente a perder para o esquerdino. Em todas as Américas, Messi é mais e mais venerado, ou não estivesse agora a viver e jogar em Miami. Ali, nas ruas de sons latinos, pelos estabelecimentos com sabores e aromas caribenhos, a frase tornou-se um lema: "Somos todos Messi!" Passamos a explicar.
Miami pode não ser a capital da Florida (esse estatuto pertence a Tallahassee), mas é a 'capital da América Latina'. Tem, sensivelmente, meio milhão de habitantes, dos quais mais de 70% são de origem latina ou hispânica. A forte influência desta vasta comunidade é parte indissociável do tecido da cidade conhecida pela costa inebriante e pelos edifícios de 'art-deco'. É, sem dúvida, a mais famosa metrópole de um estado comprado à Espanha em 1819, o qual, mais de 200 anos depois, tem um traço que a distingue dos outros estados da união norte-americana: ali, manda o futebol. O americano e o... 'soccer'.
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Nem o beisebol nem mesmo o sucesso dos Miami Heat na NBA ofusca a ascensão do Inter Miami ou as vitórias do Orlando City. Mais antiga é a tradição do 'football', refletida nos Miami Dolphins, Jacksonville Jaguars e Tampa Bay Buccaneers.
Mas os corações latino-americanos batem mais forte pelo jogo-bonito e por Messi. No documentário 'Messi nos Estados Unidos', da Apple TV+, a comunidade mostra-se profundamente galvanizada e eletrizada pela chegada do craque, para cuja camisola não há oferta para tanta procura. E a sede por bilhetes é tamanha que já foram construídos mais 3 mil lugares no DRV PNK Stadium.
Messi é mais do que um argentino
Para a esmagadora maioria da população local, Messi não é mais argentino. É, antes de tudo, um símbolo do sucesso da cultura latino-americana, orgulhosa das cicatrizes de um passado feito de sacrifícios, de trabalho duro. Particularmente para a comunidade que se viu forçada a emigrar para os Estados Unidos em busca de um futuro melhor. Cubanos, porto-riquenhos, venezuelanos, colombianos - haitianos até - convergem na adoração ao astro esquerdino.
Cansada da imagem de criminalidade que lhe foi associada, a camada hispânica que domina a região continua em busca de boas referências. Tudo resultado da má imagem no exterior que lhe foi trazida pelos anos 1970/80. Miami passou pela infâmia de ser porto de abrigo de uma rede de tráfico de cocaína que espalhou vício e violência nas ruas. Ao tempo, a rodagem de 'Scarface', o famoso 'remake' realizado por Brian De Palma em 1983, teve de ser terminada em Los Angeles depois da hostilidade da população latina de Miami tornar-se insuportável. A própria popularíssima série 'Miami Vice' não ajudou à festa e os danos reputacionais continuaram. Até aqui, no plano cultural, Lionel Messi está a significar a salvação.
"Para nós, Messi é uma forma de nos sentirmos mais perto de casa, da nossa terra de origem", confessa uma empregada de um restaurante à reportagem do documentário. Mais ainda: para aqueles que já nasceram nos Estados Unidos e são parte de gerações mais avançadas, ver Messi jogar é entrar em contacto com as raízes. É uma descoberta do passado.
Nas ruas de Miami, o argentino que anda a ser coroado Rei das Américas já faz parte da iconografia local. Os murais com imagens do craque são mais e mais comuns. A lua de mel está instalada desde que a 17 de julho passado Messi foi anunciado como jogador da equipa rosa. E continua...
O efeito Messi contagia e une as Américas. Desde o Ártico até ao Cabo Horn. Do Norte, do Centro e do Sul. Leo é o rei!
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