Aos 37 anos, e depois de uma carreira de futebolista por vários países, continua o seu trajeto na Baviera, onde já é técnico de uma equipa sénior. E fala de Roger Schmidt, que "irá fazer muito bem ao Benfica"
Gustavo Ribeiro conhece como poucos a realidade futebolística na Alemanha. Depois de terminar a carreira em 2016, dedicou-se à função de treinador, quase sempre nesta região da Europa. Aos 37 anos, e depois de várias temporadas como técnico na formação de várias clubes da Baviera, aventurou-se numa equipa sénior, o VFB Bach, com saldo que considera bastante positivo até ao momento. Isto depois de um trajeto de sucesso nos sub-19 do TSV Kareth-Lappersdorf – 64 vitórias e apenas 5 derrotas em 72 jogos.
"Fiquei três anos no TSV mas saí no final da época. Treinar seniores era algo que já estava planeado desde a época passada mas acabou por ser antecipado. Foram três épocas boas lá, onde subi outras tantas vezes de divisão. Desde 2018/19, levei o TSV até ao 4.º lugar da Segunda Bundesliga de sub-19. A partir do inverno peguei numa equipa sénior, de forma a conhecê-la melhor", começou por dizer Guti a Record, depois de terminar em 3.º lugar na Bezirksliga Süd, à beira da promoção.
"Estamos a falar de uma sexta divisão nacional, sendo que a partir da quarta [Regionalliga Bayern, que antecede a Bundesliga 3, a primeira liga já totalmente nacional] é considerado profissional. Estivemos quase a subir à quinta divisão agora, mas perdemos em casa no último jogo", lamentou, fazendo o paralelismo desta prova com a realidade portuguesa: "Vejo diferenças nos orçamentos mas não na qualidade. Na qualidade assemelha-se a um Campeonato de Portugal. Não temos estrangeiros aqui na equipa, temos sim muitos jovens que vêm do Regensburg, onde não são aproveitados. Depois quem joga bem na Landesliga [terceiro escalão da Baviera, sexto nacional] acaba por ser promovido."
Reforços que podem vir… de Portugal
Enquanto jogador, Guti Ribeiro foi um autêntico trota-mundos – além, obviamente, de Portugal, passou por Espanha, Grécia, Indonésia, Malta, Chipre, Finlândia, Alemanha e Áustria, onde terminou a carreira. Experiência que lhe permite avaliar com rigor as condições que tem atualmente ao seu dispor.
"Temos um sintético, três campos relvados, todos com luzes LED, permitindo-nos treinar à noite, restaurante, etc", descreveu o técnico do VFB Bach, cube que conta apenas com jogadores alemães, embora tal possa mudar brevemente. "Para se poder contratar um estrangeiro, ele tem de estar aqui há uns anos. A Federação quis proteger o jogador alemão mas está a ponderar um limite de dois estrangeiros. O treinador falou comigo e ando a pesquisar jogadores portugueses que possam estar interessados", contou Guti, explicando que tipo de condições existem para quem vem de fora, numa realidade não-profissional: "Se o jogador estrangeiro estiver insatisfeito no seu trabalho, podem ajudá-lo a arranjar outro e ainda pagam a habitação. No que toca a ordenados, falamos de 500 euros/mês, mais os prémios de jogo: 50 euros/jogo, sendo que fazemos cinco partidas por mês."
Curso de treinador e o futuro
Como bom português, o seu país está sempre presente no coração. Mas Guti admite que o futuro, pelo menos a breve trecho, dificilmente passará por um regresso a Portugal, apesar de já ter recebido um convite.
"Ligaram-me a semana passada sobre a hipótese de assumir um clube da Liga 3 mas quando falámos em dinheiro, eu já estaria a perder 10 vezes. Seria bom porque estaria mais perto dos meus pais, por exemplo, mas também tenho de pensar na minha família aqui. As minhas filhas frequentam a escola cá e quero que assim continue. Em termos salariais é uma diferença grande", vincou o técnico, compreendo que as realidades financeiras dos dois países são muito díspares. "Para regressar talvez num projeto de Segunda Liga, mesmo como adjunto. Na Liga 3 acaba por haver poucos clubes com capacidade para suportar esse tipo de salários", lembrou, apontando assim o foco ao percurso na Alemanha: "Estou num bom clube e quero chegar à segunda Bundesliga como treinador vindo da formação."
Enquanto faz o seu trajeto, Guti aposta também no enriquecimento profissional, estando por isso a tirar a licença A da UEFA, a segunda mais elevada e que permite, por exemplo, orientar equipas ‘bês’ ou clubes na segunda divisão. Tentou fazê-lo em Portugal mas a opção recaiu depois na Irlanda, à semelhança de muitos compatriotas: "Contactei a FPF durante meses sem qualquer resposta, pois queria fazer em Portugal por ser mais barato e por ser português. Acabei por fazer na Irlanda, é mais barato como em Portugal e não têm um limite tão restrito de vagas. O César Peixoto, o Tiago, o Tozé Marreco ou o Ricardo Carvalho tiraram aqui."
Conhecedor do perfil de Roger Schmidt
O Benfica optou por Roger Schmidt, um treinador da escola alemã que Guti Ribeiro bem conhece e a quem compara com outro timoneiro, este bem conhecido da realidade encarnada. Nem mais, nem menos, do que Jorge Jesus, que também confessa apreciar.
"Schmidt é muito bom treinador, qualquer técnico alemão o é. Aposta na agressividade e na pressão. Vai fazer um bom trabalho, tem experiência de Bundesliga e nos treinos, do que já vi, é sempre a andar. Tem carácter e presença. Comparo-o com Jorge Jesus, do qual gosto muito, mas sem gritar tanto. Vai fazer muito bem ao Benfica", garantiu, revelando que recebeu um contacto de um empresário sobre a possibilidade de acompanhar Schmidt na Luz como tradutor: "Teria sido muito bom mas acabou por não concretizar-se".
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