Vítor Pereira já orientou o treino de ontem do Flamengo, mas só foi apresentado 'oficialmente' aos adeptos esta tarde. Marcos Braz, vice-presidente para o futebol do Flamengo, sublinhou a dificuldade de levar o treinador português, ex-Corinthians, para o clube.
"Desde o 1.º momento entendeu as nossas expectativas. Não foi fácil convencê-lo a vir, mas o que importa é a grandeza dele. Foi campeão em Portugal, na Grécia... Boa sorte e estou muito feliz por estar aqui contigo", afirmou.
Com a promessa de "trabalhar forte", o treinador português disse estar orgulhoso pelo convite, esperando um ano "de grande futebol". E quebrou finalmente o silêncio sobre a sua polémica saída do Corinthians.
"Estive calado este tempo todo, muito se disse, muitas críticas... Esta é a verdade porque só eu conheço a verdade. O que aconteceu foi isto. A minha vinda para o Brasil há um ano acontece de uma forma... Não estava na minha perspetiva vir para cá, surgiu o convite e eu e a minha equipa técnica decidimos vir para o Brasil, perceber a realidade daqui, a qualidade do futebol; e assinámos um ano, não 2 nem 3, foi um. Foi cumprido na íntegra com a responsabilidade, sofrimento, muitas noites sem dormir, dando tudo de mim como dei sempre. Nunca me passou pela cabeça ficar; e isso foi sempre transmitindo ao clube, acabaria o contrato e ia para casa porque infelizmente a minha família lida com uma situação séria. Pela situação de desgaste que essa situação de saúde provoca, decidi ir e fui sempre honesto com todos no clube. Prova disso é que dois dias antes o clube pediu-me para fazer uma declaração para os adeptos de que o grande motivo para ir embora era familiar e eu fiz essa declaração. Não houve mentira nenhuma. Isto é a verdade", afirmou.
E prosseguiu: "Depois disto, e já depois do campeonato ter acabado, surge o Flamengo - nunca me tinha passado pela cabeça ficar no Brasil -, surge a conversa, e fiquei a pensar. Com um plantel de qualidade que permite lutar pelos títulos não há nenhum treinador do Mundo que não fique a pensar. E foi o que fiz, sabendo que tinha o problema em casa para resolver. Com quem tenho de falar? Com a família. Se a minha família entendeu que sim, que podemos lidar com a situação de saúde que temos em casa mas que o desafio profissional era importante para a minha carreira a partir daí tive de tomar uma decisão. Tenho o direito de decidir a vida por mim, se fiquei a dever alguma coisa foi à minha esposa. Dei tudo de mim. O meu staff não conseguiu acompanhar, não conseguiram resolver. Agradecer como fui tratado, retribuir, não fiquei a dever nada a niguem, só à minha família. Só se fosse maluco é que não pensaria no que este projeto oferecia".
Após esta resposta, a uma pergunta feita por jornalista da Fla Tv, uma outra repórter tentou questionar treinador com mais uma pergunta sobre o assunto, a qual foi ignorada e o microfone foi passado a outra jornalista.
Confrontado com as comparações com Jorge Jesus, que também já orientou o Flamengo, Vítor Pereira atirou: "Curioso que agora estou eu no Flamengo e ele na Turquia... Tivemos uma relação um bocadinho para o chispado - eu no FC Porto, ele no Benfica - durante dois anos, mas depois disso, acabámos por desenvolver uma certa amizade. Ele é um bocadinho como eu, com toda a emotividade junto da linha de jogo".
Questionado sobre o facto de a Avenida Radial Oeste, que circunda o Maracanã, passar a chamar-se Avenida Pelé, Vítor Pereira enalteceu o legado do 'Rei' e encarou essa decisão de forma normal. "É provavelmente o melhor de todos os tempos. A memória do Pelé vai se eternizar. Daqui a muitas gerações vai falar-se dele sempre que se falar de futebol. Que Deus acolha a sua alma e lhe dê descanso, que esta vida não é fácil. Os meus sentimentos à família. É claro que o mundo do futebol ficou mais pobre, mas [ele] estará com certeza a ver bom futebol jogado dentro das 4 linhas. Jogadores da dimensão de Pelé são eternos", frisou.
Já depois de Vitor Pereira terminar a conferência de imprensa, Marcos Braz e Bruno Spindel responderam a algumas perguntas dos jornalistas. O vice-presidente para o futebol do clube brasileiro garantiu, nessa altura, que "o Flamengo foi correto" e "nunca mencionou o nome de Vítor Pereira" enquanto o técnico português orientava o Corinthians.