Palmeiras de Abel Ferreira dá aula no Monumental e derrota River Plate

Triunfo por 2-1 não apaga, porém, esperança dos argentinos em dar a volta na 2.ª mão

Vítor Roque, do Palmeiras, e Paulo Diaz, do River Plate, em ação
Vítor Roque, do Palmeiras, e Paulo Diaz, do River Plate, em ação • Foto: AP

O Palmeiras de Abel Ferreira deu uma aula ao River Plate de Marcelo Gallardo no próprio estádio Más Monumental, na Argentina, mas deixou o rival com vida: venceu por 2-1, com golos de Gustavo Gómez, aos 5 minutos, e Vítor Roque, aos 40', ficando muito perto das meias-finais da Taça Libertadores.

Frente a 85 mil adeptos, a equipa paulista foi muito superior ao elenco local, num jogo com história e velhos conhecidos. Mestre e aluno defrontaram-se mais uma vez depois daquela semifinal da edição de 2020, em que o Palmeiras venceu fora por 3-0 em Avellaneda e depois sofreu em casa, no Allianz Parque, com um 0-2 que quase se transformava num 0-3, não fosse o golo de Gonzalo Montiel anulado por fora de jogo prévio de Rafael Borré.

No final daquele jogo, Abel Ferreira abraçou Gallardo e disse-lhe que ia conquistar a Libertadores e dedicar-lha. "Ganhem a final", respondeu o Muñeco. Mais tarde, o treinador português confessou numa entrevista que tinha lido o livro 'El pizarrón de Gallardo: así armó un River ganador', do jornalista do 'La Nación', Christian Leblebidjian: "Não sabes, mas quando fomos jogar contra o River Plate, comprámos o livro — eu e a equipa técnica — para o lermos do início ao fim, para que nada nos faltasse. Enquanto estudava, estava a aprender."

Depois daquela eliminação do aluno ao professor - vencedor de duas Libertadores -, o Palmeiras conquistaria esse troféu mais duas vezes sob o comando de Abel, e só agora se voltaram a encontrar, em Buenos Aires, na luta por uma vaga nas meias-finais da edição de 2025. Na altura, em 2021, as forças eram equiparadas, mas nada teve a ver com o que se viu esta quarta-feira: o Palmeiras demonstrou estar noutro patamar, muito acima do River, e Abel Ferreira confirmou que hoje tem, juntamente com o Flamengo, a melhor equipa da América. E o aluno deu aula ao professor.

Marcelo Gallardo, que voltou ao River após oito anos gloriosos e 14 títulos conquistados, ainda procura devolver competitividade à equipa. Derrotado no ano passado pelo Atlético Mineiro, ficou em dívida, e, até agora, ainda não levantou nenhum troféu desde o seu regresso.

A Libertadores continua a ser a obsessão, colocando-se acima de todas as outras competições. Mas a verdade é que os 'millonarios' têm melhorado: lideram o Grupo B da Liga Profissional depois de vencerem o Estudiantes por 2-1 e continuam vivos na Taça da Argentina, onde vão defrontar o Racing Club nos quartos-de-final.

Gallardo optou por um 3x5x2 para o maior jogo da época, com dois campeões do mundo - Gonzalo Montiel e o ex-Sporting Marcos Acuña - e dois heróis da era dourada do River: o ex-Benfica Enzo Pérez e Nacho Fernández. Mas com 39 e 35 anos, respetivamente, ambos sofreram com o ritmo, a força e a qualidade da equipa de Abel, que apresentou um 4x2x3x1 onde brilhou o argentino José Manuel López, já convocado por Lionel Scaloni para a seleção principal.

A impotência dos mais de 80 mil adeptos do River, que prepararam uma receção arrepiante, contrastou com a festa de 2 mil brasileiros que chegaram de São Paulo. O que se previa equilibrado acabou por ser uma demonstração de superioridade do Palmeiras, que só sofreu nos minutos finais com o golo de Lucas Martínez Quarta, que fez o 1-2 e manteve a esperança viva.

Longe do brilho competitivo dos antigos River de Gallardo, a missão parece muito difícil para a segunda mão no Allianz Parque, na próxima quinta-feira. Tudo está em aberto, mas com Abel mais perto de continuar na competição.

Por Alejandro Panfil
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