Alisson lesionou-se na final da Taça Sul-Americana do ano passado e entrou numa espiral negativa
São cada vez mais os jogadores de futebol que admitem passar por problemas de saúde mental, muitas vezes mercê da pressão diária a que estão sujeitos. Alisson, médio brasileiro de 30 anos, que joga no São Paulo, contou num programa de televisão da ESPN que chegou a pensar no suicídio.
Tudo começou com uma lesão. "No jogo que perdemos na Taça Sul-Americana [com os equatorianos do Independiente Del Valle, em outubro de 2022] senti na primeira parte uma lesão na coxa. Só que era uma final e eu não queria sair... Acabámos por perder o título. Também não queria ficar fora do jogo seguinte, porque iam dizer 'ah, perdeu a final e agora está a esconder-se'. Não sou assim. Joguei contra o América-MG, ganhámos por 2-1 e eu até marquei um golo de cabeça."
Só que o problema na coxa agravou-se. "Durante os treinos fiz um movimento e senti uma dor muito forte no tendão. Acabei por ficar com duas lesões, na coxa e no tendão. Então, logo ali o ano acabou para mim. Os fisioterapeutas disseram 'Alisson, vão começar as férias, mas queremos que fiques mais uns dias em tratamento'."
Alisson já tinha comprado viagens para as férias e não quis ficar. Comprometeu-se a voltar em condições, mas quando a nova época começou, psicologicamente não estava bem. "Na pré-temporada houve um jogo particular. O Rogério Ceni [treinador] virou-se para mim e perguntou 'o que está a acontecer contigo?' Eu respondi que não era nada e quando o jogo acabou tomei um banho muito rápido, peguei nas minhas coisas e fui para casa."
O médio passava por uma depressão, mas não quis contar à família. Decidiu deixar de jogar futebol e chegou até a ter problemas de ansiedade. "Vi o meu filho a jogar futebol e tive uma crise de ansiedade muito forte, o meu coração começou a acelerar, comecei a ter falta de ar e a sufocar. Não conseguia ver nada de futebol. A minha mulher disse 'calma, vai ali para o canto'".
A mulher já tinha passado por uma depressão e percebeu o que estava a acontecer. Depois, Alisson foi contactado pela psicóloga do clube. "Ela disse 'olha, afasta-te e não vejas nada, tem calma'. Acalmei-me. Mas depois fui ver um jogo na televisão e não consegui. Entrei em desespero outra vez, começou tudo a acelerar. Só queria ficar trancado no quarto".
A mulher obrigou-o a procurar ajuda e o diagnóstico não tardou. "Os psiquiatras disseram que eu estava com um início de depressão, uma crise de ansiedade. Disseram 'calma que vamos ajudar'. Só que eu não via esperança nenhuma, sentia-me muito mal. Vivi a minha vida inteira com futebol, mas nem não conseguia ver o meu filho brincar... Foi muito difícil. Foram três ou quatro semanas, estive muito mal. Sem ver futebol, sem ver nada".
Depois de uma visita ao centro de treinos do São Paulo, onde voltou a ter uma crise de ansiedade, Alisson pensou no suicídio. "Disse para mim mesmo 'não estou a conseguir'. Nessa fase pensei em fazer alguma coisa, pensei no suicídio. Pensava bater com o carro. Depois houve um episódio... Liguei para um companheiro do clube a pedir ajuda porque queria suicidar-me."
"Três companheiros ajudaram-me. O Rafinha, o Luan e o Luciano. Luciano foi até o sítio que eu estava com o meu empresário e o Mayke, do Palmeiras. Eles foram até ao local onde eu estava e não me deixaram fazer o que estava a pensar. O Mayke, que é meu amigo desde os tempos do Cruzeiro, não me deixou conduzir de volta para casa", contou. "Quando chegámos estavam o Luciano à porta, com a mulher dele. O Mayke com a esposa, a minha mulher... todos sentados à porta da minha casa, porque estavam com medo que eu pegasse o carro. Quando ia para o treino sozinho pensava em bater o carro (de propósito)", continuou.
Aos poucos, com a ajuda da família e dos amigos, Alisson foi superando os problemas. No último domingo, quando venceu a Taça do Brasil, diante do Flamengo, o filho apareceu no relvado com um cartaz que dizia 'papai, vim ver-te, campeão' e o jogador não escondeu a emoção. "Eu começo a ver tudo, tudo o que passei. E a ver o que ia deixar para trás. Tenho uma família linda, estou com a minha mulher desde os 15 anos e o meu filho é um amigo, é tudo para mim."
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