As declarações de Paulo Futre a Record no domingo geraram uma enorme onda de estupefação em Espanha. Em causa estava a afirmação feita pelo antigo jogador português, que assegurou que Jesus Jil y Gil pediu ao plantel do At. Madrid para não vencer um encontro com o Espanyol, na época de 1990/91.

Ora, além de todos os grandes diários e meios de comunicação espanhóis terem feito eco das declarações do português, também foram à procura de reações. Jogadores dos dois lados, que negaram de forma veemente aquilo que Futre disse a Record.

"A história soa-me a invenção. Duvido que Gil nos tivesse proposto uma coisa destas. Só me lembro de que íamos receber um prémio em caso de vitória contra o Espanyol", referiu Roberto Solozábal, antigo jogador do At. Madrid. Uma versão também seguida por Alfredo Santaelena. "Nunca na minha vida ia jogar para perder. Não me recordo de nada disto, mas Gil nunca iria entrar no balneário a pedir para perdermos. Entrava muitas vezes, mas não para isso".

Do lado dos colchoneros há quem não se lembre bem do jogo, mas que assegure ter a certeza de que nunca perderiam um jogo de forma propositada... "Não me lembro desse jogo em concreto, mas posso assegurar que nunca na minha vida desportiva alguém me veio dizer, ou sequer insinuar, que não podia ganhar um jogo", referiu Manolo Alfaro.

Quanto a Patxi Ferreira, limitou-se a atribuir a derrota ao bom desempenho contrário. "Perdemos esse jogo porque Escaich marcou dois grandes golos. Ia lembrar-me se o presidente nos pedisse algo tão grave. O jogo não contava nada para nós e Aragonés estava a chegar, mas daí a dizer que perdemos de propósito..."

Vencedores em choque

O sentimento de surpresa não se fica pelo lado do At. Madrid. Também houve reações do Espanyol, todas na mesma linha.

"Estou a alucinar. É uma surpresa absoluta ouvir isto. Não sei por que é que surge neste momento. Se Futre quer publicidade, que diga outras coisas. Era uma final para não descermos de divisão e fizemos um grande jogo", referiu Eloy Pérez.

Já Álex García realça o carácter de Luis Aragonés para considerar tal cenário... impossível. "Não tive a sensação de que correram menos nem de que tentaram perder. Uma vez que conheci bem Luis Aragonés, sei que ele nunca faria algo assim. É impossível ter acontecido".

Julio Pardo levou a história mais a brincar: "Depois de 20 anos, acreditam que ninguém teria quebrado o silêncio se isso fosse verdade? Só posso rir perante isto"...