Sócio colocou o clube em tribunal por omitir 38 milhões de euros na contratação do brasileiro ao Santos...
Sandro Rosell tem vivido constantemente de braço dado com as polémicas desde que ascendeu ao posto de presidente do Barcelona. A mais recente, relacionada com os contornos duvidosos da contratação de Neymar, parece ter feito perder a paciência dos adeptos e do próprio presidente que esta quinta-feira bateu com a porta da saída.
O presidente do Barcelona terá alegadamente omitido 38 milhões de euros no negócio da contratação do avançado brasileiro ao Santos, um valor correspondente a três comissões milionárias destinadas à família de Neymar. Recorde-se que o valor tornado público pelo Barcelona para a contratação de Neymar foi de 57 milhões de euros, muito longe dos 95 que o clube alegadamente terá pago.
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A ação interposta por um sócio do clube deu entrada no Tribunal Superior de Justiça e foi aceite na quarta-feira, tendo como fundamentação o facto de os contratos assinados não corresponderem ao anunciado pelos clubes, pelo que se pode estar perante documentos simulados.
O presidente mantém a palavra em relação ao valor da transferência, mas adeptos e ex-dirigentes do Barcelona há muito parecem ter perdido a paciência com Rosell.
Qatar Airways no topo das polémicas que o perseguem
A controvérsia em torno de Neymar está no entanto longe de ser a única de Sandro Rosell desde que assumiu o comando da direção culé. O chamado "Plano Neoliberal" que insistiu em implementar num clube com tradições tão vincadas foi igualmente muito criticado, criando vários episódios delicados para a gestão do presidente.
A progressão desta filosofia de gestão desde que assumiu o cargo a 1 de julho de 2010, levou a que a imaculada camisola do Barça passasse a ostentar publicidade, depois de um processo "suave" que fugiu ao escrutínio dos tais sócios ferrenhos.
Assustados por a administração liderada por Rosell ter estabelecido um acordo de patrocínio com a Qatar Sports Investment (dona do Paris Saint-Germain e um braço da poderosa Qatar Investment Authority), em dezembro de 2010, menos de seis meses após entrar em funções, um grupo de 6 mil sócios exigiu uma assembleia geral extraordinária para debater o delicado tema.
A 25 de setembro de 2011, a maioria acabou convencida de que o dinheiro - 166 milhões de euros por cinco anos, a contar a partir de 2011/12 - era necessário para manter um plantel de eleição, liderado por Lionel Messi. De resto, ter o nome da Qatar Foundation na camisola até nem era desprestigiante, face à natureza da instituição.
O pior foi que "Foundation" acabou substituído por "Airways", formando o nome da companhia aérea daquele endinheirado emirado do Golfo Pérsico, a 16 de dezembro de 2012.
Rosell sabia que teria oposição dura a esta medida e também em reação à sua ligação ao site "Viagogo" de venda de bilhetes para espetáculos, entre os quais jogos do Barça em casa, provenientes do sistema "liberta o teu lugar" ("seient lliure"), por preços elevados.
Por isso, só alguns estranharam o que aconteceu ao grupo que pretendeu apresentar uma moção de censura em outubro, julgando que conseguiria os seus intentos com a recolha de 5 por cento de assinaturas entre o universo de 170 mil sócios - a saída de Rosell foi justificar que os estatutos do clube estão sujeitos à legislação da Catalunha, que nestes casos exige 15 por cento de representação.
Mas a oposição não deu tréguas neste capítulo do patrocínio das camisolas, como de igual modo na altura do referendo para decidir entre a construção de um novo estádio ou a renovação do atual, do qual irá surgir a questão dos "naming rights".
O Barcelona ganha, mas Rosell tardou em garantir a confiança de sócios e adeptos. O presidente do clube catalão, homem de negócios que mantém viva a ligação à Nike, onde foi diretor-geral de marketing para a América Latina - geriu o contrato de patrocínio com a federação brasileira -, é perseguido pelo passado.
Precisamente pelas ligações à América Latina, sobretudo ao Brasil e à Argentina, mais concretamente aos ex-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e da Asociación del Fútbol Argentino (AFA), Julio Grondona.
Com Teixeira pesa-lhe que o liguem à parte obscura da organização do Brasil-Portugal que serviu de inauguração do estádio de Brasília, a 19 de novembro de 2008 (6-2 para os brasileiros), que recorreu a fundos públicos, e a uma sociedade detida por qataris, criada para gerir todos os jogos particulares da seleção brasileira até 2022.
O mesmo aconteceu com a seleção argentina, num projeto que teve como interlocutor Grondona. O "France Football" fala de teia de influências para caraterizar o envolvimento do influente ex-presidente da AFA na atribuição do Mundial'2022 ao Qatar, no qual "Espanha foi uma placa giratória". A publicação francesa lembra aqui as ligações de Rosell ao marketing desportivo e ao Qatar. As revelações feitas pelas publicações "Estado de São Paulo" e "France Football" foram desmentidas por Rosell, que falou em "segundos interesses".
Palmarés invejável
Desportivamente, os três anos e meio de Sandro Rosell como presidente da nação culé foram um verdadeiro sucesso. Mesmo herdando uma estrutura, plantel e equipas técnicas vencedoras, são impressionantes os 9 títulos ganhos pelo Barcelona desde que assumiu a presidência, em julho de 2010.
Títulos do mandato de Rosell:
- 2 Ligas Espanholas (2010-11 e 2012-13)
- 1 Taça do Rei (2011-12)
- 3 Supertaças de Espanha (2010, 2011 e 2013)
- 1 Liga dos Campeões (2010-11)
- 1 Supertaça Europeia (2011)
- 1 Mundial de Clubes (2011)
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