A discussão sobre a necessidade do Real Madrid de contratar um guarda-redes passou de mero capricho de José Mourinho a imperativo, numa altura em que mercado de transferências entra nos últimos dias - encerra a 31 de janeiro, o que deixa uma semana de espaço de manobra.

Assim, é sob pessão que os merengues partem para a contratação de um reforço para a baliza, na sequência da lesão de Iker Casillas (mão esquerda), contraída no encontro da segunda mão dos quartos-de-final da Taça do Rei, frente ao Valencia. O preço a pagar pelo apuramento será, assim, sempre demasiado alto.

Casillas, o melhor guarda-redes da história do Real Madrid e da seleção de Espanha, bicampeã da Europa e campeã do Mundo, poderá ficar mais de dois meses sem competir, com o azar a surgir depois de uma fase em que Mourinho o tinha preterido face a Antonio Adán, questionando a sua forma física.

Agora, o Real Madrid fica reduzido a dois guarda-redes, Adán e Jesús Fernández, numa altura da temporada em que dois "keepers" são pouco, sobretudo tendo em conta o objetivo de conquistar a Liga dos Campeões.

Por isso, também não poderá ser contratado um guarda-redes qualquer. Neste contexto, de urgência e necessidade de escolher bem, Mourinho não deverá optar por nenhum dos nomes que foram avançados desde que começou a especular-se sobre um substituto para Casillas.

Mais do que um sucessor do internacional espanhol de 31 anos, o técnico merengue precisa de experiência internacional e, até, de um homem de confiança.

E assim se chega a Júlio César [na foto proncipal], brasileiro de 33 anos, que o técnico português conhece bem, dos tempos do Inter Milão.

Júlio César transferiu-se no verão para o Queens Park Rangers (QPR), clube que está na disposição de o negociar, pois pretende baixar o valor da folha salarial.

O QPR está, assim, na mesma situação do Real Madrid no que toca a urgência, embora exista uma vantagem que diz respeito à concorrência que fazem Manchester United e Arsenal, também atrás de um guarda-redes devido a problemas com os titulares.

Novos mas bons

Os relatos em Espanha dão conta de que Mourinho prefere um guarda-redes experiente, mas isso não significa que Júlio César seja defintivamente o alvo.

Em condições normais, Roberto, do Saragoça, seria a opção de Mourinho, que não se deixou impressionar pela má temporada do espanhol ao serviço do Benfica. Treinador e guarda-redes partilham o mesmo agente: Jorge Mendes.

A opção pelo mercado espanhol é válida e nos clubes da liga, Vicente Guaita, que perdeu espaço para Diego Alves no Valencia, surge também em destaque, até porque o clube, um pouco à semelhança do QPR, necessita de dinheiro.

Num outro patamar, até porque é titular no Osasuna, Andrés Fernández, será aquele que junta perspetiva de futuro, qualidade e garantia de integração imediata, apesar da falta de experiência internacional.

Casillas, o mãos de ouro

Em 2007, o Mundo foi surpreendido com uma notícia fora do normal relacionada com futebol: Iker Casillas fez um seguro para as mãos nos valor de 7,5 milhões de euros, seguindo os passos de David Beckham, que segurara as pernas em 120 milhões de euros no ano anterior, quando também estava ao serviço dos merengues.

O seguro não será acionado nesta altura em Casillas é forçado a parar devido à lesão na mão esquerda, que "apenas" o afastará da competição por um par de meses, a julgar pelo pior dos cenários revelados pela comunicação social espanhola.

O guarda-redes do Real Madrid, recorde-se, sofreu uma fratura no metacarpo da mão esquerda, na terça-feira, frente ao Valencia, depois de ter sido atingido por um pontapé do seu companheiro Álvaro Arbeloa, aos 17 minutos.