Defesas "King-Kongs", jogadores "sujos" e "extremistas": os depoimentos que comprometem Galtier

'L'Équipe' revela o que futebolistas e funcionários do Nice contaram às autoridades sobre o treinador, acusado de assédio moral e discriminação

• Foto: Reuters

O jornal francês 'L'Équipe' revela esta terça-feira alguns dos depoimentos prestados por jogadores, treinadores e funcionários do Nice visando Christophe Galtier, que treinou a equipa na temporada de 2021/22 e que a partir do próximo dia 15 começa a ser julgado por "assédio moral e discriminação com base na pertença ou não pertença, verdadeira ou suposta, a um grupo étnico, a uma nação, uma suposta raça ou uma religião específica", depois de alegadamente ter proferido comentários racistas no período em que esteve no clube.

Frédéric Gioria, que foi adjunto de Galtier, contou que o agora treinador do Al-Duhail, do Qatar, teria descrito os argelinos Youcef Atal e Hicham Boudaoui como "tipos sujos". Segundo mesmo responsável, Galtier terá mesmo acrescentado "os piores são os argelinos".

Gloria relatou também às autoridades que o treinador não escondeu o aborrecimento ao saber que o clube tinha contratado Billal Brahimi, nascido em França mas internacional pela Argélia. "Outro muçulmano, não quero isso, já chega", terá dito.

O 'L'Équipe' adianta, ainda segundo os mesmos depoimentos, que Galtier perdeu as estribeiras aquando do Ramadão e a quebra, ou não, do jejum. Em março de 2022 o treinador terá elaborado uma lista com jogadores que queria ver fora do clube, neste caso Atal, Boudaoui, Todibo, todos muçulmanos.

Julien Fournier, diretor desportivo do Nice, contou que sugeriu a contratação de um jogador turco, mas que Galtier recusou, frisando: "Julien, ainda não entendeste. Não quero mais negros nem árabes", contou de Fournier.

Jean-Clair Todibo, ex-jogador do Benfica, também foi interrogado pela polícia e relatou ter sido pressionado por pelo treinador para quebrar o jejum no Ramadão. Contou também que uma terceira pessoa lhe disse que Galtier o teria descrito como salafista e extremista porque um dia vestiu roupas "tradicionais" quando chegou ao centro de treinos.

Já Hachim Ali Mbaé, analista de vídeo do Nice, assegura ter ouvido Galtier descrever os dois defensas do Saint-Étienne, Harold Moukoudi e Mickaël Nadé, como dois "King Kongs".

O treinador nega veementemente todas estas acusações e os advogados garantem que "a sua carreira profissional e a sua reputação testemunham a personalidade impecável".

Recorde-se que Galtier, de 57 anos, acabou por deixar o Nice no verão de 2022, tendo rumado ao PSG, onde esteve apenas uma época. Em outubro deste ano foi anunciado como novo treinador do Al-Duhail, no Qatar, substituindo Hernán Crespo no cargo.

Por Isabel Dantas
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