Yves Bissouma, internacional maliano do Tottenham, foi recentemente 'apanhado' a inalar óxido nitroso - comummente conhecido por 'droga do riso' - e este domingo concedeu uma entrevista ao 'The Sun', onde, para além de pedir desculpa aos adeptos dos Spurs e ao clube, procurou justificar o seu comportamento com os mais recentes eventos que se passaram na sua vida privada, nomeadamente o assalto de que foi vítima.
"Peço desculpa. Este incidente [o assalto] partiu algo em mim que eu nem sabia que se podia partir. Peço desculpa aos adeptos. O trauma instalou-se na minha vida", começou por dizer o futebolista de 29 anos, que está atualmente suspenso pelo clube depois de as imagens terem sido divulgadas pela imprensa desportiva britânica.
Yves Bissouma revela que, mais do que ele mesmo, foi a sua família que sofreu com todo este incidente. "Sinto-me muito mal com tudo isto. Tenho de pedir desculpa. Quando a fotografia saiu, afetou-me a mim e a toda a gente, especialmente à minha família. Quando o meu pai viu, entrou em pânico porque não se sentiu bem. Tentei fazê-lo compreender que é uma imagem dura, mas não é quem eu sou. Sei que não é bom para mim, para a minha imagem, porque sou um jogador de futebol profissional", assumiu.
De acordo com as informações avançadas pela imprensa britânica, o assalto terá custado a Yves Bissouma cerca de um milhão de libras (cerca de 1.1 milhões de euros à conversão atual) e um sentimento que o próprio jogador não consegue disfarçar.
"Sou uma pessoa forte. Sou um homem africano mental e fisicamente forte. Já enfrentei batalhas e tempestades, mas estes incidentes... partiram algo em mim que eu nem sabia que se podia partir. Perguntei a mim mesmo 'porquê eu?', mais vezes do que consigo contar. Odeio sentir-me uma vítima, mas o que perdi não foi apenas material. Foi o que o trauma acrescentou à minha vida - o medo, o pânico, a depressão, a paranoia, noites sem dormir e uma perda constante de confiança. Não quero falar mais sobre isso [o balão] porque acabou. Mas, aos adeptos, peço muita desculpa", disse.
Apesar de ser reincidente - em agosto do último ano também foi suspenso por usar a 'droga do riso' -, Yves Bissouma afirma que a sequência de assaltos de que já foi alvo levaram-no a ter problemas de saúde mental.
"A minha saúde mental tem estado má. Não é uma desculpa para o que aconteceu, mas espero que as pessoas possam talvez compreender-me um pouco melhor por causa disto. Às vezes, tinha medo de dormir em casa e, por isso, dormia no centro de treinos. Durante uns três, quatro, às vezes cinco dias, dormia lá porque não queria estar em casa. Até falar sobre isto é difícil. Todas estas coisas estavam a passar-me pela cabeça, a preocupação com o meu pai que não está bem, e às vezes penso que, como ser humano, é um pouco difícil", revelou, acrescentando: "Tentas manter-te forte. Tentava mostrar amor, mas o meu interior estava a arder. Falei com um terapeuta de saúde mental, às vezes até cinco vezes por semana. É depressão, sim. Estava a chorar para morrer? Não. Às vezes na vida sentes-te um pouco em baixo, mas tens de tentar refrescar a mente e manter-te forte."
Fora das opções de Thomas Frank, Yves Bissouma foca-se agora em tentar recuperar para rapidamente ser opção no Tottenham.
"Tudo o que faço é pela minha família. Só tento mantê-los seguros. Não quero que vejam abusos [nas redes sociais], relaxo a jogar computador, a brincar com o meu filho e a passar tempo com a minha família. Eles incutiram-me a religião e sim, rezo a Deus. Rezo muito. Sou uma pessoa espiritual, e isso vem da minha família. Agora quero é seguir em frente após os meus erros. Gosto de jogar no Tottenham. Só estou a pensar em ficar em forma novamente e tentar desfrutar do futebol", terminou.
Por Sérgio Magalhães